Paulo Laureano Estar vivo é uma condição precária com um péssimo prognóstico...

O E-Commerce não é uma duplicação do retalho “tradicional”…


É o "elefante na sala" que ninguém parece identificar… As empresas de retalho quando fazem vendas “online” procuram transpor do “offline” para a Internet procedimentos que não são de todo adequados. São os procedimentos que conhecem, as “receitas” para o sucesso “offline”, e o primeiro impulso é duplicar o que funciona. Fazem-no de forma quase automática, e às vezes até particularmente bem, tentando transpor o que fazem “offline” para a web. Só não pensam o suficiente sobre o assunto…


As montras online não devem de ser estáticas como no retalho tradicional…



Os computadores são extraordinariamente bons a coleccionar dados, a guardar informação sobre cada acção dos utilizadores, e igualmente bons a comparar padrões (i.e. sequencias de acções) entre utilizadores. São igualmente extraordinários a comparar dados e a fazer contas.

Imagine que um funcionário de uma loja física (i.e. tradicional) se lembra de todos os clientes, conhece cada um deles através do que compraram, todos os produtos lhe interessaram, perguntas que fizeram… Nunca se esquece. Nunca perde o cliente de vista.

Imagine que esse funcionário conhece, com uma certeza matemática absoluta, as probabilidades estatísticas do “top” de acções futuras prováveis para o cliente que tem à sua frente (i.e. pessoas que tiveram este comportamento X% compraram o produto A, Y% compraram o B, Z% o C. Imagine que esse funcionário aprende que acções explicitas (comprar algo) são tão importantes como “virar à direita” para uma dada secção da loja, pegar num dado produto mas não o comprar, e não se esquece de nenhuma acção… nunca.

Imagine o potencial de vendas desse funcionário, de discretamente poder mudar as montras em tempo real antes do cliente olhar para elas. Saber sempre o que sugerir e o que evitar, não por intuição de vendedor, mas por reconhecer padrões e agir em conformidade.

Esse funcionário “excepcional” é o seu servidor de e-commerce. Nunca se distrai, está sempre numa relação “um para um” com cada cliente individual, multiplica-se as vezes que forem necessárias para cada cliente.

Não o tenha amnésico, desligado da realidade de cada cliente, a mostrar as mesmas coisa a todos os visitantes. É literalmente dar álcool ao seu melhor vendedor até ao ponto de ser totalmente inapto para desempenhar a função dele. Venda ideias, produtos ou noticias… é exactamente a mesma coisa.


Uma longa história de 18 anos de evolução…



O primeiro cliente a quem fiz “data mining” (calcular e organizar padrões de acções e extrair estatisticamente a previsível acção seguinte da sequencia) foi a uma grande empresa de retalho multinacional há muitos anos atrás (década e meia seguramente). Entretanto já fizeram e refizeram o site várias vezes, não faço a mínima ideia se passaram ou não do básico (receita para o mau e-commerce).

Na altura em que montei o sistema dessa empresa a minha maior preocupação era o tempo real. O poder computacional era mais limitado do que é hoje, e ao contrário da amazon, eu fazia questão de explorar todos os dados em tempo real, pelo que tinha de fazer opções que iam desde limitar o tamanho de padrões (i.e. sequencias de acções) a exercer um critério “simplificado” na classificação (peso) de cada acção (i.e. sequências de produtos e interacção com o carrinho eram mais importantes que ver o detalhe de um produto ou se o utilizador saltava de uma secção do site para outra).

Durante todos estes anos, fui refinando algoritmos, e tecnologia. Oferecendo os meus serviços e implementação (genérica, independente do site propriamente dito) a várias entidades. Recentemente montei uma pequena demonstração para usar em palestras e conferencias.


movie.finders.guru



Não é o site que interessa. O site propriamente dito não tem nada interessante, vai buscar informação de filmes a bases de dados na internet, e nem sequer o faz de forma particularmente inteligente ou eficiente. Tudo o que ali está foi o resultado de umas poucas horas de trabalho. O que interessa ali é verificar como as nossas acções determinam o que vimos na iteração seguinte com o sistema.

Siga passo por passo a receita:

1 - Entre no sistema (http://movie.finders.guru ). Se nunca o fez antes aparece uma montra com alguns filmes em exibição… ignore os ditos, não os classifique, ignore. Estes filmes representam os conteúdos de uma montra genérica, feita por um sistema que não conhece o visitante.

1ZZ5D1B4DE9

2 - Procure e classifique o “Shrek” com 5 estrelas, é o filme da sua vida para efeitos da demonstração. E as primeiras coisas que o sistema sabe sobre si (que “pesquisou pelo filme” e lhe “deu cinco estrelas”, são duas acções).

2ZZ528D2C7C

3 - Clique em “You may like” (uma das quatro listas permanentes para a demo; as restantes são “Want to see”, “Not interested” e “Your picks&rdquoWinking E verifique o que mudou na lista… Repita o processo para dois ou três filmes. Escolha mesmo uns de que goste, remova o “Shrek da lista (“Your picks” se quiser). Repare que cada acção, incluindo o “clicar” numa lista, o que ignora, o que faz perante os filmes apresentados, tudo são “acções”, e como tal moldam o que está a ver de seguida.

3ZZ7837A30E

Engraçado não é? Agora imagine isto por trás de cada site de e-commerce a fazer o trabalho… Eu tenho duas décadas a refinar soluções e não poderes mágicos. Nada do que aqui foi mostrado é “rocket science", até há livrarias open source para fazer os cálculos, e os melhores algoritmos para o efeito há muito que são públicos… o resto é fazer boas escolhas.


Não maltratem as pessoas…



Na web as pessoas devem ser mais livres de seguir impulsos, a iteração deve ser facilitada nesse sentido. Sim faz todo o sentido em muitos casos que tenham cestinhos de compras. FAz zero sentido em tantos outros. É o “iTunes” (compra por impulso “musica a musica” ou “álbum a álbum”, “livro a livro”, etc) versus a gestão de listas “por comprar”. A formula correcta difere de negócio para negócio. Mas há mais opções, como ter listas de produtos comprados e ainda não entregues (por oposição a listas de produtos por comprar), e não antes que falem mais depressa do que pensam: não precisam de ser processados os pagamentos individualmente (como os clientes do iTunes descobriram quando compram mais que um produto, estes podem ser processados de forma agregada).

Para quem faz compras de supermercado online… a gestão de listas de alguns sites são uma coisa demoníaca. E de vez em quando “perdem-se”, desaparecem, produtos são substituídos porque afinal “não havia” em stock e disparates afins. Dentro de uns anos isto serão histórias em que ninguém acredita, mas hoje são reais.

É mais fácil vender com menos poluição visual. Menos produtos, os certos para cada cliente em cada página. Lembram-se da formula Yahoo / Altavista nos portais de pesquisa há uns anos, em comparação com a do Google, é exactamente a mesma coisa. Quando mostram dois produtos que fazem um utilizador questionar “mas qual o melhor” estão provavelmente a dificultar o processo de venda. Se querem apresentar ambos ajudem o utilizador a fazer a escolha e é bom que seja uma escolha “de caras” (i.e. são a mesma coisa, só varia o preço).

O crowdsourcing e uma experiência social de compras é profundamente relevante no processo de escolher. Novamente o que “mostrar” é que é a dificuldade, e a solução deve ser por determinar isso matematicamente utilizador a utilizador, porque precisam de saber escolher a informação certa e relevante em vez de bombardear o utilizador com a dita. É mais relevante a critica (review ou pontuação, ou o simples acto de ter comprado) da pessoa que ele conhece que a de um milhar de estranhos.

Fazer sites de e-commerce é muito mais que escolher tecnologias, que o HTML, CMS e CRM que está por trás. Quem fica por aí proporciona uma experiência universal e medíocre aos seus clientes. Pior que a do senhor da mercearia, que pode não se lembrar de tudo sobre si, mas a menos que tenha alguma doença que lhe afecte a memória, o que se lembrar é útil na iteração consigo, e não se vai esforçar para lhe vender produtos que acabou de comprar ou que lhe disse que detestava ou o tratar como um completo estranho todos os dias.


O e-mail em empresas é tão mal tratado...


O e-mail é importante. É importante porque as empresas dependem cada vez mais dele. É importante porque é através dele que se recuperam passwords de vários serviços. É importante porque as empresas o utilizam para transmitir facturas a clientes. É importante. Nesse ponto provavelmente estamos todos de acordo. Talvez seja então de começar a agir em conformidade com essa dita importância.


Os servidores corporativos devem controlar todo o tráfego do domínio

SPF, DKIM, existem há anos. Infelizmente mal configurados em muitos casos. A ideia é simples; todo o tráfego de e-mail de um dado domínio deve ter origem em servidores previamente identificados.

Muitas empresas, literalmente a medo, configuraram PPF/DKIM mas sem as flags que instruem os restantes servidores da Internet para recusarem qualquer mensagem que tenha origem em servidores errados.

O SPF e DKIM são francamente diferentes os servidores que “recebem” e-mail devem implementar ambas as tecnologias e recusar mail que venha dos servidores errados. Os servidores que enviam e-mail precisam de implementar (correctamente) pelo menos uma delas.


O e-mail deve ser sempre assinado digitalmente no cliente de e-mail

Assinar todos o e-mail digitalmente (recorrendo ao PGP ou a certificados S/MIME) é importante porque remove da equação a duvida sobre quem é o real remetente da mensagem. A esmagadora maioria dos ataques de phishing (e spear-phishing) baseiam-se no pressuposto do e-mail não ser devidamente autenticado na origem.

É importante perceber que a origem é o “cliente de e-mail do remetente” e não o servidor através do qual ele foi enviado. Um computador (de um dos funcionários) que tenha sido hackado provavelmente forneceu ao hacker as passwords do utilizador para fazer relay no servidor, passwords com as quais (na maioria dos cenários) ele (hacker) passa a poder passar por qualquer um dos funcionários da empresa a enviar e-mail pelo servidor corporativo. O certificado de cliente limita esse risco à falsificação do e-mail funcionário em causa (por oposição a todo o universo da empresa).

Ao não assinar digitalmente todos os e-mails estamos a expor clientes e colegas de trabalho a problemas de segurança que não deviam existir de todo. Esta classe de problemas de segurança depende totalmente da ignorância e margem de manobra proporcionada pelos responsáveis técnicos pelo e-mail das empresas. A ignorância cura-se, é uma coisa maravilhosa o que algumas horas a estudar um problema fazem no sentido de o resolver.

É francamente deprimente em 2015 ver bancos (todos?) e operadores de telecomunicações (MEO, Vodafone, etc) a comunicarem com clientes com mensagens não assinadas. E sim, há muitas empresa que há anos que assinam digitalmente as mensagens, isto não é propriamente tecnologia “nova”, tem mais de duas décadas. Lembro-me de há uma década atrás ver mensagens assinadas das “Estradas de Portugal”, da ZON (actual NOS, resta saber se passou bons hábitos à OPTIMUS ou se herdou os maus hábitos da empresa da SONAE, não fui verificar). Ver os “disclaimers” nas mensagens, do tipo “nunca metemos links nas mensagens”, e outros tesourinhos deprimentes, eram perfeitamente evitáveis com uma manhã de formação.

Não há desculpa nenhuma. É só falta de competência . O suporte a PGP e S/MIME existe para todos os sistemas operativos e praticamente todos os clientes de e-mail há décadas. As mensagens assinadas recebem atributos visuais (como os certificados SSL na web). Cada e-mail enviado entre colegas coloca a organização em risco (o Google e Apple foram hackados em ataques de spear-phishing), cada e-mail que se envia para fora da organização sem ser assinado coloca em risco parceiros, clientes e fornecedores.

As empresas precisam não só de implementar boas práticas mas também de exigir a parceiros e fornecedores que o façam. E se alguma informação deve ser passada aos clientes sobre o assunto não é de “não seguir links” ou que “nunca pedimos informação por e-mail”, mas sim de que devem habituar-se a verificar a proveniência das mensagens através dos simbolos que autenticam o remetente, da mesma forma que na web procuram pelos símbolos de SSL.


O e-mail deve ser encriptado nas comunicações internas e com fornecedores/parceiros.

Agora que o outsourcing dos servidores de e-mail na cloud (PT, gmail, Microsoft, etc) parece estar na moda, é importante perceber que independentemente de vulnerabilidades dos clientes, existe a possibilidade de alguém estar dos sistema de que a empresa depende para guardar mail terem fragilidades. Se o mail que lá é depositado estiver encriptado entre quem o enviou e quem o recebe, fica mitigado o problema do local onde o e-mail “aterra” e onde é “guardado”. Tanto o PGP como o S/MIME permitem encriptar os conteúdos do e-mail. Por defeito devem estar configurados para encriptar sempre que possível (i.e. quando ocorreu uma troca de certificados entre duas pessoas) todo o e-mail.

Não é difícil com qualquer uma das tecnologias assegurar que todas as pessoas de uma empresa (e interlocutores externos) trocaram certificados. No caso do S/MIME até é automático quando se recebe a primeira mensagem assinada, no caso do PGP existem repositórios de chaves públicas universalmente acessíveis por qualquer pessoa.

As mensagens encriptadas, à semelhança das “assinadas”, recebem nos clientes de e-mail referências visuais.


Os servidores de e-mail precisam de ser inteligentes e monitorizados…

Súbitas mudanças de localização dos clientes, novos devices, mensagens por assinar/encriptar. Tudo isso devem ser sinais de alarme e devem fazer soar os ditos juntos do utilizador e de quem gere o e-mail. O Gmail (por exemplo) implementa as duas primeiras particularmente bem.


A autenticação por dois (ou mais) factores…

Os utilizadores não podem fornecer informação que desconhecem a terceiros. Usar sempre autenticação por dois factores (de preferência sendo um deles biométrico, ou baseada em hardware diferente do que está a pedir a autenticação, ou uma combinação de ambos os pontos) é absolutamente obrigatório.

Hoje a vida está facilitada pela elevada percentagem telemóveis por utilizador rondar os 100%. Muitos desses telemóveis com leitores de impressão digital, todos eles capazes de correr uma aplicação da empresa e/ou de receber mensagens com passwords não reutilizáveis.

A utilização de certificados digitais, que complementam passwords, para efeitos de autenticação é absolutamente preciosa e simples de implementar dentro de cada empresa. O mito de que é complexo fazer o deployment (usando um instalador ou uma aplicação corporativa) é inqualificável através de palavras simpáticas.


Full IT
ZZ110B505A

A Full IT há duas décadas que ajuda empresas e tornar o e-mail mais seguro.

- toda a consultoria,
- formação de quadros na administração de sistemas,
- desenho dos processos de deployment (desde instaladores a aplicações móveis corporativas),
- sistemas de backup de todo o mail que passa por servidores,
- fornece igualmente a opção de servidores como uma solução "chave na mão" a empresas de todo o mundo.

Socialismo e liberdade


0-reagan
O conceito de socialismo (prevalência dos interesses do grupo sobre os interesses individuais) soa aparentemente bem à maioria das pessoas. Não soa nada bem a mim, que sou individualista, e entendo que a liberdade individual é o valor mais importante que existe numa sociedade. Entendo que a missão primordial de qualquer governo deve ser salvaguardar essa liberdade.

Faz-me impressão quando o estado resolve limitar a minha liberdade, proibindo-me de fazer coisas que só a mim dizem respeito (andar de mota sem capacete) ou "taxando o que entendem que é mau para mim" (beber álcool ou consumir drogas na privacidade do meu lar sem afectar terceiros). Os estados assumirem uma postura paternalista, tratando as pessoas como atrasados mentais ou criancinhas que precisam de orientação, é insultuoso. Se os estados entendem que quem "anda de mota sem capacete" ou "abusa de determinadas substâncias" não pode onerar os serviços estatais de saúde, muito bem, não trate essas pessoas (elas que apostem em seguros de saúde privados que cubram esses riscos, ou que os assumam, se lhes correr mal o problema é delas). O que não deve é interferir na liberdade das pessoas de tomarem as suas decisões e arcarem com as consequências das mesmas. Liberdade implica isso mesmo: lidar com as consequências das acções que resolver tomar.

0-sagan
O mesmo se passa com a "segurança social". Se as pessoas não juntam um "pé de meia" para usarem um dia mais tarde, quando forem mais velhos, ou se não tiverem emprego, ou para lidarem com doenças, isso é uma opção delas. Ou melhor deveria ser. A opção que tomam terá consequências e as pessoas devem ser livres de as tomarem. O grande problema é que a nossa liberdade foi revogada, em nome de um "bem comum", porque muita gente não geria bem o seu futuro. E os socialistas, na sua infinita sabedoria, resolveram solucionar o problema com um esquema de pirâmide clássico e obrigatório para todos.

A forma de lidar com o problema dos estados modernos é literalmente tirar o dinheiro às pessoas, supostamente é uma poupança compulsiva e gerida pelo estado. É uma burla. Só é "sustentável" quando a base de contribuintes é maior que a base de beneficiários, porque todo o dinheiro taxado é usado imediatamente para "tapar as despesas correntes" dos actuais beneficiários. As contribuições que são descontadas a cada pessoa não existem para beneficiar o contribuinte "forçado", existem para pagar as despesas de quem está actualmente a beneficiar do esquema. Em Portugal, com a diminuição da base contributiva e aumento da expectativa de vida, o esquema vai obviamente deixar de ser "viável". A única coisa que diferencia um esquema de "pirâmide" ilegal de um legalizado, e perpetuado por um estado, é as pessoas não poderem "sair" e não terem a opção de "não entrar" (i.e. fazerem a gestão das suas próprias poupanças, ou apostarem em seguros de reforma privados, ou em investimentos de longo prazo). Mas nem assim o dito é viável, porque as "saídas" de investidores fazem-se por via da demografia e do aumento das expectativas de mais pessoas viverem mais tempo.

O drama destes estados paternalistas é assumirem que limitando a liberdade das pessoas vão obter melhores resultados. Que não é verdade em muitos casos, como na gigantesca mentira (golpada) que é a segurança social; literalmente um assalto entre gerações. E eu entendo que a qualidade dos resultados nem sequer é a questão, a liberdade das pessoas tem que ser mais importante, que qualquer promessa de um colectivo. As pessoas são livres de usando a sua liberdade se associarem e se protegerem de forma solidária, constituindo seguros de saúde ou de reforma, por exemplo. Mas sem a força de um estado a tornar a adesão a esses colectivos compulsória. É nesse detalhe, de não ter a escolha de aderir, que a nossa liberdade vai pela janela, e somos engolidos pelo colectivo, que se arroga a achar que sabe melhor que o individuo o que é melhor para ele.

Democracia


Alguns pensamentos soltos sobre "democracia"… aparentemente a maior parte das pessoas nunca pensou sobre o que significa e confunde com ser sinónimo de liberdade.

O dicionário não ajuda a descodificar a realidade:

ZZ6D7EFA28

Ponto 1 da definição: A democracia pode ser directa. (i.e. cada questão é decidida por voto). Tende a ser mais comum com "pequenos" grupos. Progressivamente menos comum proporcionalmente ao tamanho do grupo. Em grupos maiores tende a ser uma democracia "indirecta" ou "representativa", em que se escolhem "líderes" ou "partidos", que por sua vez escolhem as suas equipas, ou representantes, que no fim da linha votam decisões (representado quem os elegeu no inicio do projecto).

Há vários problemas com a democracia mesmo quando é "directa" e outros problemas progressivamente mais complexos quanto mais "indirecta" for a democracia. Mas vamos apenas aos mais simples de entender…

ZZ494B15B4

A democracia é a prevalência da maioria sobre a minoria. 51% das pessoas decidem o destino dos restantes 49%. Ser democrata implica tacitamente aceitar estar em qualquer um destes grupos. Mesmo quando a maioria pode decidir frontalmente contra os interesses da minoria. A maioria pode legislar que determinadas acções são puníveis e impor essa punição à minoria. Não fiquem tão chocados que é isso que acontece em todas as sociedade democráticas. Os direitos do individuo são colocados em risco pela vontade do colectivo.

Ah, e tal, mas "há formas" de salvaguardar os direitos e liberdades do individuo, através de constituições, o grupo assinando convenções (tipo "direitos humanos" e protocolos associados), etc. Basicamente não. Não porque é a maioria que decide as constituições (às vezes com salvaguardas tipo só com 75% dos votos), a que convenções e protocolos decide aderir ou resolve abandonar. Não, não há. A democracia é sempre a subordinação dos direitos dos indivíduos aos interesses do colectivo. Não há veto individual.

ZZ43E745FA

A prevalência do "colectivo" sobre os direitos dos "indivíduos" é o pretexto utilizado nos últimos 200 anos para criar aberrações como o "socialismo". E a dissociação entre democracias e os dois "ismos" só se faz porque, uma vez no poder, os comunistas historicamente demonstraram ter "zero" apetência para dar ao povo a palavra. Os "socialistas" tendem a ser o "bom bandido", que rouba (i.e. taxa) às minorias mais bem sucedidas, para distribuir pelas maiorias (i.e. subsídios, segurança social, etc) que lhe conferem o poder… o socialismo tende a dar-se bem com as maiorias, consequentemente com a democracia, é a arte de "taxar" de um lado, distribuir de outro, assegurando que consegue manter as maiorias satisfeitas. Pelo meio há toda a perversidade, falta de senso e muita incompetência, de quem está a manipular o dinheiro dos outros, precisa de o gastar de forma tão visível quanto possível de forma a assegurar os votos em cada ciclo de "democracia".

ZZ25D3FCF0

Falei bastante sobre o assunto com vários amigos (de comunistas a liberais, passando pelos vários "ismos" e diferentes graus de "social-ó-apologistas") no "tempo de antena" (podcast em video). Claro que poucos concordam comigo, mas eu não estou a concorrer para ser popular, nem para ganhar eleições, apenas a usar uma coisa preciosa chamada liberdade de expressão.




Em Portugal…

Nas "democracias representativas" há um funcionamento por camadas; o povo vota em partidos (e na carinha laroca que os representar em cada eleição), os partidos votam nos seus próprios lideres e escolhem os seus representantes (listas para a assembleia da república), e depois o processo é passado para assembleias (da república no nosso caso) onde os representantes do povo, escolhidos pelos partidos em que o povo votou, votam à vez cada lei e discutem todos muito entre si. O partido mais votado, ou um conjunto deles, é depois convidado pelo presidente da república a formar governo. Ninguém sabe quem são os elementos desse governo, isso é escolhido pelos lideres partidários (ou pela máquina partidária que os domina, como preferirem). Esse governo para legislar, precisa de submeter (e está submetido) as leis à assembleia, onde na teoria se repete o sufrágio eleitoral em versão indirecta com os representantes dos partidos, perdão do povo que votou nos partidos, votam de forma supostamente "livre" as leis uma a uma. Na prática as máquinas dos partidos controla esses votos mas por algum motivo é importante dar a ideia de que não. Episodicamente há uns casos (tipo "queijo limiano") no parlamento, e é dada liberdade de voto aos deputados (se isso não coloca em risco os interesses do partido, questões morais tipicamente, que são elevadas ao estatuto de "mais importantes" que "questões financeiras", talvez porque o partido não paga em "moralidades" e sim "em euros" os seus interesses).

Já a eleição para presidente da república é mais directa. Supostamente sem máquinas partidárias à mistura (se bem que "milagrosamente" parece haver muito mais dinheiro nas campanhas dos candidatos com apoios partidários). O presidente eleito não tem que depois debater cada resolução com os candidatos minoritários (ou seus representantes). Entre o circo que é o parlamento, com os filhos e enteados dos partidos a levantar a mão a pedido, e a presidência da república, confesso que prefiro a versão mais barata da coisa (e apenas por isso).

Não sendo democrata a minha preocupação é em manter a minha liberdade… infelizmente a maioria das pessoas resolveu votar em pessoas que posteriormente decidiram que eu tenho de pagar imensas coisas em que não tenho qualquer interesse (bancos por exemplo, estradas em que nunca vou passar na minha vida, etc). E como vivemos em democracia podem legislar livremente sobre quanto me vão cobrar em impostos e para que uso fazem desse dinheiro.



O que eu gostaria…

Ah. Eu gostaria de muita coisa radicalmente diferente mas, relativamente à democracia, e assumindo que não me livro da "lei da maioria" a ser "bully" do individuo (que eu acho uma ideia terrível) e a determinar a minha liberdade, gostaria de a tornar pelo menos execrável e mais lógica (dentro da obscenidade inerente ao conceito):

- que fosse sempre directa e em programas vinculativos: não houvesse deputados e sim apenas um governo eleito com um programa definido antes de cada eleição em que os eleitores votassem. Por outras palavras, o programa de governo ganharia as eleições e os governantes estariam mandatados para executar esse programa. Tudo o que não estivesse no programa que seja referendado. Votar em círculos de poder (i.e. partidos) e "desconhecidos" (as listas dos partidos) que são livres de mentir desalmadamente, propor umas coisas antes das eleições e executar outras (às vezes o exacto oposto do que prometeram), é de um nível de estupidez que devia ser óbvio para toda a gente. Mas não é. Aparentemente a nossa sociedade gosta de aldrabões no poder, e depois choraminga que fazem vigarices (como se fosse de esperar qualquer outro resultado). As pessoas são maioritariamente burras como pneus e manda a maioria.

- que fosse proporcional ao dinheiro taxado aos contribuintes; quem paga mais para o colectivo deve ter mais peso na decisão de como é gasto o dinheiro. Até proponho a formula: ao voto de cada um (1 unidade) seria somado uma décima de ponto por cada escalão de IRS (i.e. havendo meia dúzia de escalões, os contribuintes que pagam mais teria 0,6 votos adicionais.

- que fosse proporcional aos anos como contribuinte de cada pessoa: quem paga impostos à mais tempo (as pessoas mais velhas) ter mais poder de voto. Acredito que a idade e experiência de vida acarretam tipicamente uma melhor capacidade de decidir os destinos do colectivo. Até proponho uma formula; por cada década como contribuinte (i.e. em que pagou impostos) que seja acrescentada à unidade de voto de cada um uma décima de ponto. Quem paga impostos há 10 anos teria assim mais 0,1 votos, 20 anos corresponderiam a 0,2, etc.

- que fosse proporcional aos níveis de educação das pessoas, porque ter mais educação tende a ajudar as pessoas a ter melhor capacidade de decisão dos interesses do colectivo. Até proponho uma formula: uma décima de ponto por cada nível de ensino a somar ao ponto de base: 0,1 para o primário, 0,2 para o secundário, 0,3 para o ensino superior.

- zero dinheiro de impostos a ir para partidos políticos. Financiem-se directamente junto dos apoiantes que reúnam.




"Rápido, bom e barato": Escolha dois...


Em 1998 fundei, com um conjunto de amigos, a MrNet (hoje Full IT, a mesma empresa com novo nome e imagem). Já lá vão 17 anos a fazer sistemas de informação para clientes. De sites (FNAC, RTP, SIC, Mediacapital, TAP, SATA, Gulbenkian, CCB, etc) a sistemas de E.R.P. (Digal, O.C.P., Centro Português de Serigrafia, etc) que gerem os recursos da empresa e actividades com clientes e/ou fornecedores, sistemas de facturação.

Alguns sistemas foram relativamente simples de programar, outros particularmente complexos. Mas na relação com os clientes fui aprendendo umas quantas lições que partilho aqui…


"Rápido, bom e barato": Escolha dois...

Quando se está a implementar uma solução feita à medida do cliente (i.e. algo novo e complexo) o cliente precisa de saber escolher dois de três atributos: "Quer uma solução que possa implementar rápido", "Quer uma solução de elevada qualidade", "Quer uma solução barata". Não pode ter as três em simultâneo, pode ter duas delas. Este pressuposto só é quebrado quando se adopta uma solução já desenvolvida para outros clientes.

Isto só não é verdade quando se trata de usar tecnologia já desenvolvida e com poucas alterações…


Compre soluções que já constem do portfólio das empresas…

- A SIC e RTP beneficiaram de anteriormente a Full IT ter desenvolvido tecnologia de CMS para a Mediacapital (Siteseed 1). Depois do primeiro cliente, claro que é muito mais barato reciclar e adaptar tecnologia feita e estável. Conseguiram na altura uma solução muito mais barata, rapidamente e de elevada qualidade, para terem sites de elevada performance. Essa tecnologia ainda hoje faz a página da RTP ( http://www.rtp.pt/homepage/ ), que é instantânea, com mais de 800000 artigos publicados e uma centena de templates diferentes.

Com o passar do tempo, depois de revendida vezes sem conta, a tecnologia passa a ser gratuita (i.e. não ter valor comercial). O siteseed 1 é open source. Não é modificado desde 2004, altura em que foram corrigidos os últimos problemas de segurança (últimos patches), e ficou pela versão 1.6. Houve um fork dele ("startuxcode", feito pelo Mário Gamito, em 2003). Está no Source forge ( http://sourceforge.net/u/plaureano/profile/ ).

- A TAP em 2004/2005 precisou de um sistema de "segunda geração" do Siteseed (a versão 2) que esteve meses a ser desenvolvido de acordo com as necessidades específicas de uma companhia aérea. Com essa tecnologia fez sites institucionais, o Victória, Corporate e de agentes. O Siteseed 2 suportava múltiplas línguas e mercados a partir de um backoffice comum. A SATA e Gulbenkian (em vários sites da instituição) beneficiaram em termos de "velocidade de entrega" de inovações tecnológicas previamente construídas para a TAP. O Siteseed 2 nunca foi "open source", se bem que é entregue a cada cliente com o respectivo código fonte.

- Em 2010/2011 foi desenvolvido o Sitessed 3. A Lusosem e TAP foram os pilares de inovação, com as suas necessidades especificas na altura em que estava a ser desenvolvido (na realidade DEPOIS de ser desenvolvido, porque a Full IT tinha o processo praticamente concluído quando os clientes o começaram a adoptar). Depois dos pioneiros, a tecnologia passou para vários sites da Gulbenkian, CCB, ESOP, Optivisão, INCI, CML, etc. Todos os clientes de "segunda geração" beneficiaram do tempo esperado pelos de primeira geração.


O que é específico e feito à medida sai mais caro, ou demora mais tempo, ou sofre de problemas de qualidade…

Os sistemas de ERP construídos à medida das empresas são quase sempre tão específicos que pouco ou nada do que se faz é transponível para uma segunda geração de clientes, aplica-se sempre a regra do "Escolha dois". Não há excepções. Recorrendo a uma base de software já construído (ou pela empresa ou em open source, ou comprados a terceiros) é possível atalhar caminho, mas quanto maior a carga de desenvolvimentos específicos mais se vai cair nas mesmas regras.


Ah, e tal, ali é mais barato…

 Claro. Há sempre quem aldrabe clientes, há sempre quem prometa coisas (que é mais barato ou melhor, ou que entrega produtos mais depressa). A realidade é que entre as melhores e as piores empresas o que varia é a capacidade de produzir equilibrando preço, qualidade e velocidade de entrega. As más empresas não duram. O tempo encarrega-se de fazer com que se estampem ao comprido depois de irem desiludindo sucessivamente clientes.

O meu cuidado é tentar transmitir a clientes e potenciais clientes que ter pressa sai mais caro ou tem implicações de qualidade. Procurar o equilíbrio certo projecto a projecto á algo muito mais complicado do que o comum dos mortais imagina. São raros, mas muito bons, os clientes que percebem isto. A maior parte acha que foi muito caro, ou que demorou demasiado tempo, ou que falta qualidade à solução apresentada. Não é verdade. As pessoas recebem exactamente o melhor compromisso entre as escolhas que fazem, e ao fim de tantos anos eu certifico-me que esse compromisso é bem entendido. A partir daí são escolhas que as pessoas fazem…

Liberdade que não entendem nem merecem


Para todos "os Charlies" verem com atenção. Assumindo que ainda dizem ser "Charlies" e que já não lhes passou.




A ideia de que a "liberdade de expressão" deve de alguma forma ser "limitada" pela "liberdade religiosa" (podem dizer o que quiserem desde que eu não sinta que estão a ofender os meus deuses ou profetas/anjinhos imaginários) é o disparate a partir do qual estão abertas as portas para uma teocracia. O tópico é complicado porque se repararem na definição da wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Freedom_of_speech - a ideia de base é "podem dizer o que pensam mas"… em alguns estados esse direito está limitado a coisas que não ofendam ninguém (que não é liberdade nenhuma, porque a sensibilidade de quem escuta pode ser obviamente mais ou menos apurada, e qualquer coisa é passível de ofender alguém, algures). Algures na nossa sociedade "moderna" e "democrática", passou a ser ilegal dizer algumas barbaridades previamente seleccionadas para si, e coisas completamente idiotas que alguém convencionou que passavam um limite qualquer.

Pessoalmente acho que não, que as pessoas devem poder dizer o que quiserem, e pagar o preço do exercício da sua liberdade (seja em tribunais ou na praça publica), bem como lidar com o resto da sociedade lhes poder responder à letra. Quem não se aguenta "à bomboca" de viver numa sociedade livre, tem imensas menos livres para onde pode imigrar e que são verdadeiros paraísos para quem aprecia "moderadores de liberdades excessivas" (assim de repente o ISIS está a aceitar imigrantes em barda para o seu novo estado islâmico, e lá zelam muito por limitar o que as pessoas podem dizer, e são muito rápidos a julgar e condenar quem diz coisas que não deve, um paraíso da limitação da liberdade de expressão, para quem gosta desse modelo - inclui crucificações, decapitação e fuzilamentos na praça pública, com entrada gratuita, entre outras manifestações de implementação de disciplina para esses libertários que precisam de uma lição).

O problema de cobardes abdicarem de liberdade é não a merecerem de todo. É tudo o que uma religião precisa para impor os seus pressupostos a terceiros, aos não crentes, ou crentes em outro disparate qualquer.

Os liberais, comentadores politicamente correctos, que explicam que estes atentados não são uma questão religiosa, não devem ser identificados como tal, estão a ser intelectualmente desonestos. E francamente isso é tão repugnante como as atrocidades do ISIS, precisamente por ser o motor da "tolerância" que permite que aconteçam. É o assobiar para o lado, e fazer de conta que esse é um problema diferente...

Quando vejo o Papa Francisco a defender que as pessoas se devem "moderar" com o que desenham... Não estejam a ofender as alucinações de alguém, estou ver o outro lado da mesmíssima moeda. Os católicos nos últimos séculos são os "moderados", há uns séculos atrás eram os extremistas.

Tudo em nome da ideia que há uns deuses/profetas/anjinhos/diabos "a sério" e outros "que não existem". E é suposto as pessoas exercerem uma "auto-censura" para não ofenderem os deuses/profetas/ankinhos/diabos "verdadeiros" que outros inventam e adoram.

Há pessoas a ser mortas, por fazerem humor e desenhar bonecos que outras pessoas acreditam ser deuses e profetas, imaginem por uns segundos qyue qualquer personagem de banda desenhada ode ser o deus ou profeta de alguém. Que qualquer político caricaturado pode ser o "querido líder" de um anormal qualquer. E que é suposto respeitar todos os maluquinhos, e que isso se deve sobrepor à vossa liberdade.

Défices


Um estado não deve ter défices, como uma empresa não deve ter défices, como uma família não deve ter défices. Não devem gastar acima dos seus rendimentos. Se querem gastar mais dinheiro precisam de arranjar mais rendimentos, ou recorrer às reservas que acumularam, se o fizeram.

Existem razões excepcionais para que existam défices temporários e legítimos para estados (guerras, catástrofes naturas, epidemias), empresas (calotes de clientes, mudanças súbitas e temporárias de condições de mercado), famílias (emergências médicas). Antes que algum artista venha enumerar mais razões legitimas: os exemplos dentro dos parêntesis não é suposto serem a lista exaustiva.

Pedir dinheiro emprestado não é nenhum pecado capital, e pode fazer todo o sentido em vários cenários, mas significa um risco, e um esforço maior que o de acumular o mesmo dinheiro primeiro e gastar depois (i.e. paga-se o dinheiro mais os juros, em troca não tem de se esperar o tempo de acumular o capital em falta). Pedir dinheiro emprestado para seja o que for, que não implique um retorno "maior que o custo do empréstimo em juros", significa obviamente diferir um esforço "maior e implícito" para obter determinado resultado.

Fazer poupanças (ou seja o oposto de ter um défice) implica que se está melhor equipado para lidar com emergências e que se tem reservas para lidar com imprevistos pagando défices extemporâneos com reservas previamente acumuladas, em vez de recorrer a dinheiro emprestado. Diz o mais elementar bom senso que estados, empresas e famílias, precisam de por norma gastar menos que o dinheiro disponível para poderem ter essas reservas.

Porque alguém, ou outros todos, fazem o disparate de atropelar os mais elementares princípios do bom senso isso não quer dizer que se deva fazer a mesma coisa. Porque alguém pede dinheiro emprestado, aposta e ganha, conseguindo resultados excelentes, não quer dizer que todos os que pedem dinheiro emprestado façam investimentos igualmente bem sucedidos. Nem quer dizer que a mesma receita exacta possa ser aplicada várias vezes e resulte sempre (era bom, mas não é assim).

Vários idiotas em estados, empresas e famílias, fizeram o oposto. Por todo o mundo. Isso não faz com que os parágrafos anteriores estejam errados. Nem faz com que as empresas de cartões de crédito, bancos e investidores diversos em obrigações dos estados sejam "demónios". O problema fundamental é as pessoas (à frente de estados, empresas e famílias) tomarem más decisões e seguirem maus exemplos (provavelmente isolando os casos em que viram coisas resultar bem, pessoas/empresas/estados que pediram dinheiro emprestado, fizeram bons negócios e usaram-no como alavanca para criar uma realidade mais favorável e menos penosa, e assumindo erradamente que vai resultar da mesma forma para todos). Porque toda a gente faz não significa que não seja um disparate imprudente isento de risco. Porque funcionou para "A", não significa que funcione para as restantes letras do alfabeto.

Sou indiferente a empresas falharem, talvez por ser empresário, por saber que o risco de isso acontecer é inerente à existência de empresas, porque faz parte do risco que aceitei quando fiz a minha empresa. São decisões minhas, e dos meus sócios, que ditam o destino e não tenho alternativa que não seja tomar as melhores decisões que consiga e aceitar as consequências (sejam elas boas ou más).

Ver os sustentáculos de unidades familiares tomarem más decisões é um drama. Mais não posso fazer que ajudar quem me é próximo. Mas tenho dificuldade em perceber como é que gastar sistematicamente mais do que se ganha (viver a crédito) pode na cabeça de alguém "correr bem". A alienação entre o acto de gastar/aceitar dinheiro emprestado e a percepção exacta do esforço para pagar esse crédito não faz sentido. De alguma forma as pessoas conseguem ver os benefícios de "ter já" com muita facilidade e não ver o esforço futuro necessário para pagar a conta. Irracional e não, não é "ser humano", é ser burro. São coisas diferentes que não quero que sejam sinónimos.

Ver estados endividarem gerações gratuitamente e de forma leviana é repugnante. Há motivos para o fazer (guerras, catástrofes naturais, epidemias, etc) mas o bem-estar e ganância temporários e de curto prazo dos políticos, e quem os elege, não são uma delas. Se há regra constitucional que deveria existir é a limitação do endividamento de médio e longo prazo. Os vossos filhos e netos merecem não estar limitados pelos progenitores burros que tiveram.

Usar como desculpa que "os outros" também fizeram não fica bem a idiotas adultos com argumentos e comportamentos de crianças irresponsáveis. Estamos a ter o comportamento de burros apaixonados por utopias. Há consequências de longo prazo. Quem tem filhos/netos devia pensar um bocadinho no legado que lhes está a deixar.