Paulo Laureano Estar vivo é uma condição precária com um péssimo prognóstico...

Este nosso Portugal


No Facebook esta semana escrevi em comentários a posts de amigos algumas coisas. Não quero deixar de passar para aqui algumas das ideias centrais…


Futebol e politicos



Um amigo meu colocou na sua “wall” esta imagem:

Pasted Graphic

A que eu respondi que tal não é nem possível nem expectável. Ninguém pede excelência a pessoas que sabemos que são medíocres, como é o caso da esmagadora maioria dos nossos políticos. Deles esperamos mais mediocridade. Pelo contrário o Ronaldo sabemos que é muito bom na sua profissão, e por isso mesmo queremos que se supere, seja o melhor do mundo...


Politicos de carreira e as juventudes partidárias



Os lideres do PS e PSD cresceram nas juventudes “socialista” e “social democrata”. Cresceram e prosperaram (chegando a liderança) nesse mar de mediocridade, troca e favores, por oposição a serem pessoas que no mercado de trabalho demonstraram o seu valor criando empresas e riqueza.

Para quem não percebe, as juventudes partidárias, tal como a “mocidade portuguesa” ou a “juventude hitleriana”, não servem para rigorosamente nada excepto doutrinar determinados valores em miúdos. A ideia, para além de colarem cartazes e fazer numero em manifestações, é que venerem determinados valores e personalidades. No caso dos nossos partidos actuais; uma sociedade democrática com pilares socialistas.

O problema é se queremos líderes para a nossa sociedade que sejam “verdadeiros crentes” ou pessoas com provas dadas em áreas como economia, gestão, direito, etc. Eu aceito um papel de pessoas saídas destas organizações nos partidos e organizações, desde que mostrem na sociedade em que se inserem o seu valor (i.e. não se trata de picar o ponto, mas conquistar a admiração dos seus pares de profissão, por oposição a “colegas” de partido) trabalhando fora do âmbito “político”. Crescerem nestas organizações “per si” não é nenhum defeito mas chegarem ao poder “sem mais” é uma distorção da realidade.

O problema numa sociedade em que existe uma classe dirigente (i.e. dominada pelas organizações partidárias), é que isso torna complicado aos melhores lideres e profissionais que temos, que não estejam integrados no meio político, poderem prestar à nação o inestimável serviço de nos servir. Gostava de poder votar numa “Sonae ou Jerónimo Martins” (salvo seja, nos seus melhores lideres e técnicos nas mais diversas áreas), para nos governar. Votar no líder dos coladores de cartazes e cheerleaders das “juventudes partidárias” para primeiro ministro é um disparate óbvio.


Uma oportunidade única para atenuar 30+ anos de disparates desperdiçada...



Em Portugal passou-se algo extraordinário em que ninguém parece ter reparado: votámos um plano nas ultimas eleições. Três dos cinco partidos socialistas assinaram o memorando imposto a Portugal. Toda a definição do caminho a seguir estava por isso definida. Mesmo assim estes (desculpem o termo) anormais incompetentes conseguiram não aproveitar a hipótese circunstancial (de o programa lhes ter sido imposto, inclusive com reformas associadas em cima da mesa) para fazer as reformas estruturais que Portugal necessitava para ser competitivo.

- Não se fez uma reforma da legislação laboral. Continuamos com o mesmo disparate socialista, que perpetua o desemprego e premeia a mediocridade de quem não quer trabalhar mas não pode ser despedido sem custos elevados para quem cria empregos. Não é de estranhar que tantos portugueses sigam para países como a Inglaterra (legislação laboral mais liberal do planeta!). O mesmo se passa com o capital e investimentos.

- A nossa justiça não funciona em tempo útil. Se justiça não há como cobrar dividas, impor coercivamente o respeito por acordos, salvaguardar respeito por regras. que Deve ser profundamente complicado olhar para países onde funciona e aplicar a mesma formula. dado que a nossa tem dado tão bons resultados é de ir fazendo remendos cosméticos. Pessoalmente não acredito minimamente em nenhum processo que tenha de passar pela justiça portuguesa. Restam empresas de cobranças, ter cuidado com o que se acorda, e não poder dar qualquer tipo de crédito ou conferir credibilidade a seja quem for. É um mau pressuposto para se fazerem negócios.

- O estado continua a perpetuar dividas a fornecedores (na minha opinião o estado não deve ter em nenhuma circunstância qualquer tipo de divida e os pagamentos devem ser nas datas estipuladas para o efeito) e a dar os piores exemplos de incumprimento.

- O estado continua a cobrar impostos indevidos de forma abusiva (IVA contra facturas, exigindo às empresas a entrega de um imposto que ainda não foi cobrado aos seus clientes). Quando não paga a um fornecedor atempadamente (i.e. sempre!) chega ao absurdo de exigir o IVA “em dia” das facturas que tem em atraso aos seus fornecedores quando finalmente decidir que vaio fazer o pagamento.

- Continuamos a ter uma máquina social (de serviços e benefícios) que não podemos pagar. O governo dos três partido signatários do memorando (oficialmente de dois deles, na prática um compromisso a três) foi incapaz de reduzir a despesa pública de forma significativa: para metade ou um terço. Realizou “operações de cosmética” mantendo o real problema: gastamos mais dinheiro do que a sociedade gera em impostos. Em vez disso criaram uma aberração fiscal que afasta empresas e riqueza do nosso país, numa situação em que há liberdade de movimento de pessoas e capitais dentro da união europeia. Assim não é “complicado”, é mesmo impossível.

No cenário (único e extraordinário) em que havia um compromisso dos três maiores partidos com um documento não foi alterada a constituição (socialista, utópica e ultrapassada) que temos, não foram alteradas as estruturas que nos condenam a ser pobres e pouco competitivos.


Democracias e totalitarismo



Não é de animo leve que realizo a falência e distorções existentes na nossa sociedade. Os regimes democráticos criaram uma classe dirigente corrupta, incompetente e subserviente, e um sistema que a perpetua. As pessoas votam cada quatro anos em cinco partidos socialistas, que no fundamental estão de acordo, variando apenas em questões de pormenor quanto a abordagens a tomar. O sistema partidário trabalha fundamentalmente para si próprio, é na prática controlado por interesses transversais aos cinco partidos (i.e. maçonaria e opus dei), e a classe dirigente serve-se primordialmente a si própria.

O ciclo, mostra a história, só é quebrado em momentos de profunda depressão e falência. É nessas circunstancias que se geram “Hitlers” a ganhar eleições e a chegar ao poder em regimes democráticos. A Europa para lá caminha. Não é um problema “português”, ou “grego”, ou “espanhol”. É irónico ver a Alemanha a receitar o mesmo remédio (empobrecimento e austeridade) que lhes foi imposto no final da primeira guerra mundial, conduziu à ascensão ao poder do partido nazi, e a antítese de que proporcionou ao mundo mais de meio século de paz no final da segunda guerra mundial..

Quando não se aprende com a história estamos condenado a repetir a mesma, e é preciso ser profundamente estúpido para não se perceber a relação entre causa de efeito a que leva esta lógica, para esperar resultados diferentes.

A minha única esperança neste momento é o exemplo islandês, que substituiu uma classe dirigente que levou o país à ruína, fazendo literalmente uma revolução. Adivinhem qual é o país europeu mais distante da crise actual?

Por favor acordem. Antes que morra gente, antes que se chegue a guerras civis ou à terceira guerra mundial. Por mim, por si, pelos seus filhos e pessoas de quem gosta. Portugal precisa de um novo partido político, de lideres decentes, de pessoas que evitem o que está no horizonte. É assustadoramente óbvio o que vai acontecer.

O nosso desgoverno



desgoverno |ê|
(
des- + governo)
s. m.
1. Falta de governo.
2. Mau governo; má administração.
3. Desperdício, esbanjamento.


desgovernar
(
des- + governar)
v. tr.
1. Governar mal.
2. Desperdiçar, malgastar.
v. intr.
3. Não obedecer ao leme; navegar sem governo.
v. pron.
4. Desregrar-se; governar-se mal.


O problema...



Portugal tem um sério problema de “desgoverno”. Vivemos numa sociedade utópica, em que cinco partidos socialistas lutam de quatro em quatro anos pelo poder, conferido por um regime democrático. Todos os partidos defendem a preservação de um estado social, gentil e paternal, que cuida da nossa educação, saúde e segurança. Variam ligeiramente as abordagens, entre os diferentes partidos, mas nenhuma delas é minimamente realista ou pragmática e todos são “defensoras da utopia do estado social”.

Realismo e pragmatismo são necessários para determinar “o que queremos” e (objectivamente) “o que podemos pagar”. Não havendo meios para “pagar tudo o que queremos”, teremos que fazer escolhas. Salvaguardamos o que consideramos mais importante em detrimento do resto. O que não podemos fazer é construir um estado social que não podemos pagar. Isso é uma perversão.

O resultado de quase 40 anos de socialismo descontrolado, pago a crédito, sem qualquer tipo de rigor. É um país falido, com a maior carga fiscal de sempre, em que o estado social não é a organização de “excedentes” para salvaguardar os mais fracos. Aparentemente “o estado social é o objectivo”, a perseguir mesmo que isso implique destruir o tecidos produtivo da sociedade que o sustenta. É um estado social também suicida.

Alguém nos mentiu, criou a ilusão de que somos ricos, e que os problemas são de “eficiência” do estado. Retirar “os excessos de gordura” da máquina foi o grande plano que este governo usou como plataforma eleitoral. Isto é uma visão completamente surrealista do problema. Não é a (óbvia) falta de eficiência do estado que é o problema. É o excesso de ambição na definição de objectivos e o descontrole da despesa. Ninguém com dois dedos de testa espera qualquer tipo de eficiência das organizações estatais. As organizações estatais são corruptas, as pessoas que as gerem escolhidas por políticos, todo o modelo é de profunda ineficiência. A progressão na carreira é baseada no tempo que passa e botas lambidas. Porque raio alguém pode esperar um resultado diferente do que é previsível?

O problema é que as mesmas não vivem com o seu orçamento “limitado ao que os contribuintes pagam”, pelo contrário “criam dividas” em nosso nome, para serem saldados com “impostos futuros”. Este é o único problema real. Esta irresponsabilidade criminosa, em nome de ideais “nobres”, perpetuada pelo mar de corrupção e jogos de interesse da nossa classe política. A corrupção e incapacidade de prestar os serviços de forma eficiente são “fogo de vista”, “areia para o ar”. Ninguém quer saber disso se for barato, ou pelo menos sustentável, até faz as pessoas sentirem-se gratificadas por viverem numa sociedade que cuida dos seus elementos mais fracos. Nunca ninguém fez drama nenhum da “misericórdia” ser um antro de “tias”, a gastar o dinheiro dos outros para ajudar terceiros”, com a ineficiência digna de qualquer policia africana. O problema é quando essa máquina nos destrói, criando dividas impossíveis de pagar, asfixiando a sociedade em vez de a servir.


As falsas soluções (que agravam os problemas antigos e criam alguns novos)



Quem acredita que “retirando gorduras e ineficiência” das máquinas estatais é um projecto possível? Dedo no ar… ok, um dois… vários idiotas. Entendam de uma vez: não podem fazer organizações eficientes se:

- Ninguém pode ser despedido. Não há discriminação negativa para quem não se esforça, ou para quem sabotar o trabalho dos outros, ou para quem pura e simplesmente se está nas tintas. Sem poder trocar os maus funcionários públicos por outros, sem essa ameaça omnipresente, é impossível optimizar seja o que for.

- Ninguém é premiado por trabalhar mais. Não há discriminação positiva, o talento e esforço não são sinónimos de reconhecimento, de uma mais rápida e merecida progressão na carreira, de melhores salários e benefícios.

Qual é o problema? O sistema está moldado para a massa de funcionários públicos ser uniforme, em que as pessoas não são discriminadas, e a discriminação é necessária. Porque os seres humanos não são todos iguais, porque uns trabalham mais que outros, porque uns se encostam mais que outros. Quando a assiduidade é mais importante que o que é produzido, quando as metas são picar o ponto à entrada e saída, quando as avaliações são um processo que se pretende “não discriminatório”, o resultado é visível para todos.

Eu percebo que toda a gente goste da ideia de haver “ensino” gratuito, “saúde” gratuita, “segurança” gratuita, apoios para todos os que estão em dificuldades, etc. Isso todo seria óptimo e realizável se fossemos ricos. O socialismo é óptimo para países com petróleo/diamantes/gás. Em que se a parte necessária da população (ou estrangeiros) o extraírem, o resto das pessoas pode viver das mais valias geradas. Em países pobres o socialismo precisa de ser proporcional à riqueza que a sociedade gera, ou seja, só pode gastar as mais valias geradas em impostos pela população activa. Se geram pouca riqueza temos que ter menos socialismo.

Cortar os salários de forma cega, não discriminatória e transversal a toda a função publica é um disparate de proporções épicas! Precisamos de cortar com os elementos menos produtivos (despedir as pessoas!), atrair novos elementos mais produtivos (contratar pessoas com capacidade e vontade de trabalhar) com melhores salários para os que ficam. É precisamente nesta gestão sem discriminação que está um dos grandes problemas. O que fizeram, ao cortar 1/7 dos rendimentos foi penalizar todos os funcionários públicos, independentemente de quem trabalha muito ou pouco. Pura demência, uma tremenda injustiça, e uma redução em apenas 1/7 dos custos, sem qualquer optimização ou beneficio para a máquina estatal. Era preferível despedir metade das pessoas (ou 1/3, ou 2/3, seja qual for o numero correcto) e aumentar os salários de quem fica, contratar bons gestores no mercado, com contratos a prazo e salários parcialmente dependentes de resultados (não digo “altos”, porque altíssimos já eles são em muitas empresas públicas e de capitais públicos: o erro é não estarem indexados a resultados e níveis de eficiência, são tachos, cemitérios de elefantes brancos políticos, ninhos de lambe botas que nunca geriram uma empresa “real” fora da asa do estado).


As soluções (simples de perceber e implementar)



O problema: Temos uma máquina estatal (de gastar dinheiro) desproporcional, que nos endividou em mais de 100% de toda a riqueza gerada no país por ano (i.e. PIB). Precisamos de pagar essa divida e lidar com o tamanho desse “monstro” consumidor de dinheiro.

A solução é reduzir a máquina estatal à dimensão que podemos pagar (i.e. o nosso orçamento), deixando margem para o pagamento das nossas dividas. Não sei se é 2/3, 1/2 ou 1/3 do tamanho actual. Mas não deve ser difícil fazer a conta de merceeiro e descobrir. Isso implica despedir muita gente (muda-se a lei, não podemos ter leis impraticáveis e insustentáveis, e é para isso que temos organismos legislativos, caso contrário não precisávamos de novas leis), fechar muitos hospitais, escolas, acabar ou baixar muitos subsídios, adequar as nossas despesas em exércitos (onde temos mais generais que os estados unidos, num exercito muito menor!) e policias. Se isto for implementado resolvem o problema de fundo.

O estado não gera riqueza. Apenas a gasta. A solução de atacar “as receitas” (cobrando mais impostos) e baixar com pinças as despesas (ai, não queremos despedir ninguém, nem fechar muita coisa, vamos antes cortar dois salários por ano e em “detalhes” que dão nas vistas) é uma falsa solução. Pior que isso, é uma solução que afasta investidores de Portugal, que fecha empresas, que estrangula quem gera as receitas para o estado gastar. É um completo suicídio, que vai levar Portugal para um filme Grego. E o filme é o mesmo, eles vão é uns capítulos à nossa frente. O resultado do disparate de impostos vai ser haver menos empresas, menos economia, e consequentemente menos impostos cobrados. O estado fica com despesas agravadas exactamente na mesma proporção; subsídios de desemprego, rendimentos mínimos e aumento da criminalidade.

Mudem a legislação laboral para o modelo Inglês ou Americano (nem precisam de inventar nada!).
O que nós temos é uma barbaridade socialista que torna as nossas empresas pouco competitivas e perpetua o desemprego (limitando a rotatividade de quem trabalha). Querem investimento a sério, já, e pleno emprego? Adoptem os modelos chinês, brasileiro ou Indiano. Decidam com querem querem competir. Neste momento o que estão a fazer é destruir a nossa sociedade. E sem ela paradoxalmente o vosso “querido e falido estado social”. Deixem as empresas empregar quem quer trabalhar e despedir quem não quer. Acabem com os subsídios (e respectivos impostos para a segurança social) e vão ver como as pessoas se mexem. Até vou mais longe: DEIXEM AS PESSOAS ESCOLHER! Deixem que as pessoas escolham entre “o vosso querido estado social ultra regulamentado” e o “liberalismo puro”, implementando um duplo sistema (como na china) e vão ver quantas pessoas preferem os empregos inexistentes e regulamentados face à abundância de oportunidades. Convidar as pessoas a emigrar é uma estupidez sem paralelo. Porque é que eu conheço tanta gente a ir para Londres e para os Estados Unidos? Porque lá há menos socialismos estúpidos e mais empregos. Deixem antes que as empresas venham para cá com impostos mais baixos, ampla oferta de mão de obra, e com um duplo sistema em que as pessoas escolham se querem a “vossa protecção” ou trabalhar nos moldes em que acordarem com os respectivos patrões.

E por favor, parem de enganar as pessoas, acabem lá com a ilusão de que somos ricos e só podemos trabalhar X horas por semana em empregos em que se não formos produtivos é… igual. Pode parecer uma “doce e conveniente mentira branca”, mas está a assassinar o nosso país. É insustentável manter 5 partidos com diferentes tonalidades de socialismo, uma constituição que parte do pressuposto que temos petróleo ou diamantes, e uma legislação que premeia a mediocridade.

Quem salvar o país perde as eleições seguintes? Provavelmente. Mas que diferença faz que mudem os porcos da nossa quinta orwelliana? Não consigo descobrir nem políticos honestos capazes de dominar as máquinas partidárias (muito eu gostava de ver o Rui Rio primeiro ministro), nem vejo um povo consciente da barbaridade que foram os últimos 40 anos. Tanta gente estúpida que continua a reclamar os ideais utópicos do refrão da cantiga que lhes deram.

MrNet em 2011

Viver neste cenário de espiral descontrolada da economia e gerir uma empresa é de doidos. Estou cansado pelos telejornais, políticos, da cassete dos partidos de esquerda e sindicatos, da falta de visão e senso generalizada. Parar de lutar não é uma opção, preciso de ganhar a vida, de manter a minha empresa lucrativa, de inventar negócio e manter pessoas satisfeitas com os resultados. Não é tarefa fácil. Mas não é algo de que possa fugir, pelo que arregaço as mangas e trabalho...

O primeiro semestre deste anos correu bem. Aqui estou eu para o segundo. Tudo indica que ainda não é desta que a empresa implode ou explode. Há trabalho e mercado, tudo indica que cá estaremos para 2012. São 12 anos de sobrevivência, com muitas crises pelo meio, vigarices e calotes de muitos clientes, e sobrevivemos com as contas muitas vezes no vermelho, quase sempre no amarelo e raramente no verde. Essa ideia de que ser dono de empresas equivale a ter uma vida desafogada e isenta de preocupações é completamente desajustada da realidade.

Nunca a Mr.Net trabalhou tão bem. A evolução da qualidade do nosso trabalho é notável. Aprendemos com os erros, somos capazes de nos superar em termos criativos e de resolver problemas que parecem “impossíveis” a favor dos nossos clientes. No primeiro trimestre deste ano fizemos um novo portal para a Câmara Municipal de Lisboa, um novo site para a Tap, participámos em projectos do novo “middleware” do cartão do cidadão e fizemos um portal para a associação de estudantes do IST. Pelo meio ainda houve tempo para uns meses de consultoria à Sonae e ajudar a estabelecer os alicerces de estratégias para as futuras actividades do grupo online. Nada mau, no contexto de pequena empresa, para os primeiros meses de um ano complicado.

Todo este trabalho implicou muitos fins de semana e feriados a trabalhar, muitos dias que se prolongam noite dentro, uma dedicação e espírito de missão impares. É esse o preço de ter escapado à crise. Trabalhar desalmadamente. Procurar trabalhar “melhor”. Lutar até ao limite da resistência de todos em prol de quem nos assegura estabilidade financeira.

Crise de 2011 (Parte 2)

Portugal bateu no fundo, ou está anunciado que vai bater, ou está a bater. A Moodys classificou a divida do estado português como “lixo”, o primeiro ministro sentiu isso como um murro no estômago, o Facebook explodiu com grupos a propor “mandar a Moodys à merda”, “enviar lixo para a Moodys”, fazer um denial of service ao site deles, etc.

Pessoalmente confesso que tenho “um problema” com esta história de classificar a divida do estado Português como “lixo”... esse “problema” consiste em eu achar que é mesmo “lixo”. É um problema tramado.

Tenho muita dificuldade em entender como é que o nosso estado achou que podia ter um défice orçamental durante décadas consecutivas, chegando ao limite de a divida ser maior que o PIB anual, sem que isso fosse, mais tarde ou mais cedo, uma divida que custaria a pagar...

Já escrevi em tempos que somos uma nação apaixonada por ideais sociais que não temos dinheiro para pagar... eu também acho (faz de conta) que seria óptimo ter um estado com recursos capaz de corrigir todos os problemas da sociedade, capaz de garantir saúde, educação, igualdade de oportunidades e segurança a todos. Acontece que, não tendo dinheiro para tudo isso, há que escolher de forma racional o que se consegue pagar. Temos uma constituição socialista e utópica, escrita a pensar numa realidade que decididamente não é aquele em que vivemos.

O problema já seria mau se o estado (que não produz riqueza nenhuma) se limitasse a gastar mal o dinheiro que arrecada (em impostos, que são a única fonte de rendimento do estado, não há mesmo galinhas de ovos de oiro escondidas na casa da meda!). Vai mais longe, gasta mais dinheiro que o que arrecada, há décadas. Neste momento já não consegue pagar as prestações do que deve, e dado o total desnorte estratégico, quem empresta dinheiro exige juros elevados inerentes ao risco mais elevado de incumprimento.

Voltamos à Moodys: é paga pelos próprios estados, autarquias e empresas, para avaliar o risco de investimento... durante 15 anos classificou o estado Português ao mesmo nível que a Alemanha (daí década e meia de juros baixos, a explosão de compras de casas, crédito ao consumo, etc). Foi um erro grosseiro de avaliação. Foram completamente incapazes de avaliar os investimentos que levaram ao rebentar da bolha do “subprime” norte americano. um segundo erro grosseiro. Actualmente parecem ser bastante mais conservadores na avaliação de risco... tenho alguma dificuldade em classificar isso como um “terceiro erro grosseiro”. Pelo menos não é na mesma linha...

É complicada a relação entre agencias de rating e os seus clientes. Naturalmente os clientes não gostam de ser avaliados como “um produto de risco” para os investidores. O motivo porque as agências de rating não perderem todos os clientes que avaliam como “investimentos de risco” é a necessidade de uma classificação de agencias de rating para contrair empréstimos no mercado. Ora, quando esse rating é “muito mau”, de facto não vale a pena nem contratar as agências, nem tentar ir ao mercado, e a culpa não é nem das agências nem de especuladores (os maus da fita para os Portugueses). É para estes casos que serve o FMI/BCE, e os respectivos planos de resgate, acompanhados de medidas que permitam diminuir o risco de incumprimento (igualmente vistos como uns senhores terríveis que nos querem explorar e fazer mal). Temos todos 11 anos e somos estúpidos? Parece... A começar pela nossa comunicação social...

Portugal continua a ir ao mercado regularmente e a pagar juros absurdos. Isto é um disparate absoluto. Acontece com regularidade. A alternativa é parar de pagar contas. Mudar as leis necessárias, despedir pessoas, fechar escolas e hospitais, cortar com os todos os apoios sociais que não temos dinheiro para pagar. Isto porque a prosseguir por este caminho estamos a caminhar para o colapso total, e aí não é cortar excedentes que não podemos pagar, é perder tudo em bloco num futuro próximo.

Ah, “isso não pode ser”, pensam alguns. Pode e deve, digo eu. É que a alternativa é muito pior, e consiste em ir aumentado impostos, estrangulando a economia, destruindo precisamente o que gera riqueza nesta país, que são as empresas. Esse é o grande erro, estratégico e mortal, que está a ser cometido. Essa tentativa de “equilíbrio” entre “cortar na despesa e aumentar a receita” é uma solução francamente coxa, que vai debilitar a economia real, gerando na prática menos receita, tornando o país pouco interessante para investimentos, e criando todas as condições para uma economia recessiva.

Há duas hipóteses, que não são mutuamente exclusivas, ambas desagradáveis e com consequências diferentes: “cortar na despesa” (i.e. gastar menos dinheiro) e “aumentar a receita” (i.e. ir buscar mais dinheiro” em impostos a particulares e empresas). Vejo pouco das primeiras e demasiado das segundas. O problema é que “mais impostos” é que significam menor fôlego das empresas, menos emprego e uma economia menos competitiva. Cortar a sério “na despesa” significa menos “quadros no estado”, menos serviços financiados (menos saúde, menos educação, menos segurança, menos protecção social), menos subsídios.

Eu devo ser o único português (ou um dos poucos) que acha que se deviam mudar as leis, acabar com uma legislação laboral absolutamente desadequada à realidade em que vivemos, cortar a sério na despesa e dar a volta ao texto reduzindo a máquina estatal até ao limite da receita real (depois de descontados os valores das prestações devidas). Para salvar o barco é necessário sacrificar alguns dos tripulantes? Seja. Dramático como é, antes isso que deixar o barco afundar e perder tudo. Antes isso que sacrificar a economia real que alimenta o monstro que é a máquina estatal.

Tenho a estranha impressão que os nossos governantes não entendem a lição simples das ultimas décadas: “não podem gastar mais que o que recebem”. Precisam de pagar o que já pediram empresado. Está na hora de cortarem nos brilharetes, nas inaugurações, nos projectos megalómanos, e... gastarem apenas o que existe, sem se endividarem mais, amortizando as dividas existentes.

Não podem “cortar na despesa” porque não podem despedir pessoas? Claro que podem! Mudem as leis, é para isso que são eleitos, para isso que existe uma assembleia da república. Se continuarem a apertar com a receita... bom, desconfio que teremos uns anos de agonia e extrema fragilidade pela frente. Não acredito que se possa competir a partir de Portugal com impostos desproporcionalmente elevados. Pelo menos não nos sectores primário e secundário...

Estão a dar marteladas nos dedos dos pés para sentir o alivio dos intervalos. É literalmente o que significa este tímido corte na despesa (sem resolver os problemas endémicos), acompanhado pela maior carga fiscal de sempre. Sentem o alivio temporário no balancete do estado? Óptimo, preparem-se para a martelada seguinte. Isto vai doer...

Crise de 2011 (Parte 1)

Chegou o ano de todos os perigos, uma angustia anunciada e repetida várias vezes por dia nas televisões, rádios e jornais. Impostos, desemprego, recessão, pessimismo. O mais optimista dos mortais é contagiado por esta onda de fatalismo. Qual o antídoto para tudo isto? Trabalho, coragem, imaginação e inteligência (não necessariamente por esta ordem). Um bocadinho de sorte também ajuda.

O meu primeiro trimestre foi bom. Muito bom. Trabalhei como um doido, eu e todas as pessoas que estão na MrNet, mas 2011 começou da melhor forma. Agora é planear cuidadosamente a segunda metade do ano. Escolher os desafios certos, conseguir cumprir com os que aceitar.

Portugal infelizmente está em pior estado que a MrNet. Olho à minha volta e vejo um pais de putos mimados, à espera que alguma coisa lhes caia no colo, e cheios de exigências. Dizem-se à rasca. E a culpa é "dos mais velhos", que tiveram toda a sorte do mundo... não tiveram. A "sorte" da maioria deles deu muito trabalho.

Temos um país colectivista, sindicalizado, endividado, com uma paixão por ideais socialistas e sem dinheiro para pagar esse amor todo. Está na hora se as pessoas individualmente assumirem uma postura diferente, arregaçarem as mangas e fazerem muito mais e muito melhor. Não é o momento para choramingues e mariquinhas. Precisamos de bons lideres, de pessoas com força e vontade de trabalhar, de resolver os problemas que nos são mais próximos, um de cada vez.

Do estado Português só queria juízo e bom senso. Não vamos ter nenhum dos dois. Não vai acontecer. Vão gastar tudo o que arrecadarem em impostos e todo o dinheiro a crédito que conseguirem. A classe política, que é parte do problema e não da solução, com a habilidosa "democracia indirecta" (i.e. só podem votar máquinas partidárias) é um regime viciado. A menos que pertençam a um partido político "oficial", ou a um dos grupos de poder "oficiosos" (Maçonaria e Opus dei), estão "fora desse jogo". A classe dominante está estabelecida. São os "porcos" do "animal farm". Podem escolher a cor, sexo e feitio, do vosso "porco" favorito, um voto por pessoa.

As pessoas devem concentrar esforços a resolver problemas "mais pequenos", ao nível de empresas e comunidades em que se integram, gerar dinheiro e poder a esse nível. Os problemas "nacionais" e "europeus" estão longe de poder ser resolvidos pelo comum cidadão. Esse "jogo" é para "outros jogadores", o vosso papel nele é só pagar impostos e votar.

Bom 2011 para todos. Votos de que dispensem menos atenção ao estado, vejam menos telejornais, abram os olhos para realidades que estão mais próximas e nas quais podem fazer toda a diferença.

Este nosso Portugal

Vivemos num país complicado. Governos (sucessivos do PSD e PS) que gastam mais dinheiro do que cobram em impostos, pessoas assumem que adquiriram uma série de direitos e privilégios e não os querem perder mesmo que não exista dinheiro para os pagar, com um mercado em que “aldrabões” e “lobbies” me parecem francamente determinantes para o sucesso.

Para quem ainda não percebeu: o estado português gasta dinheiro em excesso. Mais que o que cobra em impostos. Para suportar esta prática (nos últimos 30 anos) recorreu sucessivamente a crédito para financiar o défice (i.e. a diferença entre o que arrecada em impostos e o que gasta). Chegou a altura de pagar as contas e travar o processo de endividamento. Quem nos empresa dinheiro acha que somos um cliente de risco e, consequentemente, cobra juros demasiado elevados para ser praticável viver da mesma forma (acima das nossas possibilidades) por mais tempo.

Vendam as reservas de ouro (e tudo o que for necessário) e paguem as dividas. Ganhem juízo e bom senso e passem a gerir o pais com os meios de que dispõem (e não a crédito). Se não há meios para pagar “tanto estado”, tanto conforto e segurança, precisamos de o “reduzir”. Isso implica menos protecção social. Significa menos serviços “subsidiados”. Significa que se fazemos estradas temos que pagar por elas. Significa que é uma boa ideia as pessoas que podem passem a pagar pelos cuidados médicos recorrendo a hospitais privados. Significa que educar as crianças é caro e é preciso acabar com utopias como o “gratuito” constitucional. O que não podemos é “querer o bolo e comer ao mesmo tempo”, querer os benefícios e protecção e não ter como pagar por ambos.

A nossa legislação laboral é uma merda. É complicado despedir quem não trabalha, ou trabalha mal, e dar oportunidades a quem quer trabalhar. Cair no desemprego é uma situação muito complicada, em particular para malta com mais de 40 anos. Salvar empresas quando há dificuldades é uma missão muito complicada, porque despedir parte das pessoas para salvar os postos de trabalho dos que ficarem é excessivamente caro. Arriscar meter pessoal quando há mais trabalho é por isso um processo mais “lento” e “substancialmente mais arriscado” do que deveria ser.

Estamos no final da linha. Na hora da verdade. Durante décadas fizemos legislação que tem consequências que não temos dinheiro para pagar. Muito bonita, muito humana, infelizmente muito falida, utópica e insustentável. Os nossos políticos lembram-me o “triunfo dos porcos”. Os meus compatriotas parecem adormecidos, incapazes de lidar com o pesadelo que é a actual situação do país, como se o problema “não fosse deles”, como se a solução não tivesse forçosamente que passar por eles. Que bando de “Lemmings”. Estão tão entretidos a reclamar “a perda óbvia” de privilégios, conforto e segurança, que se esquecem de que tudo isso tem um preço e acontece que não temos dinheiro para o pagar.

A solução é pagar as dividas, viver com o que temos, parar com este carrossel de disparates sucessivos. Já há demasiadas contas por pagar... Ah! A cereja no topo do bolo é que o resto da Europa caminha para a mesma situação. Está tudo maluco, toda a gente a imaginar que há galinhas de ovos de ouro escondidas nas bancadas dos parlamentos ou nos ministérios das finanças, à espera de milagres de algum Deus imaginário vai aparecer e pagar as contas.