Paulo Laureano Estar vivo é uma condição precária com um péssimo prognóstico...

Este nosso Portugal


No Facebook esta semana escrevi em comentários a posts de amigos algumas coisas. Não quero deixar de passar para aqui algumas das ideias centrais…


Futebol e politicos



Um amigo meu colocou na sua “wall” esta imagem:

Pasted Graphic

A que eu respondi que tal não é nem possível nem expectável. Ninguém pede excelência a pessoas que sabemos que são medíocres, como é o caso da esmagadora maioria dos nossos políticos. Deles esperamos mais mediocridade. Pelo contrário o Ronaldo sabemos que é muito bom na sua profissão, e por isso mesmo queremos que se supere, seja o melhor do mundo...


Politicos de carreira e as juventudes partidárias



Os lideres do PS e PSD cresceram nas juventudes “socialista” e “social democrata”. Cresceram e prosperaram (chegando a liderança) nesse mar de mediocridade, troca e favores, por oposição a serem pessoas que no mercado de trabalho demonstraram o seu valor criando empresas e riqueza.

Para quem não percebe, as juventudes partidárias, tal como a “mocidade portuguesa” ou a “juventude hitleriana”, não servem para rigorosamente nada excepto doutrinar determinados valores em miúdos. A ideia, para além de colarem cartazes e fazer numero em manifestações, é que venerem determinados valores e personalidades. No caso dos nossos partidos actuais; uma sociedade democrática com pilares socialistas.

O problema é se queremos líderes para a nossa sociedade que sejam “verdadeiros crentes” ou pessoas com provas dadas em áreas como economia, gestão, direito, etc. Eu aceito um papel de pessoas saídas destas organizações nos partidos e organizações, desde que mostrem na sociedade em que se inserem o seu valor (i.e. não se trata de picar o ponto, mas conquistar a admiração dos seus pares de profissão, por oposição a “colegas” de partido) trabalhando fora do âmbito “político”. Crescerem nestas organizações “per si” não é nenhum defeito mas chegarem ao poder “sem mais” é uma distorção da realidade.

O problema numa sociedade em que existe uma classe dirigente (i.e. dominada pelas organizações partidárias), é que isso torna complicado aos melhores lideres e profissionais que temos, que não estejam integrados no meio político, poderem prestar à nação o inestimável serviço de nos servir. Gostava de poder votar numa “Sonae ou Jerónimo Martins” (salvo seja, nos seus melhores lideres e técnicos nas mais diversas áreas), para nos governar. Votar no líder dos coladores de cartazes e cheerleaders das “juventudes partidárias” para primeiro ministro é um disparate óbvio.


Uma oportunidade única para atenuar 30+ anos de disparates desperdiçada...



Em Portugal passou-se algo extraordinário em que ninguém parece ter reparado: votámos um plano nas ultimas eleições. Três dos cinco partidos socialistas assinaram o memorando imposto a Portugal. Toda a definição do caminho a seguir estava por isso definida. Mesmo assim estes (desculpem o termo) anormais incompetentes conseguiram não aproveitar a hipótese circunstancial (de o programa lhes ter sido imposto, inclusive com reformas associadas em cima da mesa) para fazer as reformas estruturais que Portugal necessitava para ser competitivo.

- Não se fez uma reforma da legislação laboral. Continuamos com o mesmo disparate socialista, que perpetua o desemprego e premeia a mediocridade de quem não quer trabalhar mas não pode ser despedido sem custos elevados para quem cria empregos. Não é de estranhar que tantos portugueses sigam para países como a Inglaterra (legislação laboral mais liberal do planeta!). O mesmo se passa com o capital e investimentos.

- A nossa justiça não funciona em tempo útil. Se justiça não há como cobrar dividas, impor coercivamente o respeito por acordos, salvaguardar respeito por regras. que Deve ser profundamente complicado olhar para países onde funciona e aplicar a mesma formula. dado que a nossa tem dado tão bons resultados é de ir fazendo remendos cosméticos. Pessoalmente não acredito minimamente em nenhum processo que tenha de passar pela justiça portuguesa. Restam empresas de cobranças, ter cuidado com o que se acorda, e não poder dar qualquer tipo de crédito ou conferir credibilidade a seja quem for. É um mau pressuposto para se fazerem negócios.

- O estado continua a perpetuar dividas a fornecedores (na minha opinião o estado não deve ter em nenhuma circunstância qualquer tipo de divida e os pagamentos devem ser nas datas estipuladas para o efeito) e a dar os piores exemplos de incumprimento.

- O estado continua a cobrar impostos indevidos de forma abusiva (IVA contra facturas, exigindo às empresas a entrega de um imposto que ainda não foi cobrado aos seus clientes). Quando não paga a um fornecedor atempadamente (i.e. sempre!) chega ao absurdo de exigir o IVA “em dia” das facturas que tem em atraso aos seus fornecedores quando finalmente decidir que vaio fazer o pagamento.

- Continuamos a ter uma máquina social (de serviços e benefícios) que não podemos pagar. O governo dos três partido signatários do memorando (oficialmente de dois deles, na prática um compromisso a três) foi incapaz de reduzir a despesa pública de forma significativa: para metade ou um terço. Realizou “operações de cosmética” mantendo o real problema: gastamos mais dinheiro do que a sociedade gera em impostos. Em vez disso criaram uma aberração fiscal que afasta empresas e riqueza do nosso país, numa situação em que há liberdade de movimento de pessoas e capitais dentro da união europeia. Assim não é “complicado”, é mesmo impossível.

No cenário (único e extraordinário) em que havia um compromisso dos três maiores partidos com um documento não foi alterada a constituição (socialista, utópica e ultrapassada) que temos, não foram alteradas as estruturas que nos condenam a ser pobres e pouco competitivos.


Democracias e totalitarismo



Não é de animo leve que realizo a falência e distorções existentes na nossa sociedade. Os regimes democráticos criaram uma classe dirigente corrupta, incompetente e subserviente, e um sistema que a perpetua. As pessoas votam cada quatro anos em cinco partidos socialistas, que no fundamental estão de acordo, variando apenas em questões de pormenor quanto a abordagens a tomar. O sistema partidário trabalha fundamentalmente para si próprio, é na prática controlado por interesses transversais aos cinco partidos (i.e. maçonaria e opus dei), e a classe dirigente serve-se primordialmente a si própria.

O ciclo, mostra a história, só é quebrado em momentos de profunda depressão e falência. É nessas circunstancias que se geram “Hitlers” a ganhar eleições e a chegar ao poder em regimes democráticos. A Europa para lá caminha. Não é um problema “português”, ou “grego”, ou “espanhol”. É irónico ver a Alemanha a receitar o mesmo remédio (empobrecimento e austeridade) que lhes foi imposto no final da primeira guerra mundial, conduziu à ascensão ao poder do partido nazi, e a antítese de que proporcionou ao mundo mais de meio século de paz no final da segunda guerra mundial..

Quando não se aprende com a história estamos condenado a repetir a mesma, e é preciso ser profundamente estúpido para não se perceber a relação entre causa de efeito a que leva esta lógica, para esperar resultados diferentes.

A minha única esperança neste momento é o exemplo islandês, que substituiu uma classe dirigente que levou o país à ruína, fazendo literalmente uma revolução. Adivinhem qual é o país europeu mais distante da crise actual?

Por favor acordem. Antes que morra gente, antes que se chegue a guerras civis ou à terceira guerra mundial. Por mim, por si, pelos seus filhos e pessoas de quem gosta. Portugal precisa de um novo partido político, de lideres decentes, de pessoas que evitem o que está no horizonte. É assustadoramente óbvio o que vai acontecer.