Paulo Laureano Estar vivo é uma condição precária com um péssimo prognóstico...

Porque não se ouvem os árbitros pedir meios tecnológicos?


Não consigo perceber a lógica. São juízes de tudo o que se passa no campo. Erram porque são humanos e naturalmente limitados na sua capacidade de avaliar os detalhes de cada lance. Podiam errar menos se tivessem meios tecnológicos. Aparentemente não estão interessados ou eu estou muito mal informado.

A FIFA e UEFA, que devem ser as organizações mais idiotas e incapazes do universo desportivo, insistem em manter a “margem” de erro a níveis da primeira metade do século passado. Até aceitam patetices como ter mais um árbitro em campo (que diminui ligeiramente a margem de erro mas está a milhas da avaliação de imagens de meia dúzia de câmaras de filmar por um quarto arbitro) mas para meu espanto não parecem interessados em tecnologia. Em algo que provavelmente acaba com erros em quase todos os cenários. A única justificação que encontro é as organizações que tutelam o futebol acharem a deturpação da verdade desportiva algo aceitável.

Tecnologia como auxiliar de arbitragem não é novidade em várias modalidades. Está é ainda para chegar ao futebol, o mais televisionado e rico de todos os desportos na Europa. Onde a fotografia não existe (como no atletismo) e o video (como no rugby) é ficção cientifica... mas não deveriam ser os árbitros os maiores interessados em ter meios para “errar menos”, poder fazer julgamentos matéria de direito (interpretar as leis do jogo) na posse dos factos (o que aconteceu) por oposição a julgar com base no que parece ter acontecido (e que milhões estão a ver de três ângulos diferentes na televisão)?

Se a posição da FIFA e UEFA é só absurda e estúpida, já os árbitros são suspeitos e a sua postura é incompreensível. A margem de erro é um convite à suspeita, à injustiça, ao julgamento impossível. Não faz qualquer sentido não advogarem a utilização de mais meios para os ajudar a fazer o seu papel com menos margem para errar.

Não percebo porque os relatórios do arbitro entregues no final de cada jogo não são públicos.

Não percebo porque não ouvimos a conversa entre árbitros e jogadores (como no rugby).

Não percebo porque não ouvimos a conversa entre árbitros e os seus auxiliares. Há alguma coisa a esconder na conversa de “viste se foi X que aconteceu?” e a respectiva resposta afirmativa ou negativa?

Não percebo como se tolera uma completa falta de respeito pelos árbitros (vejam um qualquer jogo do campeonato do mundo de rugby na televisão), percebo é a causa: alguns desses árbitros não se dão ao respeito e como tal não o merecem.

Os árbitros de futebol não explicam as faltas em muitos casos (que deviam explicar, para toda a gente perceber o que aconteceu e porque foi marcada), fazem caras de maus e mandam os jogadores embora (são tipo... cães? É que essa é a figura típica de quem aponta para o ar a mandar o cão lá para fora!). Ouvem insultos e comentários desrespeitosos e fazem de conta que não foi nada. O som do microfone devia ser público, o mais pequeno sinal de desrespeito devia resultar na expulsão do jogador (ou substituição obrigatória, temporária ou definitiva)... que inovador (para quem nunca viu rugby).

Há jogadores que acusam árbitros de lhes segredarem mensagens destabilizadoras, árbitros que acusam jogadores de insultos e acusações. Muito bem. E que tal lidar com ambos os casos de forma clara, pública e transparente? Haverá alguma coisa no futebol que torna isto mais complicado que no rugby ou em desportos de combate? O futebol é mais viril e incontrolável que os outros desportos todos?

O futebol é muito mal tratado por organizadores e árbitros. É uma pena e uma vergonha.