Paulo Laureano Estar vivo é uma condição precária com um péssimo prognóstico...

Os GOE contra ladrões de bancos




Introdução...

7 de Agosto por volta das 15h, Lisboa, em plena “silly season” noticiosa, dois sujeitos lembram-se de ir fazer um assalto a um banco (BES) na Marquês de fronteira. A policia chegou, impediu a fuga, e os dois assaltantes refugiaram-se no banco com seis reféns. Entretanto a policia consegue (negociando) que quatro reféns sejam libertados, sobram dois, que ficam nas instalações do banco até perto das 23:30.

As três imagens são imagens dos breves segundos que demorou a intervenção do G.O.E. (Grupo de Operações Especiais da Policia de Segurança Pública). Os dois assaltantes chegaram-se à porta, com os dois reféns. Um deles é abatido por sniper (o que está à direita), o segundo (da esquerda) recua, um segundo tiro de sniper faz um buraco no vidro e os G.O.E. precipitam-se para dentro do edifício. Ouve-se mais um tiro e está tudo terminado em menos de cinco segundos.

Os dois reféns são libertados. Um dos assaltantes morreu na intervenção e o segundo foi enviado para o hospital em estado considerado “grave”. Tudo isto foi visto e ouvido em directo na SIC noticiais. Uma tragédia em que os “maus” foram baleados e os “bons” se encheram de glória.


Os G.O.E.

Tenho um profundo respeito e uma admiração mórbida pelos elementos das forças especiais treinados para lidar com estas “situações limite”. São pessoas capazes de lidar com a insanidade de matar outros seres humanos, em nome do estado, para proteger o cidadão comum. O mesmo acto insano (i.e. de se matar alguém) faz deles heróis e do comum criminoso um assassino. O motivo pelo qual se mata alguém faz toda a diferença na nossa avaliação. A violência extrema de matar alguém é a mesma, pelo que a carga emocional também será.

Não faço a mínima ideia do que se passa na cabeça de assaltantes, nestas e em outras situações, mas parecem-se francamente burros. Pouco inteligentes. Estar cercado, em particular numa situação em que há reféns, e fazer frente a grupos de operações especiais é uma situação impossível de ganhar. Quando não há reféns é apenas uma batalha de tempo, paciência e desgaste nervoso, ninguém das autoridades quer dar uma ordem de matar gratuitamente os indivíduos barricados, muito menos com as câmaras de televisão a filmar em directo. Quando há reféns muda tudo, o valor das vidas dos assaltantes desvalorizam-se de forma proporcional à valorização que é feita da vida dos inocentes envolvidos... ou as negociações são francamente promissoras ou a probabilidade de uma intervenção “dura” é muito grande.

Francamente não vejo a lógica de se barricarem... acabou. Perderam. Correu mal. O assalto falhou e foram apanhados. Barricarem-se e fazerem reféns é completamente estúpido. É só adiar e agravar as consequências. Particularmente se já perderam todas as vantagens estratégicas que tinham (i.e. poder e influência sobre os funcionários do banco, por força da ameaça de violência) e a hipótese de sair daquela situação sem serem apanhados pela policia... e pelo contrário, estão obviamente sem qualquer hipótese de sairem de lá sem se magoarem, se é que saiem vivos, em caso de confronto com forças especiais.

No cenário mais vulgar estamos a falar de um “bluff” tremendo, sem qualquer racional por trás, de patetas assustadores e sem grande capacidade cerebral, mas potencialmente perigosos... contra profissionais treinados, bem armados, experientes e com o tempo do lado deles. Os G.O.E. são efectivamente perigosos, o potencial está mais que demonstrado. Se não há reféns a policia tentará tudo para que o caso termine sem violência... se há uma resposta violenta, ou vidas de reféns em jogo, as prioridades mudam substancialmente e “será necessário neutralizar a ameaça com força proporcional”.

Defrontar os G.O.E. é só mesmo para quem esteja disposto a morrer (e eles ajudam muito)... Morreu um dos dois burros na Marquês de fronteira, depois de tentar assaltar um banco, “move along, nothing to see here”... pode ser que alguém aprenda a lição (que é “se o assalto correr mal e forem apanhados, resistir e fazer reféns será a coisa mais estupida e suicida que podem fazer&rdquoWinking.