Paulo Laureano Estar vivo é uma condição precária com um péssimo prognóstico...

Tesourinhos deprimentes... Happy


O que era mais relevante para mim, e que estava perdido na versão antiga da minha página pessoal, está "recuperado".

Deixei de fora umas centenas de artigos que envelheceram "mal". Não se preocupem que não perderam nada. De fora ficaram igualmente referencias a videos e podcasts. Mas podem visitar os meus canais no YouTube e ver os ditos:

Canal principal:
https://www.youtube.com/channel/UCIGNH4JpeG9T7zsUMF-Qgyw

Inclui o meu podcast sobre politica (Tempo de antena):
https://www.youtube.com/playlist?list=PLjSIZ1nqDb2WhYTrXOmWpn-7MbBAfO9hS

Canal sobre jogos:
https://www.youtube.com/channel/UCxzLY-QX9qN9HhLoCsBJN7A

Canal sobre animais:
https://www.youtube.com/channel/UC8feH-RAK_S4V1jng0K1nmg


Deixei links para algumas preciosidades no YouTube:














2019... ano de mudança.

Mantenho uma página pessoal na Internet há vários anos. Desde 2000 e picos… Antes disso escrevia nas BBS (na BAT e na Visus) de que era Sysop nos anos 90. Publiquei centenas de vídeos no YouTube, e deixei pelas redes sociais escritos dispersos ao sabor do momento.

Agora, em Maio de 2019, decidi fazer algumas mudanças na forma como me relaciono com a as pessoas no cyber-espaço. Não tenciono parar de partilhar algumas coisas, mas tenciono alterar formatos e o tipo de mensagens que partilho. Não vou anunciar quais as mudanças, em detalhe, mas será certamente visível a quem me segue nestas andanças…

Acabaram os comentários de estranhos na minha página pessoal. Se alguém quiser falar comigo tem o meu e-mail na página. Quem me conhece pessoalmente tem o meu telefone.

Faço 50 anos este ano… o tempo voa. Com a passagem do tempo vou mudando a forma como encaro a vida, os problemas do dia a dia, o que se passa à minha volta. Não me interpretem mal, eu gosto imenso da minha vida, mas os anos fazem com que se valorizem coisas diferentes, e de forma diferente.

Este fim de semana (estou a escrever isto no domingo à noite) passei os dias a montar um novo servidor. O gozo que me dá administrar sistemas aparentemente não se esgota. Continuo a gostar mais de *BSD que de Linux. Mais agora que nas últimas 3 décadas. Ter documentação decente e estabilidade é de longe mais importante para mim que o acesso às últimas novidades disponíveis no mundo dos sistemas posix. O novo servidor, onde está esta página alojada, passa a ter como domínio o "plaureano.com". O "mrnet.pt" e o "fullit.pt" eram da empresa (Full IT) que durante anos geri. Este servidor é pessoal. Não há nada "profissional" a correr nele. Desde a BAT BBS (anos 90 do século passado) que não administrava uma máquina apenas por prazer, sem ter uma obrigação profissional associada. É um hobby agora, depois de anos a ser uma profissão, administrar sistemas.

Montei o meu servidor de email/web pessoal, para projectos meus e de familiares e amigos, e um sistema de "cloud" tipo Dropbox (para não passar a vida a lidar com as limitações das minhas assinaturas gratuitas da Dropbox e iCloud). O ultimo dos servidores da Full IT "morre" no final do mês, pelo que tinha que tratar disto, deixaria de ter onde alojar o meu e-mail e blog… Happy



Chasing ghosts (Pixels Camp 2017)

Organizei o campeonato de arcades. Este anos (2017) foi a vez do Dig Dug. No final, armado em parvo, resolvi dizer que ia mostrar à malta mais nova como se jogavam arcades nos anos 80… isto ao vivo, sem rede, depois de ter visto o campeão do torneio jogar.




Para quem quer aprender a jogar veja só este video e perceba o jogo, o resto é treinar e ir melhorando:


Podem encontrar o jogo para a PS4 (playstation 4) ou para a Nintendo Switch… e vale a pena, o jogo é brilhante, mesmo 30+ passados desde que foi criado. Custa tipo um euro ou coisa parecida. Ambas as versões são o Arcade original emulado na perfeição.

Quando lamentações substituem sonhos

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Já vi acontecer. Muitas vezes e a pessoas de quem gosto muito.

A consequência não é só as pessoas envelhecerem, é desistirem, viverem amarguradas, derrotadas pelas experiencias anteriores e a arrastarem-se pela vida desperdiçando essa coisa preciosa que é estar vivo. Esse tempo perdido não volta volta para trás. E o tempo é limitado.

Mesmo que a pessoa recupere um dia a alma, vontade e alegria de perseguir coisas, nada permite recuperar o tempo que se desperdiçou.

Vejo essas pessoas não fazerem coisas que lhes dão prazer e gratificação imediatas, porque não se conseguem desligar das consequências ("end game") que gostariam que resultassem das suas próximas acções (i.e. dinheiro / sucesso / reconhecimento / segurança / legado... pick your poison). Nem sempre o caminho mais "directo" para esse "end game" é uma linha recta. Nem é garantido que seja de todo atingível. Não digo que abdiquem do "end game", apenas que gravitem à volta, fazendo no meio termo coisas que vos proporcionem prazer mais imediato, eventualmente até vos aproximem do tal objectivo (que valorizam ao ponto de condicionar tudo o resto).

Os sonhos são perigosos. Estão excessivamente valorizados. Cada vez que alguns são atingidos tipicamente dão lugar a outros mais ambiciosos, e a vida gasta-se a perseguir a cenoura que está sempre centrada no horizonte. E o foco na cenoura não permite apreciar a paisagem e gozar a viagem durante essa corrida desenfreada.

Precisamos de pagar contas. Sobreviver numa sociedade em que há perigos e riscos. Ter um tecto por cima da cabeça e paredes e portas que nos permitam descansar protegidos. Depois disso atingido o importante é viver coisas que nos dão prazer. Se os objectivos e sonhos que nos condicionam ao ponto de destruir o prazer de viver, de fazer as coisas que nos dão prazer, se tudo é perseguir os sonhos, vão eventualmente (e improvavelmente) ser o tipo mais rico do cemitério ou o que era mais famoso ou reconhecido. Não me sai da cabeça a imagem do coelho da "Alice no país das maravilhas" perpetuamente atrasado.

As lamentações, a frustração de não ter ainda atingido metas imaginárias, ou se não se sentirem na "via rápida" para lá chegar, sentirem-se bloqueados em "estações de serviço" da "estrada imaginária" e sem qualquer interesse. Ou pior ainda, sentem-se numa estrada secundária que não está sinalizada no meio de nenhures. Todos os obstáculos parecem inultrapassáveis, ou no mínimo complicados de ultrapassar. São absolutamente óbvias as dificuldades e riscos, tantas vezes por culpa de terceiros, por o campo estar minado e inclinado. Nenhum caminho parece levar onde se exige chegar, todos parecem levar a nada que interesse.
Escrevam um livro, blog, seja lá o que for. Examinem esses objectivos, coloquem-nos em tribunal, sejam advogados das partes e juízes. Contem lá então ao mundo sobre esse mar de dores que foram as vossas experiências. Pode ser que alguém aprenda alguma coisa. Pode ser que quando se observarem com uma perspectiva critica em terceira pessoa descubram onde erraram. Pode ser que descubram que perseguir baleias brancas (Moby Dick) talvez não seja um bom projecto de vida e descubram outro alternativo e mais gratificante. Talvez não.

Recordo-me muitas vezes de um querido amigo meu, que quando lhe cancelaram o projecto de uma vida na televisão (que ele ele fazia há muitos anos), entrou num registo de vida mais amargo. Nunca parou, continuou a fazer outras coisas (deu aulas, continuou o projecto da televisão em rádio, fez mais fotografia e organizou muitas "pontas soltas" que tinha no sotão). Mas com tudo isso, nunca encontrou um caminho para um registo de vida tão gratificante e feliz como o que tinha antes. Acabou por falecer, e eu, que o adorava, confesso que não valorizo a obra dele (que é fantástica!) ao mesmo nível que valorizo os períodos em que o vi mais ou menos feliz. Podia ter feito mil outras coisas diferentes, para mim seria indiferente, o que ele fazia parecia importante na altura, mas o prazer que ele retirava de "fazer coisas" era o que era verdadeiramente importante aos meus olhos (hoje).

O importante é as pessoas extraírem da vida o sumo, a felicidade, o prazer de sentir. Resolver problemas, o gozo de resolver o puzzle, de ser bem sucedido a fazer coisas que eram difíceis. Mas não se condicionem, não joguem o jogo no nível de dificuldade errado. Mudem de jogo se esse não está a resultar. Podem sempre começar um novo. Não desistam é de perseguir esse unicórnio da felicidade, que mais não é que a soma de vários momentos de prazer que encontram pelo caminho. E, feitas as contas no final, ninguém quer saber o que fizeram, ou o não conseguiram fazer. Para quem realmente interessa o importante é recordar os vossos momentos de alegria, o prazer que tiveram pontualmente, e quanto maior a frequência dessas alegrias melhor.

Estejam mais com quem gostam, façam coisas que vos dão prazer, parem lá de sabotar a vossa própria vida (já basta as dificuldades inerente a ter uma e sobreviver nesta selva de asfalto e gente medíocre), preocupem-se mais com o curto e médio prazo que com o longo. Vai chegar o momento em que o tempo é mesmo o mais importante, e ele vai acabar, pensem mais em como aproveitar hoje, esta semana, este mês, para o mês que vem podem já cá não estar, ou pior que isso, pode já cá não estar uma pessoa de que gostam.

O que eu não gosto de ver nos adeptos de futebol

Estádio Alvalada XXI pronto para o jogo

Desrespeito pelos adversários, na minha cabeça é coisa de gente pequenina, são os adversários que valorizam a nossa equipa quando competem, quanto melhores forem melhor nos sabem as nossas vitórias. Chamar aos adeptos dos outros clubes de “lampiões”, “tripeiros”, “lagartos” e afins é próprio de atrasados mentais. Cresçam. Parem de se portar como pré-adolescentes.

Saber perder. Quero sempre que o meu Sporting ganhe, não gosto de ver o meu clube perder, ninguém gosta, mas não deixo de cumprimentar os vencedores, nem desvalorizo o que fizeram quando (me) ganham. Desculpas de maus perdedores são só isso. Foi o árbitro, foi a sorte, foi batota, foi isto ou aquilo. Faz parte do jogo, e no futebol a batotice e a fita, os erros de arbitragem, e a srte, fazem parte do jogo. Não interessa. Não gostam? Talvez o futebol não seja o desporto mais adequado. Experimentem o xadrez. ou mudem as regras do futebol para esses factores terem menos peso. Ganharam, parabéns pelo resultado, a minha equipa terá de fazer mais e melhor e ganhar o próximo.

Saber ganhar. Quando ganho não mando bocas aos adversários, fico contente, mas contenho o meu entusiasmo e manifestações de alegria. Respeito o meu adversário que estará naturalmente a sentir as emoções opostas às minhas. Não há que esconder a satisfação, mas da mesma forma que não vou a velórios dizer que há menos um cretino no planeta onde não faz falta nenhuma, não sinto necessidade de andar a esfregar o resultado na cara das pessoas a quem o meu clube acabou de ganhar. São assim tão frustrados? Precisam mesmo de se portarem como imbecis? Ah, foi, eles também lhe fizeram isso? Cambada de medíocres, tão pequeninos e com tanta frustração com as suas vidas, que fazem da vitória do clube de futebol uma coisa importante ao ponto de se portarem como palermas.

Eu sustento o meu clube, comprando o meu lugar no estádio e pagando quotas de sócio. Aos atletas do clube exijo (como associado) que se esforcem e honrem a camisola. Ganhem ou percam, exijo que se esforcem e façam o seu melhor, não posso exigir que “ganhem” e “não percam”. Ao presidente que seja um digno representante para a instituição. Agora tenho um presidente com que não me identifico, de todo, e um maníaco egocêntrico como treinador. Presidentes passam, treinadores idem, eu sou sócio há 30 anos já vi muitos passar. Não estou a viver um momento fácil como sócio do meu clube.

Socialismo e liberdade


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O conceito de socialismo (prevalência dos interesses do grupo sobre os interesses individuais) soa aparentemente bem à maioria das pessoas. Não soa nada bem a mim, que sou individualista, e entendo que a liberdade individual é o valor mais importante que existe numa sociedade. Entendo que a missão primordial de qualquer governo deve ser salvaguardar essa liberdade.

Faz-me impressão quando o estado resolve limitar a minha liberdade, proibindo-me de fazer coisas que só a mim dizem respeito (andar de mota sem capacete) ou "taxando o que entendem que é mau para mim" (beber álcool ou consumir drogas na privacidade do meu lar sem afectar terceiros). Os estados assumirem uma postura paternalista, tratando as pessoas como atrasados mentais ou criancinhas que precisam de orientação, é insultuoso. Se os estados entendem que quem "anda de mota sem capacete" ou "abusa de determinadas substâncias" não pode onerar os serviços estatais de saúde, muito bem, não trate essas pessoas (elas que apostem em seguros de saúde privados que cubram esses riscos, ou que os assumam, se lhes correr mal o problema é delas). O que não deve é interferir na liberdade das pessoas de tomarem as suas decisões e arcarem com as consequências das mesmas. Liberdade implica isso mesmo: lidar com as consequências das acções que resolver tomar.

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O mesmo se passa com a "segurança social". Se as pessoas não juntam um "pé de meia" para usarem um dia mais tarde, quando forem mais velhos, ou se não tiverem emprego, ou para lidarem com doenças, isso é uma opção delas. Ou melhor deveria ser. A opção que tomam terá consequências e as pessoas devem ser livres de as tomarem. O grande problema é que a nossa liberdade foi revogada, em nome de um "bem comum", porque muita gente não geria bem o seu futuro. E os socialistas, na sua infinita sabedoria, resolveram solucionar o problema com um esquema de pirâmide clássico e obrigatório para todos.

A forma de lidar com o problema dos estados modernos é literalmente tirar o dinheiro às pessoas, supostamente é uma poupança compulsiva e gerida pelo estado. É uma burla. Só é "sustentável" quando a base de contribuintes é maior que a base de beneficiários, porque todo o dinheiro taxado é usado imediatamente para "tapar as despesas correntes" dos actuais beneficiários. As contribuições que são descontadas a cada pessoa não existem para beneficiar o contribuinte "forçado", existem para pagar as despesas de quem está actualmente a beneficiar do esquema. Em Portugal, com a diminuição da base contributiva e aumento da expectativa de vida, o esquema vai obviamente deixar de ser "viável". A única coisa que diferencia um esquema de "pirâmide" ilegal de um legalizado, e perpetuado por um estado, é as pessoas não poderem "sair" e não terem a opção de "não entrar" (i.e. fazerem a gestão das suas próprias poupanças, ou apostarem em seguros de reforma privados, ou em investimentos de longo prazo). Mas nem assim o dito é viável, porque as "saídas" de investidores fazem-se por via da demografia e do aumento das expectativas de mais pessoas viverem mais tempo.

O drama destes estados paternalistas é assumirem que limitando a liberdade das pessoas vão obter melhores resultados. Que não é verdade em muitos casos, como na gigantesca mentira (golpada) que é a segurança social; literalmente um assalto entre gerações. E eu entendo que a qualidade dos resultados nem sequer é a questão, a liberdade das pessoas tem que ser mais importante, que qualquer promessa de um colectivo. As pessoas são livres de usando a sua liberdade se associarem e se protegerem de forma solidária, constituindo seguros de saúde ou de reforma, por exemplo. Mas sem a força de um estado a tornar a adesão a esses colectivos compulsória. É nesse detalhe, de não ter a escolha de aderir, que a nossa liberdade vai pela janela, e somos engolidos pelo colectivo, que se arroga a achar que sabe melhor que o individuo o que é melhor para ele.

Democracia


Alguns pensamentos soltos sobre "democracia"… aparentemente a maior parte das pessoas nunca pensou sobre o que significa e confunde com ser sinónimo de liberdade.

O dicionário não ajuda a descodificar a realidade:

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Ponto 1 da definição: A democracia pode ser directa. (i.e. cada questão é decidida por voto). Tende a ser mais comum com "pequenos" grupos. Progressivamente menos comum proporcionalmente ao tamanho do grupo. Em grupos maiores tende a ser uma democracia "indirecta" ou "representativa", em que se escolhem "líderes" ou "partidos", que por sua vez escolhem as suas equipas, ou representantes, que no fim da linha votam decisões (representado quem os elegeu no inicio do projecto).

Há vários problemas com a democracia mesmo quando é "directa" e outros problemas progressivamente mais complexos quanto mais "indirecta" for a democracia. Mas vamos apenas aos mais simples de entender…

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A democracia é a prevalência da maioria sobre a minoria. 51% das pessoas decidem o destino dos restantes 49%. Ser democrata implica tacitamente aceitar estar em qualquer um destes grupos. Mesmo quando a maioria pode decidir frontalmente contra os interesses da minoria. A maioria pode legislar que determinadas acções são puníveis e impor essa punição à minoria. Não fiquem tão chocados que é isso que acontece em todas as sociedade democráticas. Os direitos do individuo são colocados em risco pela vontade do colectivo.

Ah, e tal, mas "há formas" de salvaguardar os direitos e liberdades do individuo, através de constituições, o grupo assinando convenções (tipo "direitos humanos" e protocolos associados), etc. Basicamente não. Não porque é a maioria que decide as constituições (às vezes com salvaguardas tipo só com 75% dos votos), a que convenções e protocolos decide aderir ou resolve abandonar. Não, não há. A democracia é sempre a subordinação dos direitos dos indivíduos aos interesses do colectivo. Não há veto individual.

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A prevalência do "colectivo" sobre os direitos dos "indivíduos" é o pretexto utilizado nos últimos 200 anos para criar aberrações como o "socialismo". E a dissociação entre democracias e os dois "ismos" só se faz porque, uma vez no poder, os comunistas historicamente demonstraram ter "zero" apetência para dar ao povo a palavra. Os "socialistas" tendem a ser o "bom bandido", que rouba (i.e. taxa) às minorias mais bem sucedidas, para distribuir pelas maiorias (i.e. subsídios, segurança social, etc) que lhe conferem o poder… o socialismo tende a dar-se bem com as maiorias, consequentemente com a democracia, é a arte de "taxar" de um lado, distribuir de outro, assegurando que consegue manter as maiorias satisfeitas. Pelo meio há toda a perversidade, falta de senso e muita incompetência, de quem está a manipular o dinheiro dos outros, precisa de o gastar de forma tão visível quanto possível de forma a assegurar os votos em cada ciclo de "democracia".

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Falei bastante sobre o assunto com vários amigos (de comunistas a liberais, passando pelos vários "ismos" e diferentes graus de "social-ó-apologistas") no "tempo de antena" (podcast em video). Claro que poucos concordam comigo, mas eu não estou a concorrer para ser popular, nem para ganhar eleições, apenas a usar uma coisa preciosa chamada liberdade de expressão.




Em Portugal…

Nas "democracias representativas" há um funcionamento por camadas; o povo vota em partidos (e na carinha laroca que os representar em cada eleição), os partidos votam nos seus próprios lideres e escolhem os seus representantes (listas para a assembleia da república), e depois o processo é passado para assembleias (da república no nosso caso) onde os representantes do povo, escolhidos pelos partidos em que o povo votou, votam à vez cada lei e discutem todos muito entre si. O partido mais votado, ou um conjunto deles, é depois convidado pelo presidente da república a formar governo. Ninguém sabe quem são os elementos desse governo, isso é escolhido pelos lideres partidários (ou pela máquina partidária que os domina, como preferirem). Esse governo para legislar, precisa de submeter (e está submetido) as leis à assembleia, onde na teoria se repete o sufrágio eleitoral em versão indirecta com os representantes dos partidos, perdão do povo que votou nos partidos, votam de forma supostamente "livre" as leis uma a uma. Na prática as máquinas dos partidos controla esses votos mas por algum motivo é importante dar a ideia de que não. Episodicamente há uns casos (tipo "queijo limiano") no parlamento, e é dada liberdade de voto aos deputados (se isso não coloca em risco os interesses do partido, questões morais tipicamente, que são elevadas ao estatuto de "mais importantes" que "questões financeiras", talvez porque o partido não paga em "moralidades" e sim "em euros" os seus interesses).

Já a eleição para presidente da república é mais directa. Supostamente sem máquinas partidárias à mistura (se bem que "milagrosamente" parece haver muito mais dinheiro nas campanhas dos candidatos com apoios partidários). O presidente eleito não tem que depois debater cada resolução com os candidatos minoritários (ou seus representantes). Entre o circo que é o parlamento, com os filhos e enteados dos partidos a levantar a mão a pedido, e a presidência da república, confesso que prefiro a versão mais barata da coisa (e apenas por isso).

Não sendo democrata a minha preocupação é em manter a minha liberdade… infelizmente a maioria das pessoas resolveu votar em pessoas que posteriormente decidiram que eu tenho de pagar imensas coisas em que não tenho qualquer interesse (bancos por exemplo, estradas em que nunca vou passar na minha vida, etc). E como vivemos em democracia podem legislar livremente sobre quanto me vão cobrar em impostos e para que uso fazem desse dinheiro.



O que eu gostaria…

Ah. Eu gostaria de muita coisa radicalmente diferente mas, relativamente à democracia, e assumindo que não me livro da "lei da maioria" a ser "bully" do individuo (que eu acho uma ideia terrível) e a determinar a minha liberdade, gostaria de a tornar pelo menos execrável e mais lógica (dentro da obscenidade inerente ao conceito):

- que fosse sempre directa e em programas vinculativos: não houvesse deputados e sim apenas um governo eleito com um programa definido antes de cada eleição em que os eleitores votassem. Por outras palavras, o programa de governo ganharia as eleições e os governantes estariam mandatados para executar esse programa. Tudo o que não estivesse no programa que seja referendado. Votar em círculos de poder (i.e. partidos) e "desconhecidos" (as listas dos partidos) que são livres de mentir desalmadamente, propor umas coisas antes das eleições e executar outras (às vezes o exacto oposto do que prometeram), é de um nível de estupidez que devia ser óbvio para toda a gente. Mas não é. Aparentemente a nossa sociedade gosta de aldrabões no poder, e depois choraminga que fazem vigarices (como se fosse de esperar qualquer outro resultado). As pessoas são maioritariamente burras como pneus e manda a maioria.

- que fosse proporcional ao dinheiro taxado aos contribuintes; quem paga mais para o colectivo deve ter mais peso na decisão de como é gasto o dinheiro. Até proponho a formula: ao voto de cada um (1 unidade) seria somado uma décima de ponto por cada escalão de IRS (i.e. havendo meia dúzia de escalões, os contribuintes que pagam mais teria 0,6 votos adicionais.

- que fosse proporcional aos anos como contribuinte de cada pessoa: quem paga impostos à mais tempo (as pessoas mais velhas) ter mais poder de voto. Acredito que a idade e experiência de vida acarretam tipicamente uma melhor capacidade de decidir os destinos do colectivo. Até proponho uma formula; por cada década como contribuinte (i.e. em que pagou impostos) que seja acrescentada à unidade de voto de cada um uma décima de ponto. Quem paga impostos há 10 anos teria assim mais 0,1 votos, 20 anos corresponderiam a 0,2, etc.

- que fosse proporcional aos níveis de educação das pessoas, porque ter mais educação tende a ajudar as pessoas a ter melhor capacidade de decisão dos interesses do colectivo. Até proponho uma formula: uma décima de ponto por cada nível de ensino a somar ao ponto de base: 0,1 para o primário, 0,2 para o secundário, 0,3 para o ensino superior.

- zero dinheiro de impostos a ir para partidos políticos. Financiem-se directamente junto dos apoiantes que reúnam.




"Rápido, bom e barato": Escolha dois...


Em 1998 fundei, com um conjunto de amigos, a MrNet (hoje Full IT, a mesma empresa com novo nome e imagem). Já lá vão 17 anos a fazer sistemas de informação para clientes. De sites (FNAC, RTP, SIC, Mediacapital, TAP, SATA, Gulbenkian, CCB, etc) a sistemas de E.R.P. (Digal, O.C.P., Centro Português de Serigrafia, etc) que gerem os recursos da empresa e actividades com clientes e/ou fornecedores, sistemas de facturação.

Alguns sistemas foram relativamente simples de programar, outros particularmente complexos. Mas na relação com os clientes fui aprendendo umas quantas lições que partilho aqui…


"Rápido, bom e barato": Escolha dois...

Quando se está a implementar uma solução feita à medida do cliente (i.e. algo novo e complexo) o cliente precisa de saber escolher dois de três atributos: "Quer uma solução que possa implementar rápido", "Quer uma solução de elevada qualidade", "Quer uma solução barata". Não pode ter as três em simultâneo, pode ter duas delas. Este pressuposto só é quebrado quando se adopta uma solução já desenvolvida para outros clientes.

Isto só não é verdade quando se trata de usar tecnologia já desenvolvida e com poucas alterações…


Compre soluções que já constem do portfólio das empresas…

- A SIC e RTP beneficiaram de anteriormente a Full IT ter desenvolvido tecnologia de CMS para a Mediacapital (Siteseed 1). Depois do primeiro cliente, claro que é muito mais barato reciclar e adaptar tecnologia feita e estável. Conseguiram na altura uma solução muito mais barata, rapidamente e de elevada qualidade, para terem sites de elevada performance. Essa tecnologia ainda hoje faz a página da RTP ( http://www.rtp.pt/homepage/ ), que é instantânea, com mais de 800000 artigos publicados e uma centena de templates diferentes.

Com o passar do tempo, depois de revendida vezes sem conta, a tecnologia passa a ser gratuita (i.e. não ter valor comercial). O siteseed 1 é open source. Não é modificado desde 2004, altura em que foram corrigidos os últimos problemas de segurança (últimos patches), e ficou pela versão 1.6. Houve um fork dele ("startuxcode", feito pelo Mário Gamito, em 2003). Está no Source forge ( http://sourceforge.net/u/plaureano/profile/ ).

- A TAP em 2004/2005 precisou de um sistema de "segunda geração" do Siteseed (a versão 2) que esteve meses a ser desenvolvido de acordo com as necessidades específicas de uma companhia aérea. Com essa tecnologia fez sites institucionais, o Victória, Corporate e de agentes. O Siteseed 2 suportava múltiplas línguas e mercados a partir de um backoffice comum. A SATA e Gulbenkian (em vários sites da instituição) beneficiaram em termos de "velocidade de entrega" de inovações tecnológicas previamente construídas para a TAP. O Siteseed 2 nunca foi "open source", se bem que é entregue a cada cliente com o respectivo código fonte.

- Em 2010/2011 foi desenvolvido o Sitessed 3. A Lusosem e TAP foram os pilares de inovação, com as suas necessidades especificas na altura em que estava a ser desenvolvido (na realidade DEPOIS de ser desenvolvido, porque a Full IT tinha o processo praticamente concluído quando os clientes o começaram a adoptar). Depois dos pioneiros, a tecnologia passou para vários sites da Gulbenkian, CCB, ESOP, Optivisão, INCI, CML, etc. Todos os clientes de "segunda geração" beneficiaram do tempo esperado pelos de primeira geração.


O que é específico e feito à medida sai mais caro, ou demora mais tempo, ou sofre de problemas de qualidade…

Os sistemas de ERP construídos à medida das empresas são quase sempre tão específicos que pouco ou nada do que se faz é transponível para uma segunda geração de clientes, aplica-se sempre a regra do "Escolha dois". Não há excepções. Recorrendo a uma base de software já construído (ou pela empresa ou em open source, ou comprados a terceiros) é possível atalhar caminho, mas quanto maior a carga de desenvolvimentos específicos mais se vai cair nas mesmas regras.


Ah, e tal, ali é mais barato…

 Claro. Há sempre quem aldrabe clientes, há sempre quem prometa coisas (que é mais barato ou melhor, ou que entrega produtos mais depressa). A realidade é que entre as melhores e as piores empresas o que varia é a capacidade de produzir equilibrando preço, qualidade e velocidade de entrega. As más empresas não duram. O tempo encarrega-se de fazer com que se estampem ao comprido depois de irem desiludindo sucessivamente clientes.

O meu cuidado é tentar transmitir a clientes e potenciais clientes que ter pressa sai mais caro ou tem implicações de qualidade. Procurar o equilíbrio certo projecto a projecto á algo muito mais complicado do que o comum dos mortais imagina. São raros, mas muito bons, os clientes que percebem isto. A maior parte acha que foi muito caro, ou que demorou demasiado tempo, ou que falta qualidade à solução apresentada. Não é verdade. As pessoas recebem exactamente o melhor compromisso entre as escolhas que fazem, e ao fim de tantos anos eu certifico-me que esse compromisso é bem entendido. A partir daí são escolhas que as pessoas fazem…

Liberdade que não entendem nem merecem


Para todos "os Charlies" verem com atenção. Assumindo que ainda dizem ser "Charlies" e que já não lhes passou.




A ideia de que a "liberdade de expressão" deve de alguma forma ser "limitada" pela "liberdade religiosa" (podem dizer o que quiserem desde que eu não sinta que estão a ofender os meus deuses ou profetas/anjinhos imaginários) é o disparate a partir do qual estão abertas as portas para uma teocracia. O tópico é complicado porque se repararem na definição da wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Freedom_of_speech - a ideia de base é "podem dizer o que pensam mas"… em alguns estados esse direito está limitado a coisas que não ofendam ninguém (que não é liberdade nenhuma, porque a sensibilidade de quem escuta pode ser obviamente mais ou menos apurada, e qualquer coisa é passível de ofender alguém, algures). Algures na nossa sociedade "moderna" e "democrática", passou a ser ilegal dizer algumas barbaridades previamente seleccionadas para si, e coisas completamente idiotas que alguém convencionou que passavam um limite qualquer.

Pessoalmente acho que não, que as pessoas devem poder dizer o que quiserem, e pagar o preço do exercício da sua liberdade (seja em tribunais ou na praça publica), bem como lidar com o resto da sociedade lhes poder responder à letra. Quem não se aguenta "à bomboca" de viver numa sociedade livre, tem imensas menos livres para onde pode imigrar e que são verdadeiros paraísos para quem aprecia "moderadores de liberdades excessivas" (assim de repente o ISIS está a aceitar imigrantes em barda para o seu novo estado islâmico, e lá zelam muito por limitar o que as pessoas podem dizer, e são muito rápidos a julgar e condenar quem diz coisas que não deve, um paraíso da limitação da liberdade de expressão, para quem gosta desse modelo - inclui crucificações, decapitação e fuzilamentos na praça pública, com entrada gratuita, entre outras manifestações de implementação de disciplina para esses libertários que precisam de uma lição).

O problema de cobardes abdicarem de liberdade é não a merecerem de todo. É tudo o que uma religião precisa para impor os seus pressupostos a terceiros, aos não crentes, ou crentes em outro disparate qualquer.

Os liberais, comentadores politicamente correctos, que explicam que estes atentados não são uma questão religiosa, não devem ser identificados como tal, estão a ser intelectualmente desonestos. E francamente isso é tão repugnante como as atrocidades do ISIS, precisamente por ser o motor da "tolerância" que permite que aconteçam. É o assobiar para o lado, e fazer de conta que esse é um problema diferente...

Quando vejo o Papa Francisco a defender que as pessoas se devem "moderar" com o que desenham... Não estejam a ofender as alucinações de alguém, estou ver o outro lado da mesmíssima moeda. Os católicos nos últimos séculos são os "moderados", há uns séculos atrás eram os extremistas.

Tudo em nome da ideia que há uns deuses/profetas/anjinhos/diabos "a sério" e outros "que não existem". E é suposto as pessoas exercerem uma "auto-censura" para não ofenderem os deuses/profetas/ankinhos/diabos "verdadeiros" que outros inventam e adoram.

Há pessoas a ser mortas, por fazerem humor e desenhar bonecos que outras pessoas acreditam ser deuses e profetas, imaginem por uns segundos qyue qualquer personagem de banda desenhada ode ser o deus ou profeta de alguém. Que qualquer político caricaturado pode ser o "querido líder" de um anormal qualquer. E que é suposto respeitar todos os maluquinhos, e que isso se deve sobrepor à vossa liberdade.

Défices


Um estado não deve ter défices, como uma empresa não deve ter défices, como uma família não deve ter défices. Não devem gastar acima dos seus rendimentos. Se querem gastar mais dinheiro precisam de arranjar mais rendimentos, ou recorrer às reservas que acumularam, se o fizeram.

Existem razões excepcionais para que existam défices temporários e legítimos para estados (guerras, catástrofes naturas, epidemias), empresas (calotes de clientes, mudanças súbitas e temporárias de condições de mercado), famílias (emergências médicas). Antes que algum artista venha enumerar mais razões legitimas: os exemplos dentro dos parêntesis não é suposto serem a lista exaustiva.

Pedir dinheiro emprestado não é nenhum pecado capital, e pode fazer todo o sentido em vários cenários, mas significa um risco, e um esforço maior que o de acumular o mesmo dinheiro primeiro e gastar depois (i.e. paga-se o dinheiro mais os juros, em troca não tem de se esperar o tempo de acumular o capital em falta). Pedir dinheiro emprestado para seja o que for, que não implique um retorno "maior que o custo do empréstimo em juros", significa obviamente diferir um esforço "maior e implícito" para obter determinado resultado.

Fazer poupanças (ou seja o oposto de ter um défice) implica que se está melhor equipado para lidar com emergências e que se tem reservas para lidar com imprevistos pagando défices extemporâneos com reservas previamente acumuladas, em vez de recorrer a dinheiro emprestado. Diz o mais elementar bom senso que estados, empresas e famílias, precisam de por norma gastar menos que o dinheiro disponível para poderem ter essas reservas.

Porque alguém, ou outros todos, fazem o disparate de atropelar os mais elementares princípios do bom senso isso não quer dizer que se deva fazer a mesma coisa. Porque alguém pede dinheiro emprestado, aposta e ganha, conseguindo resultados excelentes, não quer dizer que todos os que pedem dinheiro emprestado façam investimentos igualmente bem sucedidos. Nem quer dizer que a mesma receita exacta possa ser aplicada várias vezes e resulte sempre (era bom, mas não é assim).

Vários idiotas em estados, empresas e famílias, fizeram o oposto. Por todo o mundo. Isso não faz com que os parágrafos anteriores estejam errados. Nem faz com que as empresas de cartões de crédito, bancos e investidores diversos em obrigações dos estados sejam "demónios". O problema fundamental é as pessoas (à frente de estados, empresas e famílias) tomarem más decisões e seguirem maus exemplos (provavelmente isolando os casos em que viram coisas resultar bem, pessoas/empresas/estados que pediram dinheiro emprestado, fizeram bons negócios e usaram-no como alavanca para criar uma realidade mais favorável e menos penosa, e assumindo erradamente que vai resultar da mesma forma para todos). Porque toda a gente faz não significa que não seja um disparate imprudente isento de risco. Porque funcionou para "A", não significa que funcione para as restantes letras do alfabeto.

Sou indiferente a empresas falharem, talvez por ser empresário, por saber que o risco de isso acontecer é inerente à existência de empresas, porque faz parte do risco que aceitei quando fiz a minha empresa. São decisões minhas, e dos meus sócios, que ditam o destino e não tenho alternativa que não seja tomar as melhores decisões que consiga e aceitar as consequências (sejam elas boas ou más).

Ver os sustentáculos de unidades familiares tomarem más decisões é um drama. Mais não posso fazer que ajudar quem me é próximo. Mas tenho dificuldade em perceber como é que gastar sistematicamente mais do que se ganha (viver a crédito) pode na cabeça de alguém "correr bem". A alienação entre o acto de gastar/aceitar dinheiro emprestado e a percepção exacta do esforço para pagar esse crédito não faz sentido. De alguma forma as pessoas conseguem ver os benefícios de "ter já" com muita facilidade e não ver o esforço futuro necessário para pagar a conta. Irracional e não, não é "ser humano", é ser burro. São coisas diferentes que não quero que sejam sinónimos.

Ver estados endividarem gerações gratuitamente e de forma leviana é repugnante. Há motivos para o fazer (guerras, catástrofes naturais, epidemias, etc) mas o bem-estar e ganância temporários e de curto prazo dos políticos, e quem os elege, não são uma delas. Se há regra constitucional que deveria existir é a limitação do endividamento de médio e longo prazo. Os vossos filhos e netos merecem não estar limitados pelos progenitores burros que tiveram.

Usar como desculpa que "os outros" também fizeram não fica bem a idiotas adultos com argumentos e comportamentos de crianças irresponsáveis. Estamos a ter o comportamento de burros apaixonados por utopias. Há consequências de longo prazo. Quem tem filhos/netos devia pensar um bocadinho no legado que lhes está a deixar.

BMW Navigator V

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 Até agora usava um TomTom Rider (primeira geração), com a K1600GT veio um GPS novo. Eu, como provavelmente muita gente, tenho uma resistência grande à mudança de coisas com os GPS... No antigo estão os meus POI (Points of interest) com os locais onde costumo ir, já lhe conheço as manhas todas, etc. Ao mudar de marca (para a Garmin neste caso, visto que é a Garmin que faz os GPS da BMW para motas) há que aprender onde estão as coisas e a lidar com as diferenças relativamente ao TomTom.

As primeiras impressões:

- Boa integração com a mota (parcialmente controlado a partir da manete esquerda). Som a sair pelas colunas ou via Bluetooth para dentro do capacete (uso um Scala Q1 no capacete) com as mudanças de direção. Recebe energia a partir da mota. Quando se desliga a mota o vidro desce a "tranca" o GPS (pelo que não é preciso estar sempre a tirar o dito cujo da mota). Não faço ideia como, mas tem indicação de trânsito, aparentemente via rádio, ou talvez usando o 3G do telefone, e vai-me indicando quando há acidentes ou problemas no caminho. Quando se entra na reserva chama a atenção para as bombas mais próximas. As oficinas da BMW estão assinaladas no mapa.

- Software decente para o Mac tornou a actualização de mapas muito fácil. Software de planeamento de rotas pareceu-me um mimo, mas não o testei a sério, pelo que reservo uma opinião para um artigo futuro. A app para iphone é brutal (i.e. A partir das moradas do meu endereços de telefones recebe o que precisa para me levar até láWinking

- Integração perfeita com o telefone (iphone) permite fazer e receber chamadas sem tirar o capacete. Andar de mota a falar ao telefone é uma idioteira, mas no GPS aparece quem está a ligar e, depois de encostar, podemos sempre ligar de volta.

- O ecran é de 5 polegadas, ligeiramente maior que o Garmin 660/665 (o aparelho é do mesmo tamanho e encaixa na mesma slot) mas o “recheio” é mais equivalente ao Garmin 390LM. O brilho é excelente e é muito legível mesmo durante o dia.



- Quanto aos critérios de escolha de caminhos (ou seja a função de base do GPS)... Hum... Decididamente diferentes do TomTom, e não estou convencido que seja para melhor, mas o tempo dirá. O grafismo é muito diferente do TomTom, mais elaborado (terreno e alguns edifícios em 3d, como o estádio da Luz) e parece-me menos legível. Numa mota não se quer estar a olhar para o GPS por mais que umas décimas de segundo. Mas as indicações, quer sonoras quer visuais, são bastante mais ricas, e estou francamente bem impressionado com a ilustração das saídas, reproduzindo as placas das mesmas e bifurcações em detalhe.

No geral estou bem impressionado... Deixei de usar o TomTom, a doca para ele ainda está na mota, mas não me parece...



K1600GT - primeiros 350 km

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Motas grandes, pesadas e rápidas não são uma novidade para mim... Já tive várias motas grandes da BMW: R1100GS, R1150RT e K1300GT. Mas esta é a maior. Já tive motas que andavam mais depressa (K1300S). Esta nova K1600GT é especial no que respeita ao motor: É o mais “cheio” que alguma vez experimentei, com uma entrega de potência desde rotações muito baixas. Um prazer de guiar.

O peso (elevado) não se nota a andar, mesmo a baixa velocidade, mas requer atenção a estacionar. A inclinação é relevante, e o segredo é parar sempre a mota a pensar na ginastica necessária para depois voltar a arrancar com ela. Quem se distrair vai ter de suar à séria se precisar de empurrar a mota à mão.

O equipamento é do mais completo que se pode encontrar numa mota, em quantidade e qualidade... suspensão e controle de tracção electrónicos, ride-by-wire no acelerador e manetas de travão e embraiagem, ABS, cruise control, bancos e punhos aquecidos, vidro eléctrico, rádio (com suporte a iPod/pens), GPS, fecho central de todas as malas e alarme. E estas coisas fazem diferença na segurança e no prazer de se conduzir a mota. Juntar as nossas musicas preferidas ao prazer de passear de mota é uma combinação fabulosa.

Ainda fiz poucos km (cerca de 350 na altura em que escrevo estas linhas), mas já estou encantado, e a achar que é a a melhor mota que já tive. Ansioso por futuros passeios e viagens.

Chegou o Dixie


E para minha grande alegria somos outra vez três cá em casa. É um Cane Corso macho chamado Dixie.

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Equidade fiscal


Era uma vez dez amigos que se reuniam todos os dias numa cervejaria para beber e a factura era sempre de 100 euros. Solidários, e aplicando a teoria da equidade fiscal, resolveram o seguinte:

- os quatro amigos mais pobres não pagariam nada;

- o quinto pagaria 1 euro;

- o sexto pagaria 3;
- o sétimo pagaria 7;
- o oitavo pagaria 12;
- o nono pagaria 18;
- e o décimo, o mais rico, pagaria 59 euros.

Satisfeitos, continuaram a juntar-se e a beber, até ao dia em que o dono da cervejaria, atendendo à fidelidade dos clientes, resolveu fazer-lhes um desconto de 20 euros, reduzindo assim a factura para 80 euros.

Como dividir os 20 euros por todos?

Decidiram então continuar com a teoria da equidade fiscal, dividindo os 20 euros igualmente pelos 6 que pagavam, cabendo 3,33 euros a cada um. Depressa verificaram que o quinto e sexto amigos ainda receberia para beber.

Gerada alguma discussão, o dono da cervejaria propôs a seguinte modalidade que começou por ser aceite:
- os cinco amigos mais pobres não pagariam nada;
- o sexto pagaria 2 euros, em vez de 3, poupança de 33%;
- o sétimo pagaria 5, em vez de 7, poupança de 28%;
- o oitavo pagaria 9, em vez de 12, poupança de 25%;
- o nono pagaria 15 euros, em vez de 18.
- o décimo, o mais rico, pagaria 49 euros, em vez de 59 euros, poupança de16%.
Cada um dos seis ficava melhor do que antes e continuaram a beber.

No entanto, à saída da cervejaria, começaram a comparar as poupanças.
-Eu apenas poupei 1 euro, disse o sexto amigo, enquanto tu, apontando para o décimo, poupaste 10!... Não é justo que tenhas poupado 10 vezes mais...
- E eu apenas poupei 2 euros, disse o sétimo amigo, enquanto tu, apontando para o décimo, poupaste 10!...Não é justo que tenhas poupado 5 vezes mais!...

E os 9 em uníssono gritaram que praticamente nada pouparam com o desconto do dono da cervejaria.

"Deixámo-nos explorar pelo sistema e o sistema explora os pobres", disseram. E rodearam o amigo rico e maltrataram-no por os explorar.

No dia seguinte, o ex-amigo rico "emigrou" para outra cervejaria e não compareceu, deixando os nove amigos a beber a dose do costume.
Mas quando chegou a altura do pagamento, verificaram que só tinham 31euros, que não dava sequer para pagar metade da factura!...
Aí está o sistema de impostos e a equidade fiscal.
Os que pagam taxas mais elevadas fartam-se e vão começar a beber noutra cervejaria, noutro país, onde a atmosfera seja mais amigável!..."

[David R. Kamerschen, Ph.D. -Professor of Economics, University of Georgia]

Este nosso Portugal


No Facebook esta semana escrevi em comentários a posts de amigos algumas coisas. Não quero deixar de passar para aqui algumas das ideias centrais…


Futebol e politicos



Um amigo meu colocou na sua “wall” esta imagem:

Pasted Graphic

A que eu respondi que tal não é nem possível nem expectável. Ninguém pede excelência a pessoas que sabemos que são medíocres, como é o caso da esmagadora maioria dos nossos políticos. Deles esperamos mais mediocridade. Pelo contrário o Ronaldo sabemos que é muito bom na sua profissão, e por isso mesmo queremos que se supere, seja o melhor do mundo...


Politicos de carreira e as juventudes partidárias



Os lideres do PS e PSD cresceram nas juventudes “socialista” e “social democrata”. Cresceram e prosperaram (chegando a liderança) nesse mar de mediocridade, troca e favores, por oposição a serem pessoas que no mercado de trabalho demonstraram o seu valor criando empresas e riqueza.

Para quem não percebe, as juventudes partidárias, tal como a “mocidade portuguesa” ou a “juventude hitleriana”, não servem para rigorosamente nada excepto doutrinar determinados valores em miúdos. A ideia, para além de colarem cartazes e fazer numero em manifestações, é que venerem determinados valores e personalidades. No caso dos nossos partidos actuais; uma sociedade democrática com pilares socialistas.

O problema é se queremos líderes para a nossa sociedade que sejam “verdadeiros crentes” ou pessoas com provas dadas em áreas como economia, gestão, direito, etc. Eu aceito um papel de pessoas saídas destas organizações nos partidos e organizações, desde que mostrem na sociedade em que se inserem o seu valor (i.e. não se trata de picar o ponto, mas conquistar a admiração dos seus pares de profissão, por oposição a “colegas” de partido) trabalhando fora do âmbito “político”. Crescerem nestas organizações “per si” não é nenhum defeito mas chegarem ao poder “sem mais” é uma distorção da realidade.

O problema numa sociedade em que existe uma classe dirigente (i.e. dominada pelas organizações partidárias), é que isso torna complicado aos melhores lideres e profissionais que temos, que não estejam integrados no meio político, poderem prestar à nação o inestimável serviço de nos servir. Gostava de poder votar numa “Sonae ou Jerónimo Martins” (salvo seja, nos seus melhores lideres e técnicos nas mais diversas áreas), para nos governar. Votar no líder dos coladores de cartazes e cheerleaders das “juventudes partidárias” para primeiro ministro é um disparate óbvio.


Uma oportunidade única para atenuar 30+ anos de disparates desperdiçada...



Em Portugal passou-se algo extraordinário em que ninguém parece ter reparado: votámos um plano nas ultimas eleições. Três dos cinco partidos socialistas assinaram o memorando imposto a Portugal. Toda a definição do caminho a seguir estava por isso definida. Mesmo assim estes (desculpem o termo) anormais incompetentes conseguiram não aproveitar a hipótese circunstancial (de o programa lhes ter sido imposto, inclusive com reformas associadas em cima da mesa) para fazer as reformas estruturais que Portugal necessitava para ser competitivo.

- Não se fez uma reforma da legislação laboral. Continuamos com o mesmo disparate socialista, que perpetua o desemprego e premeia a mediocridade de quem não quer trabalhar mas não pode ser despedido sem custos elevados para quem cria empregos. Não é de estranhar que tantos portugueses sigam para países como a Inglaterra (legislação laboral mais liberal do planeta!). O mesmo se passa com o capital e investimentos.

- A nossa justiça não funciona em tempo útil. Se justiça não há como cobrar dividas, impor coercivamente o respeito por acordos, salvaguardar respeito por regras. que Deve ser profundamente complicado olhar para países onde funciona e aplicar a mesma formula. dado que a nossa tem dado tão bons resultados é de ir fazendo remendos cosméticos. Pessoalmente não acredito minimamente em nenhum processo que tenha de passar pela justiça portuguesa. Restam empresas de cobranças, ter cuidado com o que se acorda, e não poder dar qualquer tipo de crédito ou conferir credibilidade a seja quem for. É um mau pressuposto para se fazerem negócios.

- O estado continua a perpetuar dividas a fornecedores (na minha opinião o estado não deve ter em nenhuma circunstância qualquer tipo de divida e os pagamentos devem ser nas datas estipuladas para o efeito) e a dar os piores exemplos de incumprimento.

- O estado continua a cobrar impostos indevidos de forma abusiva (IVA contra facturas, exigindo às empresas a entrega de um imposto que ainda não foi cobrado aos seus clientes). Quando não paga a um fornecedor atempadamente (i.e. sempre!) chega ao absurdo de exigir o IVA “em dia” das facturas que tem em atraso aos seus fornecedores quando finalmente decidir que vaio fazer o pagamento.

- Continuamos a ter uma máquina social (de serviços e benefícios) que não podemos pagar. O governo dos três partido signatários do memorando (oficialmente de dois deles, na prática um compromisso a três) foi incapaz de reduzir a despesa pública de forma significativa: para metade ou um terço. Realizou “operações de cosmética” mantendo o real problema: gastamos mais dinheiro do que a sociedade gera em impostos. Em vez disso criaram uma aberração fiscal que afasta empresas e riqueza do nosso país, numa situação em que há liberdade de movimento de pessoas e capitais dentro da união europeia. Assim não é “complicado”, é mesmo impossível.

No cenário (único e extraordinário) em que havia um compromisso dos três maiores partidos com um documento não foi alterada a constituição (socialista, utópica e ultrapassada) que temos, não foram alteradas as estruturas que nos condenam a ser pobres e pouco competitivos.


Democracias e totalitarismo



Não é de animo leve que realizo a falência e distorções existentes na nossa sociedade. Os regimes democráticos criaram uma classe dirigente corrupta, incompetente e subserviente, e um sistema que a perpetua. As pessoas votam cada quatro anos em cinco partidos socialistas, que no fundamental estão de acordo, variando apenas em questões de pormenor quanto a abordagens a tomar. O sistema partidário trabalha fundamentalmente para si próprio, é na prática controlado por interesses transversais aos cinco partidos (i.e. maçonaria e opus dei), e a classe dirigente serve-se primordialmente a si própria.

O ciclo, mostra a história, só é quebrado em momentos de profunda depressão e falência. É nessas circunstancias que se geram “Hitlers” a ganhar eleições e a chegar ao poder em regimes democráticos. A Europa para lá caminha. Não é um problema “português”, ou “grego”, ou “espanhol”. É irónico ver a Alemanha a receitar o mesmo remédio (empobrecimento e austeridade) que lhes foi imposto no final da primeira guerra mundial, conduziu à ascensão ao poder do partido nazi, e a antítese de que proporcionou ao mundo mais de meio século de paz no final da segunda guerra mundial..

Quando não se aprende com a história estamos condenado a repetir a mesma, e é preciso ser profundamente estúpido para não se perceber a relação entre causa de efeito a que leva esta lógica, para esperar resultados diferentes.

A minha única esperança neste momento é o exemplo islandês, que substituiu uma classe dirigente que levou o país à ruína, fazendo literalmente uma revolução. Adivinhem qual é o país europeu mais distante da crise actual?

Por favor acordem. Antes que morra gente, antes que se chegue a guerras civis ou à terceira guerra mundial. Por mim, por si, pelos seus filhos e pessoas de quem gosta. Portugal precisa de um novo partido político, de lideres decentes, de pessoas que evitem o que está no horizonte. É assustadoramente óbvio o que vai acontecer.

O nosso desgoverno



desgoverno |ê|
(
des- + governo)
s. m.
1. Falta de governo.
2. Mau governo; má administração.
3. Desperdício, esbanjamento.


desgovernar
(
des- + governar)
v. tr.
1. Governar mal.
2. Desperdiçar, malgastar.
v. intr.
3. Não obedecer ao leme; navegar sem governo.
v. pron.
4. Desregrar-se; governar-se mal.


O problema...



Portugal tem um sério problema de “desgoverno”. Vivemos numa sociedade utópica, em que cinco partidos socialistas lutam de quatro em quatro anos pelo poder, conferido por um regime democrático. Todos os partidos defendem a preservação de um estado social, gentil e paternal, que cuida da nossa educação, saúde e segurança. Variam ligeiramente as abordagens, entre os diferentes partidos, mas nenhuma delas é minimamente realista ou pragmática e todos são “defensoras da utopia do estado social”.

Realismo e pragmatismo são necessários para determinar “o que queremos” e (objectivamente) “o que podemos pagar”. Não havendo meios para “pagar tudo o que queremos”, teremos que fazer escolhas. Salvaguardamos o que consideramos mais importante em detrimento do resto. O que não podemos fazer é construir um estado social que não podemos pagar. Isso é uma perversão.

O resultado de quase 40 anos de socialismo descontrolado, pago a crédito, sem qualquer tipo de rigor. É um país falido, com a maior carga fiscal de sempre, em que o estado social não é a organização de “excedentes” para salvaguardar os mais fracos. Aparentemente “o estado social é o objectivo”, a perseguir mesmo que isso implique destruir o tecidos produtivo da sociedade que o sustenta. É um estado social também suicida.

Alguém nos mentiu, criou a ilusão de que somos ricos, e que os problemas são de “eficiência” do estado. Retirar “os excessos de gordura” da máquina foi o grande plano que este governo usou como plataforma eleitoral. Isto é uma visão completamente surrealista do problema. Não é a (óbvia) falta de eficiência do estado que é o problema. É o excesso de ambição na definição de objectivos e o descontrole da despesa. Ninguém com dois dedos de testa espera qualquer tipo de eficiência das organizações estatais. As organizações estatais são corruptas, as pessoas que as gerem escolhidas por políticos, todo o modelo é de profunda ineficiência. A progressão na carreira é baseada no tempo que passa e botas lambidas. Porque raio alguém pode esperar um resultado diferente do que é previsível?

O problema é que as mesmas não vivem com o seu orçamento “limitado ao que os contribuintes pagam”, pelo contrário “criam dividas” em nosso nome, para serem saldados com “impostos futuros”. Este é o único problema real. Esta irresponsabilidade criminosa, em nome de ideais “nobres”, perpetuada pelo mar de corrupção e jogos de interesse da nossa classe política. A corrupção e incapacidade de prestar os serviços de forma eficiente são “fogo de vista”, “areia para o ar”. Ninguém quer saber disso se for barato, ou pelo menos sustentável, até faz as pessoas sentirem-se gratificadas por viverem numa sociedade que cuida dos seus elementos mais fracos. Nunca ninguém fez drama nenhum da “misericórdia” ser um antro de “tias”, a gastar o dinheiro dos outros para ajudar terceiros”, com a ineficiência digna de qualquer policia africana. O problema é quando essa máquina nos destrói, criando dividas impossíveis de pagar, asfixiando a sociedade em vez de a servir.


As falsas soluções (que agravam os problemas antigos e criam alguns novos)



Quem acredita que “retirando gorduras e ineficiência” das máquinas estatais é um projecto possível? Dedo no ar… ok, um dois… vários idiotas. Entendam de uma vez: não podem fazer organizações eficientes se:

- Ninguém pode ser despedido. Não há discriminação negativa para quem não se esforça, ou para quem sabotar o trabalho dos outros, ou para quem pura e simplesmente se está nas tintas. Sem poder trocar os maus funcionários públicos por outros, sem essa ameaça omnipresente, é impossível optimizar seja o que for.

- Ninguém é premiado por trabalhar mais. Não há discriminação positiva, o talento e esforço não são sinónimos de reconhecimento, de uma mais rápida e merecida progressão na carreira, de melhores salários e benefícios.

Qual é o problema? O sistema está moldado para a massa de funcionários públicos ser uniforme, em que as pessoas não são discriminadas, e a discriminação é necessária. Porque os seres humanos não são todos iguais, porque uns trabalham mais que outros, porque uns se encostam mais que outros. Quando a assiduidade é mais importante que o que é produzido, quando as metas são picar o ponto à entrada e saída, quando as avaliações são um processo que se pretende “não discriminatório”, o resultado é visível para todos.

Eu percebo que toda a gente goste da ideia de haver “ensino” gratuito, “saúde” gratuita, “segurança” gratuita, apoios para todos os que estão em dificuldades, etc. Isso todo seria óptimo e realizável se fossemos ricos. O socialismo é óptimo para países com petróleo/diamantes/gás. Em que se a parte necessária da população (ou estrangeiros) o extraírem, o resto das pessoas pode viver das mais valias geradas. Em países pobres o socialismo precisa de ser proporcional à riqueza que a sociedade gera, ou seja, só pode gastar as mais valias geradas em impostos pela população activa. Se geram pouca riqueza temos que ter menos socialismo.

Cortar os salários de forma cega, não discriminatória e transversal a toda a função publica é um disparate de proporções épicas! Precisamos de cortar com os elementos menos produtivos (despedir as pessoas!), atrair novos elementos mais produtivos (contratar pessoas com capacidade e vontade de trabalhar) com melhores salários para os que ficam. É precisamente nesta gestão sem discriminação que está um dos grandes problemas. O que fizeram, ao cortar 1/7 dos rendimentos foi penalizar todos os funcionários públicos, independentemente de quem trabalha muito ou pouco. Pura demência, uma tremenda injustiça, e uma redução em apenas 1/7 dos custos, sem qualquer optimização ou beneficio para a máquina estatal. Era preferível despedir metade das pessoas (ou 1/3, ou 2/3, seja qual for o numero correcto) e aumentar os salários de quem fica, contratar bons gestores no mercado, com contratos a prazo e salários parcialmente dependentes de resultados (não digo “altos”, porque altíssimos já eles são em muitas empresas públicas e de capitais públicos: o erro é não estarem indexados a resultados e níveis de eficiência, são tachos, cemitérios de elefantes brancos políticos, ninhos de lambe botas que nunca geriram uma empresa “real” fora da asa do estado).


As soluções (simples de perceber e implementar)



O problema: Temos uma máquina estatal (de gastar dinheiro) desproporcional, que nos endividou em mais de 100% de toda a riqueza gerada no país por ano (i.e. PIB). Precisamos de pagar essa divida e lidar com o tamanho desse “monstro” consumidor de dinheiro.

A solução é reduzir a máquina estatal à dimensão que podemos pagar (i.e. o nosso orçamento), deixando margem para o pagamento das nossas dividas. Não sei se é 2/3, 1/2 ou 1/3 do tamanho actual. Mas não deve ser difícil fazer a conta de merceeiro e descobrir. Isso implica despedir muita gente (muda-se a lei, não podemos ter leis impraticáveis e insustentáveis, e é para isso que temos organismos legislativos, caso contrário não precisávamos de novas leis), fechar muitos hospitais, escolas, acabar ou baixar muitos subsídios, adequar as nossas despesas em exércitos (onde temos mais generais que os estados unidos, num exercito muito menor!) e policias. Se isto for implementado resolvem o problema de fundo.

O estado não gera riqueza. Apenas a gasta. A solução de atacar “as receitas” (cobrando mais impostos) e baixar com pinças as despesas (ai, não queremos despedir ninguém, nem fechar muita coisa, vamos antes cortar dois salários por ano e em “detalhes” que dão nas vistas) é uma falsa solução. Pior que isso, é uma solução que afasta investidores de Portugal, que fecha empresas, que estrangula quem gera as receitas para o estado gastar. É um completo suicídio, que vai levar Portugal para um filme Grego. E o filme é o mesmo, eles vão é uns capítulos à nossa frente. O resultado do disparate de impostos vai ser haver menos empresas, menos economia, e consequentemente menos impostos cobrados. O estado fica com despesas agravadas exactamente na mesma proporção; subsídios de desemprego, rendimentos mínimos e aumento da criminalidade.

Mudem a legislação laboral para o modelo Inglês ou Americano (nem precisam de inventar nada!).
O que nós temos é uma barbaridade socialista que torna as nossas empresas pouco competitivas e perpetua o desemprego (limitando a rotatividade de quem trabalha). Querem investimento a sério, já, e pleno emprego? Adoptem os modelos chinês, brasileiro ou Indiano. Decidam com querem querem competir. Neste momento o que estão a fazer é destruir a nossa sociedade. E sem ela paradoxalmente o vosso “querido e falido estado social”. Deixem as empresas empregar quem quer trabalhar e despedir quem não quer. Acabem com os subsídios (e respectivos impostos para a segurança social) e vão ver como as pessoas se mexem. Até vou mais longe: DEIXEM AS PESSOAS ESCOLHER! Deixem que as pessoas escolham entre “o vosso querido estado social ultra regulamentado” e o “liberalismo puro”, implementando um duplo sistema (como na china) e vão ver quantas pessoas preferem os empregos inexistentes e regulamentados face à abundância de oportunidades. Convidar as pessoas a emigrar é uma estupidez sem paralelo. Porque é que eu conheço tanta gente a ir para Londres e para os Estados Unidos? Porque lá há menos socialismos estúpidos e mais empregos. Deixem antes que as empresas venham para cá com impostos mais baixos, ampla oferta de mão de obra, e com um duplo sistema em que as pessoas escolham se querem a “vossa protecção” ou trabalhar nos moldes em que acordarem com os respectivos patrões.

E por favor, parem de enganar as pessoas, acabem lá com a ilusão de que somos ricos e só podemos trabalhar X horas por semana em empregos em que se não formos produtivos é… igual. Pode parecer uma “doce e conveniente mentira branca”, mas está a assassinar o nosso país. É insustentável manter 5 partidos com diferentes tonalidades de socialismo, uma constituição que parte do pressuposto que temos petróleo ou diamantes, e uma legislação que premeia a mediocridade.

Quem salvar o país perde as eleições seguintes? Provavelmente. Mas que diferença faz que mudem os porcos da nossa quinta orwelliana? Não consigo descobrir nem políticos honestos capazes de dominar as máquinas partidárias (muito eu gostava de ver o Rui Rio primeiro ministro), nem vejo um povo consciente da barbaridade que foram os últimos 40 anos. Tanta gente estúpida que continua a reclamar os ideais utópicos do refrão da cantiga que lhes deram.

Atentado de Camarate: a confissão

O que toda a gente sabia, mas que as autoridades fizeram por ignorar, deixando passar em branco o assassinato do Primeiro Ministro de Portugal. Pessoalmente não tenho duvida nenhuma sobre a veracidade do que é descrito.

Fonte:


http://www.scribd.com/doc/89792623/Camarate-1ª-Parte http://www.scribd.com/doc/89798332/Camarate-2ª-Parte http://www.scribd.com/doc/89803494/Camarate-3ª-Parte http://www.scribd.com/doc/89807938/Camarate-4ª-Parte http://www.scribd.com/doc/89814334/Camarate-5ª-Parte-ULTIMA-PARTE


Texto integral:



Eu, Fernando Farinha Simões, decidi finalmente, em 2011, contar toda a verdade sobre Camarate. No passado nunca contei toda a operação de Camarate, pois estando a correr o processo judicial, poderia ser preso e condenado. Também porque durante 25 anos não podia falar, por estar obrigado ao sigilo por parte da CIA, mas esta situação mudou agora, ao que acresce o facto da CIA me ter abandonado completamente desde 1989. Finalmente decidi falar por obrigação de consciência.
Fiz o meu primeiro depoimento sobre Camarate, na Comissão de Inquérito Parlamentar, em 1995. Mais tarde prestei alguns depoimentos em que fui acrescentando factos e informações. Cheguei a prestar declarações para um programa da SIC, organizado por
Emílio Rangel, que não chegou contudo a ir para o ar. Em todas essas declarações públicas contei factos sobre o atentado de Camarate, que nunca foram desmentidos, apesar dos nomes que citei e da gravidade dos factos que referi. Em todos esses relatos, eu desmenti a tese oficial do acidente, defendida pela Polícia Judiciária e pela Procuradoria Geral da Republica. Numa tive dúvidas de que as Comissões de Inquérito Parlamentares estavam no caminho certo, pois Camarate foi um atentado. Devo também dizer que tendo eu falado de factos sobre Camarate tão graves.e do envolvimento de certas pessoas nesses factos, sempre me surpreendeu que essas pessoas tenham preferido o silêncio. Estão neste caso o Tenente Coronel Lencastre Bernardo ou o Major Canto e Castro. Se se sentissem ofendidos pelas minhas declarações, teria sido lógico que tivessem reagido. Quanto a mim, este seu silêncio só pode significar que, tendo noção do que fizeram, consideraram que quanto menos se falar no assunto, melhor.

Nessas declarações que fiz, desde 1995, fui relatando, sucessivamente, apenas parte dos factos ocorridos, sem nunca ter feito a narração completa dos acontecimentos. Estávamos ainda relativamente próximos dos acontecimentos e não quis portanto revelar todos os pormenores, nem todas as pessoas envolvidas nesta operação. Contudo, após terem passado mais de 30 anos sobre os factos, entendi que todos os portugueses tinham o direito de conhecer o que verdadeiramente sucedeu em Camarate. Não quero contudo deixar de referir que hoje estou profundamente arrependido de ter participado nesta operação, não apenas pelas pessoas que aí morreram, e cuja qualidade humana só mais tarde tive ocasião de conhecer, como do prejuízo que constituiu, para o futuro do país, o desaparecimento dessas pessoas. Naquela altura contudo, Camarate era apenas mais uma operação em que participava, pelo que não medi as consequências. Peço por isso desculpa aos familiares das vítimas, e aos Portugueses em geral, pelas consequências da operação em que participei.

Gostaria assim de voltar atrás no tempo, para explicar como acabei por me envolver nesta operação. Em 1974 conheci, na África do Sul, a agente dupla alemã, Uta Gerveck, que trabalhava para a BND (Bundesnachristendienst) - Serviços de Inteligência Alemães Ocidentais, e ao mesmo tempo para a Stassi. A cobertura legal de Uta Gerveck é feita atravez do conselho mundial das Igrejas (uma espécie de ONG), e é através dessa fachada que viaja praticamente pelo Mundo todo, trabalhando ao mesmo tempo para a BND e para a Stassi. Fez um livro em alemão que me dedicou, e que ainda tenho, sobre a luta de liberdade do PAIGC na Guiné Bissau. O meu trabalho com a Stassi veio contudo a verificar-se posteriormente, quando estava já a trabalhar para a CIA. A minha infiltração na Stassi dá-se por convite da Uta Gerveck, em l976, com a concordância da CIA, pois isso interessava-lhes muito.
Úta Gerveck apresenta-me, em 1978, em Berlim Leste, a Marcus Wolf, então Director da Stassi. Fui para esse efeito então clandestinamente a Berlim Leste, com um passaporte espanhol, que me foi fornecido por Úta Gerveck. 0 meu trabalho de infiltração na Stassi consistiu na elaboração de relatórios pormenorizados acerta das “toupeiras" infiltradas na Alemanha Ocidental pela Stassi. Que actuavam nomeadamente junto de Helmut Khol, Helmut Schmidt e de Hans Jurgen Wischewski. Hans Jurgen Wischewski era o responsável pelas relações e contactos entre a Alemanha Ocidental e de Leste, sendo Presidente da Associação Alemã de Cooperação e Desenvolvimento (ajuda ao terceiro Mundo), e também ia às reuniões do Grupo Bilderberg. Viabilizou também muitas operações clandestinas, nos anos 70 e 80. de ajuda a gupos de libertação, a partir da Alemanha Ocidental. Estive também na Academia da Stassi, várias vezes, em Postdan - Eiche.
Relativamente ao relato dos factos, gostaria de começar por referir que tenho contactos, desde 1970, em Angola, com um agente da CIA, que é o jornalista e apresentador de televisão Paulo Cardoso (já falecido). Conheci Paulo Cardoso em Angola com quem trabalhei na TVA - Televisão de Angola na altura.

Em 1975, formei em Portugal, os CODECO com José Esteves, Vasco Montez, Carlos Miranda e Jorge Gago (já falecido). Esta organização pretendia, defender, em Portugal, se necessário por via de guerrilha, os valores do Mundo Ocidental.

Através de Paulo Cardoso sou apresentado, em 1975, no Hotel Sheraton, em Lisboa, a um agente da CIA, antena, (recolha de informações), chamado Philip Snell. Falei então durante algum tempo com Philip Snell. O Paulo Cardoso estava então a viver no Hotel Sheraton. Passados poucos dias, Philip Snell, diz-me para ir levantar, gratuitamente, um bilhete de avião, de Lisboa para Londres, a uma agência de viagens na Av. de Ceuta, que trabalhava para a embaixada dos EUA. Fui então a uma reunião em Londres, onde encontrei um amigo antigo, Gary Van Dyk, da África do Sul, que colaborava com a CIA. Fui então entrevistado pelo chefe da estação da CIA para a Europa, que se chamava John Logan. Gary Van Dyk, defendeu nessa reunião, a minha entrada para a CIA, dizendo que me conhecia bem de Angola, e que eu trabalhava com eficiência. Comecei então a trabalhar para a CIA, tendo também para esse efeito pesado o facto de ter anteriormente colaborado com a NISS - National Intelligence Security Service ( Agência Sul Africana de Informações). Gary Van Dyk era o antena, em Londres, do DONS - Department Operational of National Security ( Sul Africana ).

Regressando a Lisboa, trabalhei para a Embaixada dos EUA, em Lisboa entre 1975 e 1988, a tempo inteiro. Entre 1976 e 1977, durante cerca de uma ano e meio vivi numa suite no Hotel Sheraton, o que pode ser comprovado, tudo pago pela Embaixada dos EUA. Conduzia então um carro com matrícula diplomática, um Ford, que estacionava na garagem do Hotel. Nesta suite viveu também a minha mulher, Elsa, já grávida da minha filha Eliana. O meu trabalho incluía recolha de informações /contra informações, informações sobre tráfico de armas, de operações de combate ao tráfico de droga, informações sobre terrorismo, recrutamento de informadores, etc. Estas actividades incluem contactos com serviços secretos de outros países, como a Stassi, a Mossad, e a "Boss" (Sul Africana), depois NISS - National Information Sectret Service, depois DONS e actualmete SASS.
Era pago em Portugal, reccebendo cerca de USD 5.000 por mês. Nestas actividades facilita o facto de eu falar seis línguas. Actuei utilizando vários nomes diferente, com passaportes fornecidos pela Embaixada dos EUA em Lisboa. Facilitava também o facto de eu falar um dialecto angolano, o kimbundo.
A Embaixada dos EUA tinha também uma casa de recuo na Quinta da Marinha, que me estava entregue, e onde ficavam frequentemente agentes e militares americanos, que passavam por Portugal. Era a vivenda "Alpendrada".
A partir de 1975, como referi, passei a trabalhar directamente para a CIA. Contudo a partir de 1978, passei a trabalhar como agente encoberto, No chamado "Office of Special Operations", a que se chamava serviços clandestinos, e que visavam observar um alvo, incluindo perseguir, conhecer e eliminar o alvo, em qualquer país do mundo, excepto nos EUA. Por pertencermos a este Office, éramos obrigados a assinar uma clausula que se chamava "plausible denial" que significa que se fossemos apanhados nestas operações com documentos de identificação falsos, a situação seria por nossa conta e risco, e a CIA nada teria a ver com a situação. Nessa circunstância tínhamos o discurso preparado para explicar o que estávamos a fazer, incluindo estarmos preparados para aguentar a tortura.
Trabalhei para o "Office of Special Operations ” até 1989, ano em que saí da CIA.

Para fazer face a estes trabalhos e operações, as minhas oontas dos cartões de crédito do VISA, American Express e Dinners Club, tinham, cada uma, um planfond de 10.000 USD, que podiam ser movimentados em caso de necessidade. Estes cartões eram emitidos no
Brasil, em bancos estrangeiros sediados no Brasil, como o Citibank, o Bank of Boston ou o Bank of America. Entre 1975 e 1989, portanto durante cerca de 14 anos, gastei com estes cartões cerca de 10 milhões de USD, em operações em diversos países, nomeadamente pagando a informadores, políticos, militares, homens de negócios, e também traficantes de armas e de drogas, em ligação com a DEA (Drug Enforcement Agency), Existiram outros valores movimentados à parte, a partir de um saco azul, “em cash”, valores esses postos à disposição pelo chefe da estação da CIA, no local onde as operações eram realizadas. Este saco azul servia para pagar despesas como viagens, compras necessárias, etc.

Posso referir que a operação de Camarate, que a seguir irei transcrever custou a preços de 1980 entre 750000 e 1 milhão de USD. Só o Sr, José António dos Santos Esteves recebeu 200000 USD. Estas despesas relacionadas com a operação de Camarate, incluíram os pagamentos a diversas pessoas e participantes, como o Sr. Lee Rodrigues, como seguidamente irei descrever.

Entre 1975 e 1988, participei em vários cursos e seminários em Langley, Virginia e Quantico, pago pela CIA, sobre informação, desinformação, contra-informação. terrorismo, contra-terrorismo, infiltrações encobertas, etc, etc.

Trabalhei em serviços de infiltração pela CIA e pela DEA (Drug Enforcement Agency), em diferentes países, como Portugal, El Salvador, Bolívia, Colômbia,Venezuela, Peru, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Chile, Líbano, Síria, Egipto, Argélia, Marrocos, Filipinas.

A minha colaboração com a DEA, iniciou-se em 1981, através de Richard Lee Armitage.
Em 1980, Richard Armitage viria também a estar comigo e com o Henry Kissinger em Paris, Richard Lee Armitage era membro do CFR (Counceil for Foreign Affairs and Relations) e da Organização e Cooperação para a Segurança da Europa (OSCE), criada pela CIA, Richard Armitage era também membro, na altura, do Grupo Carlyle, do qual o CEO era Frank Carlucci. O Grupo Carlyle dedica-se à construção civil, imobiliário e é uma dos maiores grupos de tráfico de armas no Mundo, junto com o Grupo Haliburton, chefiado por Richard "Dick" Cheney. O Grupo Carlyle pertence a vários investidores privados dos EUA, por regra do Partido Republicano. Este grupo promove nomeadamente vendas de armas, petróleo e cimento para países como o Iraque, Afeganistão e agora para os países da primavera árabe.

A lavagem do dinheiro do tráfico de armas e da droga, era feito, na altura, pelo Banco BCCI, ligado à CIA e à NSA - National Security Agency. O BCCI foi fundado em 1972 e fechado no princípio dos anos 90, devido aos diversos escândalos em que esteve envolvido.

Oliver North pertencia ao Conselho Nacional de Segurança, às ordens de william walker, ex-embaixador dos EUA em El Salvador. Oliver North seguiu e segue sempre as ordens da CIA, dependente de William Casey. Oliver North está hoje retirado da CIA , e é CEO de vários grupos privados americanos, tal como Frank Carlucci.


Da DEA conheci Celerino Castilho, Mike Levine. Anabelle Grimm e Brad Ayers, tendo trabalhado para a DEA entre 1975 até 1989. Da CIA trabalhei também com Tosh Plumbey, Ralph Megehee - tenente coronel da NSA, actualmente reformado. Da CIA trabalhei ainda com Bo Gritz e Tatum. Estes dois agentes tinham a sua base de operações em El Salvador, (onde eu também estive durante os anos 80, durante o tráfico Irão - Contras), desenvolvendo nomeadamente actividades com tráfico de armas. Uma das suas operações consistiu no transporte de armas dos EUA para El-Salvador, que eram depois transportadas para o Irão e a Nicarágua. Os aviões, normalmente panamianos e colombianos regressavam depois para os EUA com droga, nomeadamente cocaína, proveniente de países como a Colômbia, Bolivia e El Salvador, que serviam para financiar a compra de armas. Esta actividade desenvolveu-se essencialmente desde os finais dos anos 70 até 1988.

A cocaina vinha nomeadamente da Ilha Normans Cay, nas Bahamas, de que era proprietário Carlos Lheder Rivas. Carlos Rivas era um dos chefes do Carte de Medellin, trabalhando para este cartel e para ele próprio. Carlos Rivas era, neste contexto um personagem importante, sendo o braço direito de Roberto Vesco, que trabalhava para a CIA e para a NSA. Roberto Vesco era proprietário de Bancos nas Bahamas, nomeadamente o colombus trust. Carlos rivas fazia toda a logística de Roberto Vesco e forneciam armas a troco de cocaina, nomeadamente ao movimento de guerrilha Colombiano M19. Roberto Vesco está hoje refugiado em Cuba.

O dinheiro das operações de armas e de droga são lavadas no Banco BCCI e noutros bancos, com o nome de código "Amadeus". Há no entanto contas activas nas Bahamas e em Norman's Cay, nas Ilhas Jersey, que gerem contas bancárias, nomeadamente para o tráfico de armas para os “Contras” da Nicarágua, e para o Irão.

Como acima referi, muito desse dinheiro foi para bancos americanos e franceses, o que em parte explicará porquê é que Manuel Noriega foi condenado a 60 anos de prisão, tendo primeiro estado preso nos EUA, depois em França, e actualmente no Panamá. Foi preso porque era conveniente que estivesse calado, não referindo nomeadamente que partilhava com a CIA, o dinheiro proveniente da venda de armas e da venda de drogas. Noriega movimentava contas bancárias em mais de 120 bancos, com conhecimento da CIA. Noriega fazia também parte da operação Black Eagle, dedicada ao tráfico de armas e de droga, que
em 1982 se transformou numa empresa chamada Enterprise, com a colaboração de Oliver North e de Donald Gregg da CIA. Em face do grau de informações e de conhecimento que tinha, é fácil de perceber porquê se verificou o derrube e a prisão de Noriega. Devo dizer que estou pessoalmente admirado que não o tenham até agora “suicidado", pois deve ter muitos documentos ainda guardados. Noriega tinha a intenção de contar tudo o que sabia sobre este tráfico, nomeadamente sobre os serviços prestados à CIA e a Bush Pai, tendo por isso sido preso. Washington e a CIA são assim veículos importantes do tráfico de armas e de droga, utilizando nomeadamente os pontos de apoio de South Flórida e do Panamá.

No início dos anos 80 conheci um traficante do cartel de Cali, de nome Ramon Milian Rodriguez, que depois mais tarde perante uma comissão do Senado Americano, onde falou do tráfico de armas e de droga, do branqueamento de dinheiro, bem como das cumplicidades de Oliver North neste tráfico às ordens de Bush Pai e do Donald Gregg.
Muito do dinheiro gerado nessas vendas foi para bancos americanos e franceses. Este dinheiro servia também para compras de propriedades imobiliárias. Por estar ligado a estas operações, Noriega foi preso pelos EUA.

Foi numa operação de droga que realizei na Colômbia e nas Bahamas, em 1984, onde se deu a prisão de Carlos Lheder Rivas, do Cartel de Medallin, em que eu não concordei com os agentes da DEA da estação de Maiami, pois eles queriam ficar com 10 milhões de dólares e com o avião "lear-jet" provenientes do tráfico de droga. Não concordando, participei desses agentes ao chefe da estação da DEA de Maiami. Este chefe mandou-lhes então levantar um inquérito, tendo sido presos pela própria DEA. A partir de aí a minha vida tornou-se num verdadeiro inferno, nomeadamente com a realização de armadilhas, e detenções, tendo acabado por sair da CIA em 1989, a conselho de Frank Carlucci. O principal culpado da minha saída da CIA foi e da DEA foi John C. Lawn, director da estação da DEA e amigo de Noriega e de outros traficantes. John Lawn encobriu, ou tentou encobrir, todos os agentes da DEA que denunciei aquando da prisão de Carlos Rivas. Após a minha saída da CIA, Frank Carlucci continuou contudo a ajudar-me com dinheiro, com conselhos e com apoio logístico, sempre que eu precisei até 1994.

Regressando contudo à minha actividade em Portugal, anteriormente a Camarate e ao serviço da CIA, devo referir que conheci Frank Carlucci, em 1975, através de duas pessoas: um jornalista Português da RTP, já falecido, chamado Paulo Cardoso de Oliveira, que conhecera em Angola, e que era agente da CIA, e Gary Van Dyk, agente da BOSS (Sul Africana) que conheci também em Angola. Mantive contactos directos frequentes com Frank Carlucci, sobretudo entre l975 e 1982, de quem recebi instruções para vários trabalhos e operações. Os meus contactos com Frank Carlucci mantêm-se até hoje, com quem falo ainda ocasionalmente pelo telefone. A última vez que estive com ele foi em Madrid, em 2008, na escala de uma viagem que Frank Carlucci realizou à Turquia.

Em Lisboa, também lidei e recebi ordens de William Hasselberg - antena da CIA em Lisboa, que além de recolher informacões em Lisboa actua como elo de ligação entre portugueses e americanos. Tive inclusivamente uma vida social com William Hasselberg, que inclui uma vida nocturna em Lisboa, em diferentes bares, restaurantes, e locais públicos. William Hasselberg gostava bastante da vida nocturna, onde tinha muito gosto em aparecer com as suas diversas “conquistas” femininas. Trabalhei também com outros agentes da CIA, nomeadamente Philip Agee. Neste âmbito, trabalhei em operações de tráfico de armas, e em infiltrações em organizações com o objectivo de obter informações políticas e militares, “Billie” Hasselberg fala bem português, e era grande amigo de Artur Albarran, Hasselberg e Albarran conheceram-se numa festa da embaixada da Colômbia ou Venezuela, tendo Albarran casado nessa altura, nos anos 80, com a filha do embaixador, que foi a sua primeira mulher.

Das reuniões que tive com a embaixada americana em Lisboa, a partir de 1978, conheci vários agentes da CIA. O Chefe da estação da CIA em Portugal, John Logan, oferece-me um livro seu autografado. Conheci também o segundo chefe da CIA, Sr. Philip Snell, Sr. James Lowell, e o Sr. Arredondo. Da parte militar da CIA conheci o cor Wilkinson, a partir de quem conheci o coronel Oliver North e o coronel Peter Bleckley. O coronel Oliver North, militar mas também agente da CIA e o coronel Peter Bleckley, são os principais estrategas nos contactos internacionais, com vista ao tráfico e venda de armas, nomeadamente com países como Irão, Iraque, Nicarágua, e o El Salvador. Na sequência do conhecimento que fiz com Oliver North , tendo várias reuniões com ele e com agentes da CIA, por causa do tráfico e negócio de armas. Estas reuniões têm lugar em vários países, como os EUA, o México, a Nicarágua, a Venezuela, o Panamá. Neste último país contacto com dois dos principais adjuntos de Noriega, José Bladon, chefe dos serviços secretos do Panamá, que me disse que praticamente todos os embaixadores do Panamá em todo o Mundo estavam ao serviço de Noriega.

Blandon pediu-me na altura se eu arranjava um Rolls Royce Silver Spirits, para o embaixador do Panamá em Lisboa, o que acabei por conseguir.

Em meados de 1980, Frank Carlucci refere-me, por alto, e pela primeira vez, que eu iria ser encarregue de fazer um "trabalho" de importância máxima e prioritária em Portugal, com a ajuda dele, da CIA, e da Embaixada dos EUA em Portugal, sendo-me dado, para esse efeito, todo o apoio necessário.

Tenho depois reuniões em Lisboa, com o agente da CIA, Frank Sturgies, que conheço pela primeira vez. Frank Sturgies é uma pessoa de aspecto sinistro e com grande frieza, e é organizador das forças anti-castristas, sediadas em Miami, e é elo de ligação com os "contra" da Nicarágua. Frank Sturgies refere-me então, que está em marcha um plano para afastar, definitivamente, (entenda-se eliminar) uma pessoa importante, ligada ao Governo Português de então, sem dizer contudo ainda nomes.

Algum tempo depois, possívelmente em Setembro ou Outubro de 1980, jogo ténis com Frank Cariucci quase toda a tarde, na antiga residência do embaixador dos EUA, na Lapa. Janto depois com ele, onde Frank Cartucci refere novamente que existem problemas em Portugal para a venda e transporte de armas, e que Francisco Sá Carneiro não era uma pessoa querida dos EUA. Depois já na sobremesa, juntam-se a nós o General Diogo Neto, o Coronel Vinhas, o Coronel Robocho Vaz e Paulo Cardoso, onde se refere novamente a necessidade de se afastarem alguns obstáculos existentes ao negócio de armas. Todos estes elementos referem a Frank Caducci que eu sou a pessoa indicada para a preparação e implementação desta operação.

Em Outubro de 1980, num juntar no Hotel Sharaton onde participo eu, Frank Sturgies (CIA), Vilfred Navarro (CIA), o General Diogo Neto e o Coronel Vinhas (já falecidos), onde se refere que há entraves ao tráfico de armas que têm de ser removidos. Depois há um outro jatar também no Hotel Sharaton, onde participam, entre outros, eu e o Coronel OliverNorth, onde este diz claramente que "é preciso limar algumas arestas" e "se houver necessidade de se tirar alguém do caminho, tira-se", dando portanto a entender que haverá que eliminar pessoas que criam problemas aos negócios de venda de armas. Oliver North diz-me também que está a ter problemas com a sua própria organização, e que teme que o possam querer afastar e "deixar cair", o que acabou por acontecer.

Há também Portugueses que estavam a beneficiar com o tráfico de armas, como o Major Canto e Castro, o General Pezarat Correia, Franco Charais e o empresário Zoio. Sabe-se também já nessa altura que Adelino Amaro da Costa estava a tentar acabar com o tráfico de armas, a investigar o fundo de desenvolvimento do Ultramar, e a tentar acabar acabar com lobbies instalados. Afastar essas duas pessoas pela via política era impossível, pois a AD tinha ganho as eleições. Restava portanto a via de um atentado.

Passados alguns dias, recebo um telefonema do Major Canto e Castro (pertencente ao conselho da revolução), que eu já conhecia de Angola, pedindo para eu me encontrar com ele no Hotel Altis. Nessa reunião está também Frank Sturgies, e fala-se pela primeira vez em "atentado", sem se referirem ainda quem é o alvo. referem que contam comigo para esta operação. O Major Canto e Castro diz que é preciso recrutar alguém capaz de realizar esta operação.

Tenho depois uma segunda reunião no Hotel Altis com Frank Sturgies e Philip Snell, onde Frank Sturgies me encarrega de preparar e arranjar alguns operacionais para uma possível operação dentro de pouco tempo, possivelmente dentro de 2 ou 3 meses. Perguntam-me se já recrutou a pessoa certa para realizar este atentado, e se eu conheço algum perito na fabricação de bombas e em armas de fogo. Respondo que em Espanha arranjaria alguém da ETA para vir cá fazer o atentado, se tal fosse necessário. Quem paga a operação e a preparação do atentado é a Cia e o Major Canto e Castro. Canto e Castro colabora na altura com os serviços Secretos Franceses, para onde entrou através do sogro na época. O sogro era de Nacionalidade Belga, que trabalhava para a SDEC, os serviços de inteligência franceses, em 1979 e 1980. Canto e Castro casou com uma das suas filhas, quando estava em Luanda, em Angola, ao serviço da Força Aérea Portuguesa. Em Luanda, Canto e Castro vivia perto de mim.

Tendo que organizar esta operação, falo então com José Esteves e mais tarde com Lee Rodrigues ( que na altura ainda não conhecia). O elo de ligação de Lee Rodrigues em Lisboa era Evo Fernandes, que estava ligado à resistência moçambicana, a renamo. Falo nessa altura também com duas pessoas ligadas à ETA militar, para caso do atentado ser realizado através de armas de fogo.

Depois, noutro jantar em casa de Frank Carlucci, na Lapa, na Mansarda, no último andar, onde jantamos os dois sozinhos, Frank Carlucci diz abertamente e pela primeira vez, o que eu tinha de fazer, qual era a operação em curso e que esta visava Adelino Amaro da Costa, que estava a dificultar o transporte e venda de armas a partir de Portugal ou que passavam em Portugal, e que havia luz verde dada por Henry Kissinger e Oliver North. Cumprimento ambos, referindo que sou "o homem deles em Lisboa".

Três semanas antes dos atentado, Canto e Castro e Frank Surgies, referem pela primeira vez, que o alvo do atentado é Adelino Amaro da Costa. O Major Canto e Castro afirma que irá viajar para Londres. Frank Sturgies pede-me que obtenha um cartão de acesso ao aeroporto para um tal Lee Rodrigues, que é referido como sendo a pessoa que levará e colocará a bomba no avião.

Recebo depois um telefonema de Canto e Castro, referindo que está em Londres e para eu ir ter lá com ele. Refere-me que o meu bilhete está numa agência de viagens situada na Av. da Republica , junto à pastelaria Ceuta. Chegado a Londres fico no Hotel Grosvenor, ao pé de Victoria Station. Canto e Castro vai buscar-me e leva-me a uma casa perto do Hotel, onde me mostra pela primeira vez, o material, incluindo explosivos, que servirão para confeccionar a "bomba" nesta operação. Essa casa em Londres, era ao mesmo tempo residência e consultório de um dentista indiano, amigo de Canto e Castro, Canto e Castro refere-me que esse material será levado para Portugal pela sua companheira Juanita Valderrama. O Major Canto e Castro pede-me então que vá ao Hotel Altis recolher o material. Vou então ao Hotel acompanhado de José esteves, e recebemos uma mala e uma carta da senhora Juanita, José Esteves prepara então uma bomba destinada a um avião, com esses materiais, com a ajuda de Carlos Miranda.

O Major Canto e Castro volta depois de Londres, encontra-se comigo, e digo-lhe que a bomba está montada. Lee Rodrigues é-me apresentado pelo Major Canto e Castro. Alguns dias depois Lee Rodrigues telefona-me e encontramo-nos para jantar no restaurante galeto, junto ao Saldanha, juntamente com Canto e Castro, onde aparece também Evo Fernandes, que era o contacto de Lee Rodrigues em Lisboa. Fora Evo Fernandes que apresentara Lee Rodrigues a Canto e Castro. Lee Rofrigues era moçambicano e tinha ligações à Renamo. Nesse jantar alinham-se pormenores sobre o atentado. Canto e Castro refere contudo nesse jantar que o atentado será realizado em Angola. Perante esta afirmação, pergunto se ele está a falar a sério ou a brincar, e se me acha com “cara de palhaço"- fazendo tenção de me levantar. Refiro que, através de Frank Carlueci, já estava a par de tudo. Lee Rodrigues pede calma, referindo depois Canto e Castro que desconhecia que eu já estava a par de tudo, mas que sendo assim nada mais havia a esconder.

Possivelmente em Novembro, é-me solicitado por Philip Snell que participe numa reunião em Cascais, num iate junto á antiga marina (na altura não existia a actual marina). Vou e levo comigo José Esteves. Essa reunião tem lugar entre as 20 e as 23 horas, nela participando Philips Snell, Oliver North, Frank Sturgies, Sydral e Lee Rodrigues e mais cerca de 2 ou 3 estrangeiros, que julgo serem americanos. Nesta reunião é referido que há que preparar com cuidado a operação que será para breve, e falam-se de pormenores a ter em atenção. É referido também os cuidados que devem ser realizados depois da operação, e o que fazer se algo correr mal. A língua utilizada na reunião é o Inglés. José Esteves recebeu então USD 200.000 pelo seu futuro trabalho. Eu não recebi nada pois já era pago normalmente pela CIA. Eu nessa altura recebia da CIA o equivalente a cinco mil dólares, dispondo também de dois cartões de crédito Diner's Club e Visa Gold, ambos com plafonds de 10.000 Dólares.

Lee Rodrigues pede-me então que arranje um cartão para José Esteves entrar no aeroporto.
Para este efeito, obtenho um cartão forjado, na mouraria, em Lisboa, numa tipografia que hoje já não existe. Lee Rodrigues diz-me também que irá obter uma farda de piloto numa loja ao pé do Coliseu, na Rua das Portas de Santo Antão. A meu pedido, João Pedro Dias, que era carteirista, arranja também um cartão para Lee Rodrigues. Este cartão foi obtido por João Pedro Dias, roubando o cartão de Miguel Wahnon, que era funcionário da TAP.

Apenas foi necessário mudar-se a fotografia desse cartão, colocando a fotografia de Lee Rodrigues.

José Esteves prepara então em sua casa no Cacém, um engenho para o atentado. Conta com a colaboração de outro operacional chamado Carlos Miranda, especialista em explosivos, que é recrutado por mim, e que eu já conhecia de Angola, quando Carlos Miranda era comandante da FNLA e depois CODECO em Portugal. José Esteves foi também um dos principais comandantes da FNLA, indo muitas vezes a Kinshasa.

Depois do artefacto estar pronto, vou novamente a Paris. No Hotel Ritz, à tarde, tenho um encontro com Oliver North, o cor. Wilkison e Philip Snell, onde se refere que o alvo a abater era Adelino Amaro da Costa, Ministro da Defesa.

Volto a Portugal, cerca de 5 ou 6 dias antes do atentado. É marcado por Oliver North um jantar no hotel Sheraton. Necesse jantar aparece e participa um indivíduo que não conhecia e que me é apresentado por Oliver North , chamado Penaguião. Penaguião afirma ser segurança pessoal de Sá Carneiro. Oliver North refere que Penaguião faz parte da segurança pessoal de Sá Carneiro e que é o homem que conseguirá meter Sá Carneiro no Avião. Penaguião afirma, de forma fria e directa que sá Carneiro também iria no avião, "pois dessa forma matavam dois coelhos de uma cajadada! " Afirma que a sua eliminação era necessária, uma vez que Sá Carneiro era anti-americano, e apoiava
incondicionalmente Adelino Amaro da Costa na denúncia do trático de armas, e na descoberta do chamado saco azul do Fundo de Defesa do Ultramar, pelo que tudo estava, desde o início, preparado para incluir as duas pessoas. Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa. Fico muito receoso, pois só nesse momento fiquei a conhecer a inclusão de Sá Carneiro no atentado. Pergunto a Penaguião como é que ele pode ter a certeza de que Sá Carneiro irá no avião, ao que Penaguião responde de que eu não me preocupasse pois que ele, com mais alguém, se encarregaria de colocar Sá Carneiro naquele avião naquele dia e naquela hora, pois ele coordenava a segurança e a sua palavra era sempre escutada. No final do jantar, juntam-se a nós três o General Diogo Neto e o Coronel Vinhas.

Fico estarrecido com esta nova informação sobre Sá Carneiro, e decido ir, nessa mesma noite, à residência do embaixador dos EUA, na Lapa, onde estava Frank Carlucci, a quem conto o que ouvi. Frank Carlucci responde que não me preocupasse, pois este plano já estava determinado há muito tempo. Disse-me que o homem dos EUA era Mário Soares, e que Sá Carneiro, devido à sua maneira de ser, teimoso e anti-americano, não servia os interesses estratégicos dos EUA. Mário Soares seria o futuro apoio da política americana em Portugal, junto com outros lideres do PSD e do PS. Aceito então esta situação, uma vez que Frank Carlucci já me havia dito antes que tudo estava assegurado, inclusivamente se algo corresse mal, como a minha saída de Portugal, a cobertura total para mim e para mais alguém que eu indicasse, e que pudesse vir a estar em perigo. Isto é a usual "realpolitik" dos Estados Unidos, e suspeito que sempre será.

Três dias antes do atentado há uma nova reunião, na Rua das Pretas no Palácio Roquete, onde participam Canto e Castro, Farinha Simões, Lee Rodrigues, José Esteves e Carlos Miranda. Carlos Miranda colaborou na montagem do engenho explosivo com José Esteves, tendo ido várias vezes a casa de José Esteves. Nessa reunião são acertados os últimos pormenores do atentado. Nessa reunião, Lee Rodrigues diz que ele está preparado para a operação e Canto e Castro diz que o atentado será a 3 ou 4 de Dezembro. Nessa reunião é dito que o alvo é Adelino Amaro da Costa. No dia seguinte encontramo-nos com Canto e Castro no Hotel Sheraton, e vamos jantar ao restaurante "O Polícia".

No dia 4 de Dezembro, telefono de um telefone no Areeiro, para o Sr. William Hasselberg, na Embaixada dos EUA, para confirmar que o atentado é para realizar, tendo-me este referido que sim. Desse modo, à tarde, José Esteves traz uma mala a minha casa, e vamos os dois para o aeroporto. Conduzo José Esteves ao aeroporto, num BMW do José Esteves.

Já no aeroporto, José Esteves e eu entramos no aeroporto, por uma porta lateral, junto a um posto da Guarda Fiscal, utilizando o cartão forjado, anteriormente referido. Depois José Esteves desloca-se e entrega a mala, com o engenho, a Lee Rodrigues, que aparece com uma farda de piloto e é também visto por mim. Depois de cerca de 15 minutos, sai já sem a mala, e sai comigo do aeroporto. Separamo-nos, mas mais tarde José Esteves encontra-se novamente comigo no cabeleireiro Bacta, no centro comercial Alvalade.

Depois José Esteves aparece em minha casa com a companheira da época, de nome Gina, e com um saco de roupa para lá ficar por precaução. Ouvi-mos depois o noticiário das 20 horas na televisão, e José Esteves fica muito surpreendido, pois não sabia que Sá Carneiro também ia no avião.

Afirma que fomos enganados. Telefona então para Lencastre Bernardo, que tinha grandes ligações à PJ e à PJ Militar, e uma Ligação ao General Eanes, Lencastre Bernardo tem também ligações a Canto e Castro, Pezarat Correia, Charais, ao empresário Zoio a José António Avelar que era ex-braço direito de Canto e Castro. José Esteves telefona-lhe, e pede para se encontrar com ele. Este aceita, pelo que, pelas 23 horas, José Esteves, eu, e a minha mulher Elza, dirigimo-nos para a Rua Gomes Freire, na PJ, para falar com ele. José Esteves sobe para falar com Lencastre Bernardo que lhe tinha dito que não se preocupasse, pois nada lhe sucederia. Passámos contudo por casa de José Esteves pois este temia que aí houvesse já um conjunto de polícias à sua procura, devido a considerarem que ele estava associado à queda do avião em Camarate. José Esteves ficou assim aliviado por verificar que não existia aparato policial à porta de sua casa. Vem contudo dormir para minha casa.

Alguns dias depois falei novamente com Frank Carlucci. A quem manifestei o meu desconhecimento e ter ficado chocado por ter sabido, depois de o avião ter caído, que acompanhantes e familiares do Primeiro Ministro e do Ministro da Defesa também tinham ido no Avião. Frank Carlucci respondeu-me que compreendia a minha posição, mas que também ele desconhecia que iriam outras pessoas no avião, mas que agora já nada se podia fazer.

Em 1981, encontro-me com Victor Pereira, na altura agente da Polícia Judiciaria, no restaurante Galeto, em Lisboa. Conto a Victor Pereira que alguns dos atentados estão atribuídos às Brigadas Revolucionárias, relacionados com a colocação de bombas, foram porém efectuadas pelo José Esteves, como foram os casos dos atentados à bomba na Embaixada de Angola, de Cuba ( esta última com conhecimento de Ramiro Moreira), na casa de Torres Couto, na casa do prof. Diogo Freitas do Amaral, na casa do Eng. Lopes Cardoso, e na casa de Vasco Montez, a pedido deste, junto ao Jumbo em Cascais, para obter sensacionalismo à época, tendo José Esteves espalhado panfletos iguais aos da FP25. Não falei então com Victor Pereira de camarate. Tomei conhecimento no entanto que Victor Pereira, no dia 4 de Dezembro de 1980, tendo ido nessa noite ao aeroporto da Portela, como agente da PJ, encontrou a mala que era transportada pelo eng. Adelino Amaro da Costa. Nessa mala estavam documentos referentes ao tráfico de armas e de pessoas envolvidas com o Fundo de defesa do Ultramar. Salvo erro, Victor Pereira entregou essa mala ao inspector da PJ Pedro Amaral, que por sua vez a entregou na PJ. Disse-me então Victor Pereira que essa mala, de maior importância no caso de Camarate, pelas informações que continha, e que podiam explicar os motivos e as pessoas por detrás deste atentado, nunca mais voltou a aparecer. Esta informação foi-me transmitida por Victor Pereira, quando esteve preso comigo na prisão de Sintra, em 1986. Não referi então a Victor Pereira que, como descrevo a seguir, eu tinha já tido contacto com essa mala, em finais de 1982, pelo facto de trabalhar com os serviços secretos na Embaixada dos EUA.

Também em 1981, uns meses depois do atentado, eu e o José Esteves fomos ter com o Major Lencastre Bernardo, na Polícia Judiciária, na Rua Gomes Freire. Com efeito, tanto o José Esteves como eu, andávamos com medo do que nos podia suceder por causa do nosso envolvimento no atentado de Camarate, e queríamos saber o que se passava com a nossa protecção por causa de Camarate. Eu não participo na reunião, fico à porta. Contudo José Esteves diz-me depois que nessa conversa Lencastre Bernardo lhe referiu que, numa anterior conversa com Francisco Pinto Balsemão, este lhe havia dito ter tido conhecimento prévio do atentado de Camarate, pois em Outubro de 1980, Kissinger o informou de que essa operação ia ocorrer. Disse-lhe também que ele próprio tinha tido conhecimento prévio do atentado de Camarate. Disse-lhe ainda que podíamos estar sossegados quanto a Camarate, pois não ia haver problemas connosco, pois a investigação deste caso ia morrer sem consequências.

A este respeito gostaria de acrescentar que numa reunião que tive, a sós, em 1986, com Lencastre Bernardo, num restaurante ao pé do edifício da PJ na Rua Gomes Freire, ele garantiu-me que Pinto Balsemão estava a par do que se ia passar em 4 de Dezembro. No restaurante Fouchet's, em Paris, Kissinger tinha-me dito, “por alto”, que o futuro Primeiro Ministro de Portugal seria pinto Balsemão. E importante referir que tanto Henry Kissinger como Pinto Balsemão eram já, em 1980, membros destacados do grupo Bilderberg, sendo certo que estas duas pessoas levavam convidados às reuniões anuais desta organização.
Deste modo, aquando da conversa com Lencastre Bernardo, em 1986, relacionei o que ele me disse sobre Pinto Balsemão, com o que tinha ouvido em Paris, em 1980. Tive também esta informação, mais tarde, em 1993, numa conversa que tive com William Hasselberg, em Lisboa, quando este me confirmou de que Pinto Balsemão estava a par de tudo.

Em finais de 1982, pelas informações que vou obtendo na Embaixada dos EUA, em Lisboa, verifico que se fala de nomes concretos de personalidades americanas com tendo estado envolvidas em tráfico de armas que passava por Portugal. Pergunto então a William Hasselberg como sabem destes nomes. Ao fim de muitas insistências minhas, William Hasselberg acaba por me dizer que a Pj entregou, na embaixada dos EUA, uma mala com os documentos transportados por Adelino Amaro da Costa, em 4 de Dezembro de 1980, e que ficou junto aos destroços do avião, embora não me tenha dito quem foi a pessoa da PJ que entregou esses documentos. Peço então a William Hasselberg que me deixe consultar essa mala, uma vez que faço também parte da equipa da CIA em Portugal. Ele aceita, e pude assim consultar os documentos aí existentes. que consistiam em cerca de 200 páginas. Pude assim consultar este Dossier durante cerca de uma semana, tendo-o lido várias vezes, e resumido, à mão, as principais partes, uma vez que não tinha como fotografa-lo ou copia-lo.

Vejo então, que apesar do desastre do avião, e da pasta de Avelino Amaro da Costa ter ficado queimada, e ter sido substituida por outra, os documentos estavam intactos. Estes documentos continham uma lista de compra de armas, que incluia nomeadamente RPG-7, RPG-27, G3, lança granadas, dilagramas, munições, granadas, minas, rádios, explosivos de plástico, fardas, kalashiskovs AK-47 e obuses. Referia-se também nesses documentos que para se iludir as pistas, as vendas ilegais de armas eram feitas através de empresas de fachada, com os caixotes a referir que a carga se tratava de equipamentos técnicos, e peças sobresselentes para maquinas agrícolas e para a construção civil. Esta forma de transportar armas foi-me confirmada várias vezes por Oliver North, no decorrer da década de 80, até 1988, e quando estive em Ilopango, no El Salvador, também na década de 80, verifiquei que era verdade.

Nestes documentos lembro-me de ver que algumas armas vinham da empresa portuguesa Braço de Prata, bem como referências de vendas de armas de Portugal e de países de Leste, como a Polónia e a Bulgária, com destino para a Nicarágua, Irão, El Salvador, Colombia, Panamá, bem como para alguns países Africanos que estavam em guerra, como Angola, ANC da África do Sul, Nigéria, Mali, Zimbawe, Quénia, Somália, Líbia, etc. Está também claramente referido nesses documentos que a venda de armas é feita através da empresa criada em Portugal chamada "Supermarket" (que operava através da empresa mãe "Black - Eagle").

Nos referidos documentos ví também que as vendas de armas eram legais através de empresas portuguesas, mas também havia vendas de armas ilegais feitas por empresas de fachada, com a lavagem de dinheiro em bancos suíços e "off-shores" em nome dos detentores das contas, tanto pessoas civis como militares.

As vendas ilegais de armas ocorriam por várias razões, nomeadamente: Em primeiro lugar muitos dos países de destino, tinham oficialmente sanções e embargos de armas. Em segundo lugar os EUA não queriam oficialmente apoiar ou vender armas a certos países, nomeadamente aos contra da Nicarágua, ou ao Irão e ao Iraque, a quem vendiam armas ao mesmo tempo, e sem conhecimento de ambos. Em terceiro lugar a venda de armas ilegal é mais rentável e foge aos impostos. Em quanto lugar a venda de armas ilegal permite o branqueamento de capitais, que depois podiam ser aproveitados para outros fins.

Entre os nomes que vi referidos nestes documentos figuravam:

- José Avelino Avelar
- Coronel Vinhas
- General Diogo Neto
- Major Canto e Castro
- Empresário Zoio
- General Pezarat Correia
- General Franco Charais
- General Costa Gomes
- Major Lencastre Bernardo
- Coronel Robocho Vaz
- Francisco Pinto Balsemão

Francisco Balsemão e Lencastre Bernardo eram referidos como elementos de ligação ao grupo Bildeberg e a Henry Kissinger, Francisco Balsemão pertence também à loja maçónica "Pilgrim", que é anglo-saxónica, e dependente do grupo Bildeberg. Lencastre Bernardo tinha também assinalada a sua ligação a alguns serviços de inteligência, visto ele ser, nos anos 80, o coordenador na PJ e na Polícia Judiciária Militar.


Entre as empresas Portuguesas que realizavam as vendas de armas atrás referidas, entre os anos 1974 e 1980, estavam referidas neste Dossier:

- Fundição de Oeiras (morteiros, obuses e granadas)
- Cometna (engenhos explosivos e bombas)
- OGMA (Oficinas Gerais Militares de Fardamento e OGFE (Oficinas de Fardamento do Exercito)
- Browning Viana S.A.
- A. Paukner Lda, que existe desde 1966
- Explosivos da trafaria
- SPEL (Explosivos)
- INDEP (armamento ligeiro e munições)
- Montagrex Lda, que actuava desde 1977, com Canto e Castro e António José Avelar. Só foi contudo oficialmente constituida em 1984, deixando, nessa altura, Canto e Castro de fora, para não o comprometer com a operação de Camarate. A Montagrex Lda operava no Campo Pequeno, e era liderada por António Avelar que era o braço direito de Canto e Castro e também sócio dessa empresa. O escritório dessa empresa no Campo Pequeno é um autentico “bunker", com portas blindadas, sensores, alarmes, códigos nas portas, etc.

Canto e Castro e António Avelar são também sócios da empresa inglesa BAE - Systems, sediada no Reino Unido. Esta empresa vede sistemas de defesa, artilharia, mísseis, munições, armas submarinas, minas e sobretudo sistemas de defesa anti-mísseis para barcos.

Todos estes negócios eram feitos, na sua maior parte, por ajuste directo, através de brokers - intermediários, que recebiam as suas comissões, pagas por oficiais do Exército, Marinha, Aeronáutica, etc.

Nestes documentos era referido que, como consequência desta vendas de armas, gerava-se um fluxo considerável de dinheiro, a partir destas exportações, legais e ilegais. Estes documentos referiam também a quem eram vendidas estas armas, sobretudo a países em guerra, ou ligados ao terrorismo internacional. Era também referido que todas estas vendas de armas eram feitas com a conivência da autoridade da época, nomeadamente militares como o General Costa Gomes, o General Rosa Coutinho (venda de armas a Angola) e o próprio Major Otelo Saraiva de Carvalho ( venda de armas a Moçambique). Vi várias vezes o nome de Rosa Coutinho nestes documentos, que nas vendas de armas para Angola utilizava como intermediário o general reformado angolano, José Pedro Castro, bastante ligado ao MPLA, que hoje dispõe de uma fortuna avaliada em mais de 500 milhões de USD, e que dividia o seu tempo entre Angola, Portugal e Paris. O seu filho, Bruno Castro é director adjunto do Banco BIC em Angola.

No referido dossier estavam também referidos outros militares envolvidos neste negócio de armas, nomeadamente o Capitão Dinis de Almeida, o Coronel Corvacho, o Vera Gomes e Carlos Fabião.

Todas estas pessoas obtinham lucros fabulosos com estes negócios, muitas vezes mesmo antes do 25 de Abril de 1974 e até 1980. Era referido que estas pessoas, nomeadamente militares, que ajudavam nesta venda de armas, beneficiavam através de comissões que recebiam. Estavam referidos neste Dossier os nomes de "off-shores", que eram usadas para pagar comissões às pessoas atrás referidas e a outros estrangeiros, por Oliver North ou por outros enviados da CIA. Estas "off-shores" detinham contas bancárias, sempre numeradas.

Esta referência batia certo com o que Oliver north sempre me contou, de que o negócio das armas se proporciona através de "off-shores" e bancos controlados para a lavagem de dinheiro.

Vale a pena a este respeito referir que no negócio das armas, empresas do sector das obras públicas aparecem frequentemente associadas, como a Haliburton, a Carlyle, ou a Blackwater, (empresa de armas, construção e mercenários), entre outras. Esta relação está referida, há anos, em vários relatórios, nomeadamente nos relatórios do Bribe Payer Index (indice internacional dos pagadores de subornos), que é uma agencia americana. A indicação deste tipo de práticas foi desenvolvida mais tarde, pela Transparency International e pelo Comité Norte Americanos de Coordenação e Promoção do Comercio do Senado Americano, que referem que há muitos anos , mais de 50% do negócio e comercio de armas em Portugal, é feito através de subornos. Os americanos sempre usaram Portugal para o tráfico de armas, fazendo também funcionar a Base das Lajes, nos Açores, para este efeito, nomeadamente depois de 1973, aquando da guerra do Yom Kippur, entre Israel e os países árabes. Este tráfico de armas deu origem a várias contrapartidas financeiras, nomeadamente através da FLAD, que foi usada pela CIA para este efeito. A FLAD recebeu diversos fundos específicos para a requalificação de recursos humanos.

Não ví contudo neste Dossier observações referindo referindo que estas vendas de armas eram condenáveis ou que tinham efeitos negativos. Havia contudo uma pequena nota, em que algumas folhas de que se devia tomar cuidade com tudo o que aí estava escrito, e que portanto se devia actuar. Havia também na primeira página um carimbo que dizia "confidentical and restricted".

Estas vendas de armas continuaram contudo depois de 1980. Tanto quanto eu sei, estas vendas de armas continuaram a ser realizadas até 2004, embora com um abrandamento importante a partir de 1984, a partir do escândalo das fardas vendidas à Polónia.

No referido Dossier estavam também referidas personalidades americanas envolvidas no negócio de armas, nomeadamente Bush (Pai), dick Cheney, Frank Carlucci, Donald Gregg, vários militares, bem como a empresas como a Blackwater. são ainda referidas empresas ligadas aos EUA, como a Carlyle, Haliburton, Black Eagle Enterprise, etc, que estavam a usar Portugal para os seus fins, tanto pela passagem de armas através de portos portugueses, como pelo fornecimento de armas a partir de empresas portuguesas. Tirei apontamentos desses documentos, que ainda hoje tenho em meu poder.

A empresa atrás referida, denominada supermarket, foi criada em Portugal em 1978, e operava através da empresa mão, de nome Black-Eagle, dirigida por William Casey, (membro do CFR(counceil for Foreign Affairs and Relations), ex-embaixador dos EUA nas Honduras e também com ligações à CIA). A empresa supermarker organizava a compra de armas de fabrico soviético, através de Portugal, bem como a compra de armas e munições portuguesas, referidas anteriormente, com toda a cumplicidade de Oliver North. Estas armas iam para entrepostos nas Honduras, antes de serem enviadas para os seus destinos finais. Oliver North pagou muitas facturas destas compras em Portugal, através de uma empresa chamada Gretsh World, que servia de fachada à Supermarket. Mais tarde, cerca de 1985, quando se começou muito a falar de camarate, Oliver North cancelou a operação "Supermarket, e fechou todas as contas bancárias.

Devo ainda referir que William Hasselberg e outros americanos da embaixada dos EUA, em Lisboa, comentaram comigo, várias vezes o que estava escrito neste Dossier.
Relativamente a Hasselberg isso era lógico, pois foi ele que me deu o Dossier a ler.
Posteriormente comentei também o que estava escrito neste Dossier com Frank Carlucci, que obviamente já tinha conhecimento da informação nele contida.

Tanto William Hasselberg, como membro da CIA, como outros elementos da CIA atrás referidos e outros, comentaram várias vezes comigo o envolvimento da CIA na operação de Camarate e neste negócio de armas. Lembro-me nomeadamente que quando alguém da CIA, me apresentava a outro elemento da Cia, dizia frequentemente "this is the portuguese guy, the one from Camarate, the case in Portugal with the plane!".

As vendas de armas, a partir e através de Portugal, foram realizadas ao longo desses anos, pois era do interesse político dos EUA. A CIA organizou e implementou estas vendas de armas em Portugal, à semelhança do que sucedeu noutros países, pois era crucial para os EUA que certas armas chegassem aos países referidos, de forma não oficial, tendo para isso utilizados militares e empresários Portugueses, que acabaram também por beneficiar dessas vendas.

Como anteriormente referi, William Casei e Oliver North estavam, nas décadas de 70 e 80 conluiados com o presidente Manuel Noriega, no escândalo Irão - contras (Irangate). Foi sempre Oliver North que se ocupou da questão dos reféns americanos no Irão, bem como da situação da América Central. Recebeu pessoalmente por isso uma carta de agradecimentos de George Bush Pai, Vice Presidente à época de Ronald Reagan.


Devo dizer a este respeito que John Bush, filho de Bush Pai, então com 35 anos, a fiver na Flórida, pertencia em 1979 e 1980 ao “Condado de Dade", que era e é uma organização republicana, situada em South Florida, destinada a angariar fundos para as campanhas eleitorais republicanas. John Bush era um dos organizadores de apoios financeiros para os "contra" da Nicarágua.

Conheci também Monzer Al Kasser um grande traficante de armas que tinha uma casa em Puerto Banus em Marbella, e que me foi apresentado, em Paris, por Oliver North, em 1979.
Era um dos grandes vendedores de armas para os “Contra” na Nicarágua, trabalhando simultaneamente para os serviços secretos sírios, búlgaros e polacos. Na sua casa em Marbella, referiu-me também que, por vezes, o tráfico de armas era feito através de África, para que no Iraque não se apercebessem da sua proveniência, pois também vendiam ao mesmo tempo ao Irão e mesmo a Portugal. Este tráfico de armas, que estava em curso, desde há vários anos, em 1980, e o começo do caso Camarate.

Através de Al Kasser conheci, em Marbella, no final de 1981, outro famoso traficante de armas, numa festa em casa de Monzer, que se chamava Adrian Kashogi. Kashogi, como pude testemunhar em sua casa, tinha relações com políticos e empresários europeus, árabes e africanos, por regra ligados ao tráfico de armas e drogas.

Sou preso em 1986, acusado de tráfico de drogas. Esta prisão foi uma armadilha montada pela DEA, por elementos que nessa organização não gostavam de mim, por eu ter levado à detenção de alguns deles, como referi anteriormente. Fui então levado para a prisão de Sintra. Estou na prisão com o Victor Pereira,, que aí também estava preso. Sei, em 1986, que estavam a preparar para me eliminar na prisão, pelo que peço à minha mulher Elza, para ir falar, logo que possível com Frank Carlucci. Em consequência disso recebo na prisão a visita de um agente da CIA, chamado Carlston, juntamente com outro americano. estes, depois de terem corrompido a direcção da prisão, incluindo o director, sub-director e chefe da guarda, bem como um elemento que se reformou muito recentemente, da Direcção Geral dos serviços Prisionais, chamada Maria José de Matos, conseguem a minha fuga da prisão. Contribui ainda para esta minha fuga, mediante o recebimento de uma verba elevada, paga pelos referidos agentes americanos esta directora-adjunta da Direcção Geral dos serviços Prisionais. Estes agentes americanos obtêm depois um helicóptero, que me transporta para a Lousã, onde fico cerca de 20 dias. Vou depois para Madrid, com a ajuda dos americanos, e depois daí ara o Brasil. as despesas com a minha fuga da prisão custaram 25000 euros, o que na época era uma quantia elevada.

Só mais tarde no Brasil, depois de 1986, é que referi a José Esteves que sabia que Sá Carneiro ia no avião, contando-lhe a história toda. José Esteves, responde então, que nesse caso, tinha-mos corrido um grande risco. Eu tranquilizei-o, referindo que sempre o apoiei e protegi neste atentado. Dei-lhe apoio no Brasil no que pude. Assegurei-lhe também o transporte para o Brasil, obtendo-lhe um passaporte no Governo Civil de lisboa, entreguei-lhe 750 contos que me foram dados para esse efeito pela embaixada dos EUA, em Lisboa, e arranjei-lhe o bilhete de avião de Madrid para o Rio de Janeiro . Na viagem de Lisboa para Madrid, José Esteves foi levado por Victor Moura, um amigo comum. No Rio de Janeiro ajudei-o a montar uma loja, numa roulote. Como trabalhava ainda para a embaixada dos EUA, em Lisboa, estas despesas foram suportadas pela Embaixada. Ficou no Brasil cerca de dois anos. Eu, contudo andava constantemente em viagem.


José Esteves recebe depois um telefonema de Francisco Pessoa de Portugal, onde Francisco Pessoa o aconselha a voltar a Portugal, e a pedir protecção, a troco de ir depor na Comissão de Inquérito Parlamentar sobre Camarate. Esse telefonema foi gravado, mas José Esteves nunca chegou a obter uma protecção formal.

Telefono a Frank Carlucci, em 1987, pedindo-lhe para falar com ele pessoalmente. Ele aceita, pelo que viajo do Brasil, via Miami, para Washington. Pergunto-lhe então, em face do que se tinha falado de Camarate, qual seria a minha situação, se corria perigo por causa de Camarate, e se continuarei, ou não a trabalhar para a CIA. Frank Carlucci responde-me que sim, que continuarei a trabalhar para a CIA, tendo efectivamente continuado a ser pago pela CIA até 1989. Frank Carlucci confirma nessa reunião que puderam contar com a colaboração de Penaguião na operação de Camarate, e que ele, Frank Carlucci, esteve a par dessa participação.

Em 1994, foi-me novamente montada uma armadilha em Portugal, por agentes da DEA que não gostavam de mim, por causa da referida prisão de agentes seus, denunciados por mim. Nesta armadilha participam também três agentes da DCITE - Portuguesa, os hoje inspectores Tomé, Sintra e Teófilo Santiago. Depois desta detenção, recebo a visita na prisão de Caxias de dois procuradores do Ministério Público, um deles, se não estou em erro, chamado Fernando Ventura, enviados por Cunha Rodrigues, então Procurador Geral da República. Estes procuradores referem-me que me podem ajudar no processo de droga de que sou acusado, desde que eu me mantenha calado sobre o caso Camarate.

Por ser verdade. e por entender que chegou o momento de contar todo o meu envolvimento na operação de Camarate, em 4 de Dezembro de 1980, decidi realizar a presente Declaração, por livre vontade. Não podendo já alterar a minha participação nesta operação,
que na altura estava longe de poder imaginar as trágicas consequências que teria para os familiares das vítimas e para o país, pude agora, ao menos, contar toda a verdade, para que fique para a História, e para que nomeadamente os portugueses possam dela ter pleno conhecimento.

Não quero, por ultimo, deixar de agradecer à minha mãe, à minha mulher Elza Simões, que ao longo destes mais de 35 anos, tanto nos bons como nos maus momentos, sempre esteve a meu lado, suportando de forma extraordinária, todas as dificuldades, ausências, e faltas de dedicaçâo à família que a minha profissão implicava. Só uma grande mulher e um grande amor a mim tornaram possível este comportamento. Quero também agradecer à minha filha Eliana, que sempre soube aceitar as consequências que para si representavam a minha vida profissional, nunca tendo deixado de ser carinhosa comigo. Finalmente quero agradecer à minha mão que, ao longo de toda a minha vida me acarinhou e encorajou, apesar de nem sempre concordar com as minhas opções de vida. A natureza da sua ajuda e apoio, tiveram para mim uma importância excepcional, sem, as quais não teria conseguido prosseguir, em muitos momentos da minha vida. Posso assim afirmar que tive sempre o apoio de uma família excepcional, que foi para mim decisiva nos bons e maus momentos da minha vida.

Lisboa, 26 de Março de 2012
Fernando Farinha Simões
B.I. n.º 7540306

Sabedoria em poemas

“Cântigo negro” (José Régio) declamado pela Maria Bethânia




“Pedra Filosofal” (Rómulo de Carvalho / António Gedeão) cantado pelo António Freire




Viver antes de morrer

Das palestras mais inspiradores a que assisti… O Steve Jobs pouco tempo antes de morrer. “Carpe diem” meus amigos. Que a vida passa a correr. Comovente, inspirador, uma lição de vida.



Porque todos temos que ser loucos e acreditar:

As saudades do meu Doguinho



São um milhão de pequenos pormenores que me assombram. Não o ver quando acordo, pacientemente à espera do passeio da manhã, do pequeno-almoço, das minhas festinhas. Não se levantar sempre que eu mudo de posição. Não o ver ao meu lado em cada ida à cozinha ou à casa de banho. Não o ver a olhar para mim, deitado, à espera que eu fizesse qualquer movimento. O brinquedo preferido dele a cair no meu colo, as orelhas levantadas, os olhos arregalados.

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Nós temos as nossas vidas sociais, os nossos trabalhos, as nossas séries de televisão... o doguinho tinha-me a mim e a dona. Nós éramos tudo. Comia quando estávamos presentes, mesmo que a comida estivesse ao lado dele, era a nós que dedicava toda a atenção. Todos os nossos movimentos podiam dar origem a uma festinha, a coisa mais importante na vida dele, havia sempre a possibilidade de se sentar à nossa frente, levantar as orelhas e arregalar os olhos... porque coisas boas aconteciam quando o fazia, porque era irresistível de charme.

Até das pequenas irritações tenho saudades. Saudade de o ver cheirar a relva minutos a fio quando eu tinha pressa, como se estivesse a descobrir um novo universo de cheiros diferentes da véspera. Saudade das vezes em que não me deixava vestir-me ao meu ritmo, porque sabia que eu o ia levar à rua logo a seguir. Saudade do ar arrependido quando fazia asneiras, mesmo antes de eu dizer alguma coisa. Saudades de quando se metia entre mim e a televisão para reclamar atenção.

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Ah, e tão importante era para ele a sessão diária de me lamber os pés antes de eu me deitar, de beijinhos no pescoço, de esticar o pescoço para me cheirar... A expressão dele a encher-me de mimo, era a altura em que ele sentia me estava a dar as festinhas, a retribuir todas as que lhe tinha dado durante o dia.

Ele gostava de pessoas. Está tão vívido na minha memória, no que acabaria por ser o ultimo fim de semana da sua vida, ele no béltico a brincar com o Vasquinho (bebéWinking e com o Gonçalo, a pedir festinhas ao meu pai sempre que o via. A invasão de miúdos na quinta no primeiro dia do ano.

As pessoas que não o conheciam podiam ter medo dele, por ser tão grande e imponente, mas ele adorava todas as festas... e nunca o vi ter qualquer tipo de relutância em estar com alguém. Até a persistência dos miúdos era aceite com resignação e infinita paciência, mesmo quando ele já só queria um cantinho sossegado. Ninguém nos podia visitar sem o doguinho tentar extrair tanta brincadeira e festinhas quanto possível, sempre a baixar a cabeça e a olhar para o chão quando sentia que tinha começado uma sessão de festinhas, sempre a encostar o corpo contra as pernas das pessoas a torcer-se de mimo.

Adorava outros cães. Fez umas amigas, a Anuk que adorava e com quem passou uns dias em São Pedro, a Pipa a quem ofereceu todos os seus brinquedos quando o Miguel e a Joana a trouxeram cá a casa, a Lara que encontrava esporadicamente nos passeios. Com os cães era mais complicado, por muito que ele se tentasse aproximar normalmente recebia umas ladradelas (o tamanho dele e ser macho não ajudavam), mas ele impreterivelmente latia para eles, abanava o rabo furiosamente, ladrava de volta “para o lado” em vez de ladrar “de frente” para eles.

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O meu cão. Que crédito para a raça (Dogo argentino). Que generosidade, que carácter, que vazio enorme na minha vida fica depois de o perder... e agora? Entrar em casa sem o ver encostado à porta dói. Não o passear de manhã, ao final da tarde e à noite, é horrível.


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Passo a vida a olhar para o lado à procura do meu companheiro, e em vez de o descobrir a olhar para mim vejo os espaços que ele ocupava vazios. Que dor na minha alma... que vazio. Que saudade.

Dogo (2004-2012)


Nasceu em 16 de Julho de 2004 e faleceu no dia 5 de Janeiro 2012. Um “dogo argentino” chamado Dogo. Nunca o esquecerei o amor incondicional que me deu. Não tenho palavras para descrever a tristeza que me vai na alma. Foram oito anos de companhia, ternura, miminhos e devoção a tempo inteiro.

Viveu uma vida marcada pelo estigma do “animal potencialmente perigoso”… tive que explicar vezes sem conta que não fazia mal a uma mosca, que era um gigante de ternurento, que estava habituado a crianças e não havia a mínima hipótese de fazer mal a outro animal.

O meu doguinho lindo. O meu companheiro. Meu amigo. Nunca te esquecerei… Dava tudo para te ter de volta. Obrigado por uma vida dedicada a dar tudo o que tinhas, toda a atenção do mundo, todos os mimos que se podem dar. Não tenho palavras que cheguem para descrever tudo o que sinto. A dor de perder o meu Dogo é um dos piores momentos de que tenho memória. Tantos momentos que recordo com saudade…

Lucas 590

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Motley Crue e Def Leppard ao vivo!


Fui à boleia com o meu irmão a Londres para ver um concerto. Steal panther, Motley crue e Def Leppard em Wembley arena. Chegámos a Heathrow por volta do meio dia, passámos no hotel para largar a tralha e seguimos para Wembley.

Wembley arena é uma versão "mais pequena" do nosso pavilhão Atlântico. Muito bem explorada comercialmente onde abunda a oferta de merchandising das bandas, comida e bebida. A entrada era a partir das 17:30, pelo que tínhamos mas horas de espera, passadas a come e beber.

As horas gastas num pub, na companhia do Fernando (que trabalha comigo na mr.Net e está a viver em Londres há 8 meses), foram particularmente agradáveis. A cerveja em inglaterra (duas "pint of Carlsberg") é um bocadinho como fazer amor numa canoa (fucking close to water!) e as sandoscas foram agradáveis.

Quanto aos concertos foram três experiências muito distintas...

Steal panther, que eu não conhecia de lado nenhum, deu um concerto cheio de musicas giras e umas discursatas hilariantes. Foi o unico vocalista que me impressionou. Grande voz e sentido de humor.

Motley crue foi... complicado. O Vince Neil não cantou boa parte das musicas, parecia o pato Donald, guinchou e desafinou, não deu “uma para a caixa” com a voz. Soube puxar pelo publico e estar em palco, mas parecia mais um maestro que o vocalista da banda. Não sei se foi de ter concertos a mais, em dias consecutivos, mas foi muito mauzinho. Já o resto da banda esteve perfeita. Destaque para o Tommy Lee e a sua bateria que estava montada num carril com um loop de 360°. O solo dele foi o momento alto da noite.

Def leppard estiveram quase irrepreensíveis e, se não fosse o Joe Elliot estar também com a voz lixada, tinham dado um concerto perfeito. Mesmo com a voz longe do normal cantou tudo, não falhou uma nota, e safou-se bem. O resto da banda esteve impecável.

Os concertos foram muito diferentes entre si. Steal panther foi uma lufada de a fresco, com menos luzes, palco e efeitos especiais... só rock, bom humor e “sem vocalistas claramente metidos em sarilhos”. Motley Crue foi uma orgia de luz, fogo, explosões e efeitos especiais, sangue falso lançado em baldes para o publico e, claro, a inesquecível bateria. Def Leppard foi o que se esperaria de uma excelente (grande) produção "tradicional", tudo muito bom, mas nada de particularmente surpreendente.

Valeu a pena e o cansaço! Foram 24h alucinantes.

http://gallery.me.com/plaureano#gallery (VIDEO!)


Motley Crue & Def Leppard ao vivo em Londres!


Dia 14 de Dezembro vou a Londres (Wembley Arena) ver Motley Crue e Def Leppard ao vivo! São uns quantos km para se ver um concerto, mas o meu irmão dá-me uma boleia (vantagens de se pilotar aviões), é ir num dia e voltar no outro… Hotel a uma milha da Wembley Arena a preços decentes, os dados estão lançados…

Motley Crue é uma das bandas da minha adolescência! Nunca vieram a Portugal tocar ao vivo. Esta é uma oportunidade de ver o concerto única, pelo que vai ser devidamente aproveitada. Na primeira parte estão Def Leppard, que eu já vi duas vezes ao vivo (ambas em Cascais).

Vince Neil, Tommy Lee, Nicky Sixx, Mick Mars: You better F(/&%n deliver!

MrNet em 2011

Viver neste cenário de espiral descontrolada da economia e gerir uma empresa é de doidos. Estou cansado pelos telejornais, políticos, da cassete dos partidos de esquerda e sindicatos, da falta de visão e senso generalizada. Parar de lutar não é uma opção, preciso de ganhar a vida, de manter a minha empresa lucrativa, de inventar negócio e manter pessoas satisfeitas com os resultados. Não é tarefa fácil. Mas não é algo de que possa fugir, pelo que arregaço as mangas e trabalho...

O primeiro semestre deste anos correu bem. Aqui estou eu para o segundo. Tudo indica que ainda não é desta que a empresa implode ou explode. Há trabalho e mercado, tudo indica que cá estaremos para 2012. São 12 anos de sobrevivência, com muitas crises pelo meio, vigarices e calotes de muitos clientes, e sobrevivemos com as contas muitas vezes no vermelho, quase sempre no amarelo e raramente no verde. Essa ideia de que ser dono de empresas equivale a ter uma vida desafogada e isenta de preocupações é completamente desajustada da realidade.

Nunca a Mr.Net trabalhou tão bem. A evolução da qualidade do nosso trabalho é notável. Aprendemos com os erros, somos capazes de nos superar em termos criativos e de resolver problemas que parecem “impossíveis” a favor dos nossos clientes. No primeiro trimestre deste ano fizemos um novo portal para a Câmara Municipal de Lisboa, um novo site para a Tap, participámos em projectos do novo “middleware” do cartão do cidadão e fizemos um portal para a associação de estudantes do IST. Pelo meio ainda houve tempo para uns meses de consultoria à Sonae e ajudar a estabelecer os alicerces de estratégias para as futuras actividades do grupo online. Nada mau, no contexto de pequena empresa, para os primeiros meses de um ano complicado.

Todo este trabalho implicou muitos fins de semana e feriados a trabalhar, muitos dias que se prolongam noite dentro, uma dedicação e espírito de missão impares. É esse o preço de ter escapado à crise. Trabalhar desalmadamente. Procurar trabalhar “melhor”. Lutar até ao limite da resistência de todos em prol de quem nos assegura estabilidade financeira.

Crise de 2011 (Parte 2)

Portugal bateu no fundo, ou está anunciado que vai bater, ou está a bater. A Moodys classificou a divida do estado português como “lixo”, o primeiro ministro sentiu isso como um murro no estômago, o Facebook explodiu com grupos a propor “mandar a Moodys à merda”, “enviar lixo para a Moodys”, fazer um denial of service ao site deles, etc.

Pessoalmente confesso que tenho “um problema” com esta história de classificar a divida do estado Português como “lixo”... esse “problema” consiste em eu achar que é mesmo “lixo”. É um problema tramado.

Tenho muita dificuldade em entender como é que o nosso estado achou que podia ter um défice orçamental durante décadas consecutivas, chegando ao limite de a divida ser maior que o PIB anual, sem que isso fosse, mais tarde ou mais cedo, uma divida que custaria a pagar...

Já escrevi em tempos que somos uma nação apaixonada por ideais sociais que não temos dinheiro para pagar... eu também acho (faz de conta) que seria óptimo ter um estado com recursos capaz de corrigir todos os problemas da sociedade, capaz de garantir saúde, educação, igualdade de oportunidades e segurança a todos. Acontece que, não tendo dinheiro para tudo isso, há que escolher de forma racional o que se consegue pagar. Temos uma constituição socialista e utópica, escrita a pensar numa realidade que decididamente não é aquele em que vivemos.

O problema já seria mau se o estado (que não produz riqueza nenhuma) se limitasse a gastar mal o dinheiro que arrecada (em impostos, que são a única fonte de rendimento do estado, não há mesmo galinhas de ovos de oiro escondidas na casa da meda!). Vai mais longe, gasta mais dinheiro que o que arrecada, há décadas. Neste momento já não consegue pagar as prestações do que deve, e dado o total desnorte estratégico, quem empresta dinheiro exige juros elevados inerentes ao risco mais elevado de incumprimento.

Voltamos à Moodys: é paga pelos próprios estados, autarquias e empresas, para avaliar o risco de investimento... durante 15 anos classificou o estado Português ao mesmo nível que a Alemanha (daí década e meia de juros baixos, a explosão de compras de casas, crédito ao consumo, etc). Foi um erro grosseiro de avaliação. Foram completamente incapazes de avaliar os investimentos que levaram ao rebentar da bolha do “subprime” norte americano. um segundo erro grosseiro. Actualmente parecem ser bastante mais conservadores na avaliação de risco... tenho alguma dificuldade em classificar isso como um “terceiro erro grosseiro”. Pelo menos não é na mesma linha...

É complicada a relação entre agencias de rating e os seus clientes. Naturalmente os clientes não gostam de ser avaliados como “um produto de risco” para os investidores. O motivo porque as agências de rating não perderem todos os clientes que avaliam como “investimentos de risco” é a necessidade de uma classificação de agencias de rating para contrair empréstimos no mercado. Ora, quando esse rating é “muito mau”, de facto não vale a pena nem contratar as agências, nem tentar ir ao mercado, e a culpa não é nem das agências nem de especuladores (os maus da fita para os Portugueses). É para estes casos que serve o FMI/BCE, e os respectivos planos de resgate, acompanhados de medidas que permitam diminuir o risco de incumprimento (igualmente vistos como uns senhores terríveis que nos querem explorar e fazer mal). Temos todos 11 anos e somos estúpidos? Parece... A começar pela nossa comunicação social...

Portugal continua a ir ao mercado regularmente e a pagar juros absurdos. Isto é um disparate absoluto. Acontece com regularidade. A alternativa é parar de pagar contas. Mudar as leis necessárias, despedir pessoas, fechar escolas e hospitais, cortar com os todos os apoios sociais que não temos dinheiro para pagar. Isto porque a prosseguir por este caminho estamos a caminhar para o colapso total, e aí não é cortar excedentes que não podemos pagar, é perder tudo em bloco num futuro próximo.

Ah, “isso não pode ser”, pensam alguns. Pode e deve, digo eu. É que a alternativa é muito pior, e consiste em ir aumentado impostos, estrangulando a economia, destruindo precisamente o que gera riqueza nesta país, que são as empresas. Esse é o grande erro, estratégico e mortal, que está a ser cometido. Essa tentativa de “equilíbrio” entre “cortar na despesa e aumentar a receita” é uma solução francamente coxa, que vai debilitar a economia real, gerando na prática menos receita, tornando o país pouco interessante para investimentos, e criando todas as condições para uma economia recessiva.

Há duas hipóteses, que não são mutuamente exclusivas, ambas desagradáveis e com consequências diferentes: “cortar na despesa” (i.e. gastar menos dinheiro) e “aumentar a receita” (i.e. ir buscar mais dinheiro” em impostos a particulares e empresas). Vejo pouco das primeiras e demasiado das segundas. O problema é que “mais impostos” é que significam menor fôlego das empresas, menos emprego e uma economia menos competitiva. Cortar a sério “na despesa” significa menos “quadros no estado”, menos serviços financiados (menos saúde, menos educação, menos segurança, menos protecção social), menos subsídios.

Eu devo ser o único português (ou um dos poucos) que acha que se deviam mudar as leis, acabar com uma legislação laboral absolutamente desadequada à realidade em que vivemos, cortar a sério na despesa e dar a volta ao texto reduzindo a máquina estatal até ao limite da receita real (depois de descontados os valores das prestações devidas). Para salvar o barco é necessário sacrificar alguns dos tripulantes? Seja. Dramático como é, antes isso que deixar o barco afundar e perder tudo. Antes isso que sacrificar a economia real que alimenta o monstro que é a máquina estatal.

Tenho a estranha impressão que os nossos governantes não entendem a lição simples das ultimas décadas: “não podem gastar mais que o que recebem”. Precisam de pagar o que já pediram empresado. Está na hora de cortarem nos brilharetes, nas inaugurações, nos projectos megalómanos, e... gastarem apenas o que existe, sem se endividarem mais, amortizando as dividas existentes.

Não podem “cortar na despesa” porque não podem despedir pessoas? Claro que podem! Mudem as leis, é para isso que são eleitos, para isso que existe uma assembleia da república. Se continuarem a apertar com a receita... bom, desconfio que teremos uns anos de agonia e extrema fragilidade pela frente. Não acredito que se possa competir a partir de Portugal com impostos desproporcionalmente elevados. Pelo menos não nos sectores primário e secundário...

Estão a dar marteladas nos dedos dos pés para sentir o alivio dos intervalos. É literalmente o que significa este tímido corte na despesa (sem resolver os problemas endémicos), acompanhado pela maior carga fiscal de sempre. Sentem o alivio temporário no balancete do estado? Óptimo, preparem-se para a martelada seguinte. Isto vai doer...

Crise de 2011 (Parte 1)

Chegou o ano de todos os perigos, uma angustia anunciada e repetida várias vezes por dia nas televisões, rádios e jornais. Impostos, desemprego, recessão, pessimismo. O mais optimista dos mortais é contagiado por esta onda de fatalismo. Qual o antídoto para tudo isto? Trabalho, coragem, imaginação e inteligência (não necessariamente por esta ordem). Um bocadinho de sorte também ajuda.

O meu primeiro trimestre foi bom. Muito bom. Trabalhei como um doido, eu e todas as pessoas que estão na MrNet, mas 2011 começou da melhor forma. Agora é planear cuidadosamente a segunda metade do ano. Escolher os desafios certos, conseguir cumprir com os que aceitar.

Portugal infelizmente está em pior estado que a MrNet. Olho à minha volta e vejo um pais de putos mimados, à espera que alguma coisa lhes caia no colo, e cheios de exigências. Dizem-se à rasca. E a culpa é "dos mais velhos", que tiveram toda a sorte do mundo... não tiveram. A "sorte" da maioria deles deu muito trabalho.

Temos um país colectivista, sindicalizado, endividado, com uma paixão por ideais socialistas e sem dinheiro para pagar esse amor todo. Está na hora se as pessoas individualmente assumirem uma postura diferente, arregaçarem as mangas e fazerem muito mais e muito melhor. Não é o momento para choramingues e mariquinhas. Precisamos de bons lideres, de pessoas com força e vontade de trabalhar, de resolver os problemas que nos são mais próximos, um de cada vez.

Do estado Português só queria juízo e bom senso. Não vamos ter nenhum dos dois. Não vai acontecer. Vão gastar tudo o que arrecadarem em impostos e todo o dinheiro a crédito que conseguirem. A classe política, que é parte do problema e não da solução, com a habilidosa "democracia indirecta" (i.e. só podem votar máquinas partidárias) é um regime viciado. A menos que pertençam a um partido político "oficial", ou a um dos grupos de poder "oficiosos" (Maçonaria e Opus dei), estão "fora desse jogo". A classe dominante está estabelecida. São os "porcos" do "animal farm". Podem escolher a cor, sexo e feitio, do vosso "porco" favorito, um voto por pessoa.

As pessoas devem concentrar esforços a resolver problemas "mais pequenos", ao nível de empresas e comunidades em que se integram, gerar dinheiro e poder a esse nível. Os problemas "nacionais" e "europeus" estão longe de poder ser resolvidos pelo comum cidadão. Esse "jogo" é para "outros jogadores", o vosso papel nele é só pagar impostos e votar.

Bom 2011 para todos. Votos de que dispensem menos atenção ao estado, vejam menos telejornais, abram os olhos para realidades que estão mais próximas e nas quais podem fazer toda a diferença.

Televisão


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Muito de vez em quando aparecem séries de televisão absolutamente excepcionais. São raras. Muito raras. A maior parte do conteúdo feito para televisão não me deixa saudades. Televisão exemplarmente bem escrita, no entanto, é uma das minhas experiências preferidas. O “Everwood” é uma maravilha, com alguns dos diálogos mais inteligentes que vi em televisão e personagens absolutamente fascinantes. O “Babylon 5” é de uma grandiosidade avassaladora, a “space opera” de referência.

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A repetição “ad nauseam” infelizmente desgasta algumas formulas por muito giras que sejam. O “24” é o melhor exemplo. A todos os níveis é uma série absolutamente fantástica, mas a repetição de elementos ao longo das várias temporadas desgasta, vai retirando prazer ao espectador até a repetição literalmente “matar a série”. O “E.R.”, “Sex & the city” e “West wing” sofrem do mesmo problema. Por muito bem escritas que sejam (e se são!) as séries é preciso um processo evolutivo, ao longo das várias temporadas, que raramente é bem executado.

A maior parte das séries fica aquém do que parece ser o seu potencial inicial, cai numa formula de “pastilha elástica”, aparecem episódios perfeitamente dispensáveis em que quase nada acontece, etc. A “história central” (quando existe) da série avança a uma velocidade de caracol pontuada com excelentes momentos de televisão. A versão de 2004 da Galactica é um bom exemplo. Que pena ter perdido 80% do tempo em episódios perfeitamente dispensáveis, quando nos restantes 20% produziram alguns dos melhores momentos de ficção da história do pequeno écran. O Ronald D. Moore sempre fez isso: “Star Trek: Deep Space Nine” foi uma experiência semelhante (e igualmente pontuada por episódios magníficos).

Há casos “raros” de séries que pareciam destinadas à excelência... mas que são mortas em uma ou duas temporadas. O “Deadwood”  é o melhor exemplo que me ocorre. Que maravilha de actores, textos, realismo e crescendo tensão. Faltou apenas a acção para libertar algum do vapor. A série foi interrompida ao fim de dois anos.

O “Yes, Prime Minister”, “Fawlty Towers”, “All in the family”, “Maude”, “Soap” e o “Family ties” são as séries de humor históricas que guardo na memória. Uma maravilha que revejo com prazer sempre que as apanho no “zapping”. Acho a mair parte das séries de humor modernas “engraçados”, mas a milhas dos “clássicos”, e francamente já estou “enjoado” da fórmula “mulher inteligente e bonita com um marido básico que só faz disparates”.

Cresci a ver séries que recomendo sem hesitar: “War and Remembrance”, “The Winds of War” e “War & peace”.

91SZcaupDTL._AA1500_Hoje em dia vejo duas séries de que gosto francamente: “Spartacus” (violência, sexo, intriga e coragem em doses cavalares) e “Californication”. Vou vendo pessegadas a que acho alguma piada: “House”, “Grey’s anatomy” e “Private practice”. De forma completamente irregular (de tempos a tempos vejo alguns episódios) espreito o “Dexter” e “Lie to me”.

A minha princesa (ou “melhor metade” como diria o meu querido amigo Carlos P. C.) tem um gosto completamente diferente do meu e gosta de coisas como “Desperate housewifes” e “Conta-me como foi” (ena, esta é portuguesa!), a que eu acho alguma piada, vou vendo com o canto do olho, ouvindo à distância, e percebendo minimamente o que são os conteúdos. Bem feitas ambas as séries.

Este nosso Portugal

Vivemos num país complicado. Governos (sucessivos do PSD e PS) que gastam mais dinheiro do que cobram em impostos, pessoas assumem que adquiriram uma série de direitos e privilégios e não os querem perder mesmo que não exista dinheiro para os pagar, com um mercado em que “aldrabões” e “lobbies” me parecem francamente determinantes para o sucesso.

Para quem ainda não percebeu: o estado português gasta dinheiro em excesso. Mais que o que cobra em impostos. Para suportar esta prática (nos últimos 30 anos) recorreu sucessivamente a crédito para financiar o défice (i.e. a diferença entre o que arrecada em impostos e o que gasta). Chegou a altura de pagar as contas e travar o processo de endividamento. Quem nos empresa dinheiro acha que somos um cliente de risco e, consequentemente, cobra juros demasiado elevados para ser praticável viver da mesma forma (acima das nossas possibilidades) por mais tempo.

Vendam as reservas de ouro (e tudo o que for necessário) e paguem as dividas. Ganhem juízo e bom senso e passem a gerir o pais com os meios de que dispõem (e não a crédito). Se não há meios para pagar “tanto estado”, tanto conforto e segurança, precisamos de o “reduzir”. Isso implica menos protecção social. Significa menos serviços “subsidiados”. Significa que se fazemos estradas temos que pagar por elas. Significa que é uma boa ideia as pessoas que podem passem a pagar pelos cuidados médicos recorrendo a hospitais privados. Significa que educar as crianças é caro e é preciso acabar com utopias como o “gratuito” constitucional. O que não podemos é “querer o bolo e comer ao mesmo tempo”, querer os benefícios e protecção e não ter como pagar por ambos.

A nossa legislação laboral é uma merda. É complicado despedir quem não trabalha, ou trabalha mal, e dar oportunidades a quem quer trabalhar. Cair no desemprego é uma situação muito complicada, em particular para malta com mais de 40 anos. Salvar empresas quando há dificuldades é uma missão muito complicada, porque despedir parte das pessoas para salvar os postos de trabalho dos que ficarem é excessivamente caro. Arriscar meter pessoal quando há mais trabalho é por isso um processo mais “lento” e “substancialmente mais arriscado” do que deveria ser.

Estamos no final da linha. Na hora da verdade. Durante décadas fizemos legislação que tem consequências que não temos dinheiro para pagar. Muito bonita, muito humana, infelizmente muito falida, utópica e insustentável. Os nossos políticos lembram-me o “triunfo dos porcos”. Os meus compatriotas parecem adormecidos, incapazes de lidar com o pesadelo que é a actual situação do país, como se o problema “não fosse deles”, como se a solução não tivesse forçosamente que passar por eles. Que bando de “Lemmings”. Estão tão entretidos a reclamar “a perda óbvia” de privilégios, conforto e segurança, que se esquecem de que tudo isso tem um preço e acontece que não temos dinheiro para o pagar.

A solução é pagar as dividas, viver com o que temos, parar com este carrossel de disparates sucessivos. Já há demasiadas contas por pagar... Ah! A cereja no topo do bolo é que o resto da Europa caminha para a mesma situação. Está tudo maluco, toda a gente a imaginar que há galinhas de ovos de ouro escondidas nas bancadas dos parlamentos ou nos ministérios das finanças, à espera de milagres de algum Deus imaginário vai aparecer e pagar as contas.

BMW K1300S : primeiras impressões

Lisboa-Porto em auto-estrada não será a minha primeira escolha para a rodagem de uma mota. Estradas de montanha, com muitas curvas, em que se passe pelas várias mudanças, a uma velocidade moderada pelo próprio percurso é o ideal... No entanto, levantei a mota há sete dias e esta foi a primeira oportunidade de sair da cidade.

O motor é em tudo familiar para quem teve uma K1200GT. Mais nervoso, mais potente, “mais do mesmo”... A velocidade de cruzeiro confortável é mais baixa (~140km/h) que na GT (~160km/h). Há menos protecção aerodinâmica consequentemente mais vento e mais turbulência. A mota é menos confortável, mais “leve” e “divertida”.

A segunda versão do ESA (electronically adjustable suspension) é uma evolução muito feliz da anterior. Basicamente permite mudar em andamento entre diferentes regulações da suspensão (“sport”, “normal” e “confort”, para uma ou duas pessoas) e ao contrário da anterior versão a “sport” não é excessivamente dura e a “confort” não torna a mota “saltitona”.

A caixa é a melhor e mais precisa que alguma vez vi numa BMW. A subir mudanças podemos usar embraiagem em modo automático, o que é “giro” e “eficiente”.

A posição de condução é “diferente” e muda bastante a sensação de guiar uma mota relativamente ao que estava habituado (depois de toda a vida ter andado em motas de “trail” ou de “turismo&rdquoWinking. Não desgosto, em trajectos curtos acho até mais piada, mas o desgaste é muito maior em tiradas longas.

O equipamento necessário para a mota também é diferente... com mais vento já não é qualquer blusão que serve (porque tem que ser justo, apertado e não se encher de ar), levo com mais insectos visto que não tenho o vidro à frente, com mais agua se estiver a chover, etc. No passado (com a GS, RT e GT) ficaram os tempos de ir a fumar em viagem e agora o capacete anda “fechado”.

BMW K1300S



Nova mota, que vem substituir a BMW K1200GT, ao fim de 3 anos. É uma BMW K1300S; a versão mais desportiva, do mesmo motor (sem atingir o radicalismo da K1300RR).

São 175 cavalos numa mota pelo que a resposta do motor a qualquer estimulo é excelente. A posição de condução é bastante menos confortável que na GT e ainda estou longe de estar habituado a ela. A manobrabilidade é maior, o peso é menor, e a sensação de estar a guiar algo “completamente diferente” da mota anterior é algo que eu procurava.

Ainda tenho poucos km feitos. A mota está na rodagem. Estou ansioso por fazer umas viagens com ela... Happy


Miséria... mesmo ao lado...

Estava eu a tomar o belo do lanche entrou um puto (vinte e poucos anos é o meu melhor palpite) no café a pedir a alguém que lhe comprasse uma revista "CAIS" ou lhe pagasse qualquer coisa para comer. Quando passou pela minha mesa fiz um sinal de quem não lhe ia dar nada, um senhor umas mesas ao lado anuiu e mandou vir uma empada, que o rapaz agradeceu.

Algo que não sei identificar com precisão, talvez no olhar dele, na expressão de genuíno agradecimento (e comoção) que fez quando agradeceu, na postura física humilde, na forma como se movia, deixou-me profundamente angustiado. Terminei apressadamente o meu café, fui à procura dele com uma sensação de urgência, de quem tem um nó no estômago, e dei-lhe todas as moedas que tinha no bolso quando o encontrei.

Imagens de miséria que me ficam na minha mente, de pessoas iguais a mim, mas a viver o pesadelo de depender da caridade de terceiros para comer. Tenho a certeza que é completamente arbitrário o que nos separa. Eu tive todas as oportunidades e a sorte do meu lado, e vi por uns segundos sentimentos que me são familiares no olhar dele... podia ser eu na mesma situação.

Miséria... Mesmo ao meu lado...

As motas ao longo dos anos...



A primeira mota (?) que tive foi uma DT 50cc... acho que a maior viagem que fez foi de Lisboa a Rio Maior “fora de estrada”. Levou-me a São Pedro do Estoril (no verão de um qualquer ano distante) umas centenas de vezes, dentro de Lisboa era o meu transporte de todos os dias. Cada vez que chegava à mota tinham roubado uma peça qualquer. Devo ter pago umas três motas novas, só em peças, ao longo dos dois anos que tive a mota. Tinha que estar sempre numa garagem algures. É o grande problema com as motas populares.




Ah! A minha XT! Grande mota. Fiz com ela “Marrocos” (grande atlas, sahara) e muitos km em Portugal (principalmente no Alentejo). Foi a minha primeira mota “digna do nome”. Grande gozo. À semelhança do que havia sucedido com a DT, fui roubado umas quantas vezes... Não se pode ter uma mota “normal” em Portugal sem estar constantemente à procura de garagens.




A primeira BMW. Era uma R1100GS. Com ela percorri Espanha aos “zig-zags”, dos Picos da Europa a Barcelona, de Finisterra a Gibraltar. Desapareceram todos os problemas com roubos, descobri que as motas “grandes” são muito mais seguras que as “pequenas”, e dificilmente me apanham numa mota que não seja da BMW (a menos que a vida me corra mal um dia, que estes bichos são caros).



A minha primeira mota de turismo... a primeira que não permitia todo o terreno. Com ela corri Espanha, até aos Pireneus, e fiz uma alarvidade de km. Excelente mota a BMW R1150RT.



A minha mota actual. Já me levou a grandes passeios por Espanha e França. Tem mais motor do que a “minha dose”, anda que se desunha, e desconfio que será a mota mais veloz que alguma vez terei, claramente acima do meu nível de conforto. Ainda a vou manter pelo menos até ao verão de 2010... qual a herdeira é para mim um mistério.

Route 66 / Coast to coast



Dizem que alguns CEO são cascavéis... o da MrNet come cascavéis ao jantar! Eu estava lá, foi no fabuloso BIG TEXAN, em Amarillo no Texas, em plena Route 66.

Se alguma vez fizerem a “route 66” parem lá. O ambiente e a comida são fantásticos. Os quartos do motel (pertence ao restaurante) são porreiros e estão decorados a rigor à “filme de cowboys” (antes das “montanhas quebradas” nos destruírem o imaginário e nos fazerem desconfiar de tudo o que vimos nos filmes do Jonh Wayne)...








Route 66 / Coast to coast


Regressei de férias. Foram 18 dias nos estados unidos a passear de mota. O “jet leg” ainda teima em não passar mas as memórias ainda frescas da viagem compensam largamente.

As impressões da viagem são muito positivas. Os americanos são de uma simpatia, informalidade e educação a todos os níveis excepcionais. Conheci “duas américas”, a cosmopolita (Chicago, Vegas e San Francisco) e a rural (pequenas cidades, motéis e restaurantes de estrada), e decididamente viveria em qualquer uma das duas. Gostei mais de Chicago que de San Francisco. Las Vegas é fascinante pelo exagero, um convite a todos os devaneios e fugas da realidade, impressionante e grandioso.

Tive wifi de borla em todo o lado, do mais barato dos motéis aos restaurantes de estrada, foram muito poucos os dias e horas em que tive alguma dificuldade em ver o mail e enviar fotografias para a família. Curiosamente nos motéis baratos o “free wifi” está quase sempre presente, já nos motéis/hoteis mais carotes é um serviço pago. O GSM/3G é outra conversa e fora das cidades é uma raridade. De qualquer forma estava de férias e a ideia era mesmo não ter telefone ligado... e a diferença de 6/7/8 horas para Portugal tornava pouco prático ter o telefone ligado durante a noite e receber chamadas.



As Harleys (Electra Glyde) são uns monos horrendos, excepções feitas ao sistema de som e ao conforto do banco, não me deixam saudades. Aquecem desalmadamente, vibram mais que um tremor de terra, fazem barulho a mais e andam a menos, são pesadas, a posição das pernas é um alucinação... Sempre que apanhei trânsito, e em particular em Las Vegas, queimava-me (literalmente) no motor (exposto) da mota. Nem sei quanto pesava, mas era pesada. Em matéria de duas rodas os americanos estão há uns anos parados no tempo.

Grandes preços! Mesmo que o dólar estivesse a par do euro, que felizmente não foi o caso (um dólar corresponde a 0.7 euro na altura em que paguei a viagem), continuaria a ser barato, como as coisas estão é um convite aos pequenos excessos...



Casei em Las Vegas. Ao fim de 13 anos de namoro está dado o nó. Agora temos que tratar da transcrição do casamento em Portugal (como acontece com qualquer casamento que ocorra fora de Portugal) que é uma chatice inevitável. Demorou menos de hora e meia a obter a licença e casar no estado do Nevada... Os padrinhos e testemunhas foram os nossos companheiros de viagem.



Foi uma viagem inesquecível que recomendo vivamente a todos. A América é mais e muito melhor que a imagem que transmite para o exterior, de uma super-potência descontrolada e agressiva, com um mau líder e um sério problema de relações publicas. As pessoas que lá vivem mereciam muito mais, e muito melhor. De bom grado voltarei aos estados unidos. Já tenho saudades da forma como fui recebido.

Espero que o Obama ganhe as eleições, coloque um travão aos disparates bélicos, e que a América possa “voltar a liderar o mundo pela força do exemplo e não pelo exemplo da força”... e se há muito por fazer!

Uma nota final triste. O sonho americano não é para todos. Vi muitos pedintes, pessoas absolutamente miseráveis, o “outro lado” do sonho americano. A grandeza de uma nação mede-se também pela forma como lida com este tipo de problemas. Triste e comovente. E basta olhar para qualquer rua da baixa de São Francisco para se perceber que há ali um problema complicado. Percebo o culto dos vencedores, mas é preciso também alguma compaixão pelos vencidos, passarem fome e dormirem à porta de lojas de luxo é contraste a mais para os meus olhos.



Já tenho mota para o "coast to coast"!



É uma “HD Electra glyde” alugada para o efeito... vou levantar a mota no dia 22 de Agosto (chego aos E.U.A., mais precisamente a Chicago, no dia 20).

Sei que é uma “tourer” conceituada, espero diferenças radicais relativamente à minha BMW K1200GT, mas desconfio que estará à altura dos 5000 km que farei com ela. De Chicago a San Francisco em cerca de 15 dias é a minha grande aventura deste verão.

Já sei que tem rádio e entrada para o meu iPod. À velocidade a que é suposto andar nas estradas americanas desconfio que até há algumas hipóteses de se ouvir alguma coisa.

O meu plano é fazer umas entradas diárias por aqui (se apanhar Wifi para isso nos motéis de estrada) com direito a umas galerias fotográficas da viagem.

Estou doido para partir. Ainda faltam 23 dias...





Dogo


Chegou o Dogo!

É um “dogo argentino”, de três meses, que foi baptizado de “Dogo” pelos donos. É obviamente ainda um bebé, que acabou de sair da ninhada há menos de 24 horas, e chegou à sua nova família.

É tudo novo para o pequeno Dogo. Os cheiros são estranhos, dormir numa casa em vez do canil, habituar-se aos ruídos de electrodomésticos e às estranhas vozes que tagarelam por perto. Segue todos os movimentos, investiga cada som, sem nunca se levantar. Mexer-se é mesmo para ir comer e beber, fazer as suas necessidades e regressar para perto das pessoas que tanto o intrigam.

Os donos esperam pacientemente que ele saía do “choque” da separação e comece a ter o comportamento de um cachorro “ambientado”. Há um longo caminho a percorrer, muita coisa para aprender, mas tudo isso só é possível quando o cão nos conhecer.

O Dogo nasceu no canil do Makuas, em Agosto, onde passou os primeiros três meses de vida a brincar com os pais e irmãos. Diz quem viu que é um cachorro “meio de ninhada”, calmo, observador e o único com a manchinha negra à volta do olho (todos os irmão são totalmente brancos).

A dona recebeu o cão com uma dose de mimo monumental... e nem a timidez natural do cachorro resistiu a reagir à brincadeira.

Para quem estiver interessado em saber um bocadinho mais sobre o Dogo Argentino:

http://www.thebreedsofdogs.com/DOGO_ARGENTINO.htm
http://www.puppydogweb.com/caninebreeds/dogo.htm

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A conhecer o dono…

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3º dia do Dogo na nova casa...

Abocanhar e roer furiosamente o brinquedo (uns tecidos ultra-resistentes) e o osso (daqueles para cães roerem, não faço a minima ideia de que são feitos) fazem os pratos fortes do dia do Dogo! Não os larga.

Mas a história não começa e acaba nos brinquedos. Todos os dias o pequeno Dogo testa os donos, começando a roer coisas que decididamente não são os brinquedos, parando ao primeiro "não" ou "ai ai" que ouve. Happy
Já o apanhámos a arrastar tapetes, tentar levar sapatos, meias, mordiscar plantas, etc. A realidade é que ele vai muito poucas vezes ao "mesmo sitio". E é garantido que está a testar, apalpar o terreno, porque ele sabe muito bem quais são os brinquedos dele.

Entretanto vai cheirando todos os cantinhos da casa e vai ganhando alguma confiança nos donos (mas continua tímido ). Já troca uns miminhos com a dona, mais que comigo, e já está mais à vontade na rua (se bem que o momento preferido de todos os passeios é mesmo chegar a casa).

Falando em passeios, este foi o primeiro dia em que fez mais vezes as suas "necessidades" na rua que em casa. Nós ainda não estamos a ralhar com ele por fazer xixis/cócós em casa, o Dogo faz necessidades sensivelmente cada duas horas (ainda é bebé e os orgão estão a formar-se...). Só dentro de algum tempo é que se aguenta mais de 4 horas (e só nessa altura é que vale a pena ensinar o bichinho a "fazer um esforço por fazer na rua").

Eu estou absolutamente fascinado com o cão. Meio hipnotizado a ver o Dogo a adaptar-se à família...



Dogo conheceu os putos...

Hoje, 7 dias depois de ter chegado cá a casa, o Dogo conheceu dois dos nossos sobrinhos (há muitos mais): Tiago e Tomás. A dona apanhou imagens dele com o Tomás, que é o mais novo, uns minutos depois de ter conhecido o cão.

O Dogo não deve ter achado grande piada a este primeiro encontro. Os putos são barulhentos e agitados, já para não falar da vontade de tocar no cão de alto a baixo. Mas dei com o cão a olhar com curiosidade, várias vezes, a poucos metros. Mas "goste" ou "tolere" é bom que se vá habituando... Happy

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A primeira semana do Dogo em casa dos donos...

Faz hoje uma semana que o Dogo chegou à sua nova casa. Até agora o Dogo já aprendeu dois comandos: o “Não” (quando não pode fazer alguma coisa) e o “ai ai” (quando está a meio de um disparate). Já percebeu que quando faz chichi/cocó fora de casa ganha um biscoito e sabe quem são os donos (ou pelo menos já tem uma vaga ideia).

Já tentou “roubar” objectos (meias, chinelos, uma camisa e o tapete) do quarto (com a dona distraída a ver televisão) com sucesso momentâneo (i.e. não chegou a ter tempo para roer os objectos que roubou). Raramente tenta a mesma asneira mais que uma vez.

O Dogo tem cinco brinquedos: uma bola amarela, de borracha maciça que salta muito e é pesada, uma bola negra com bonecos que “apita”, um osso comestível muito apreciado, uma coisa de borracha que francamente não sei descrever, mas que era o brinquedo preferido do “Bug”, e um pedaço de corda colorido que o Dogo se aplica fervorosamente na nobre e muito subestimada arte de roer. Do Dogo é também uma cama “extra large” para ele dormir quentinho e descansado que o chão do hall é de mármore.

A comida aparece duas vezes por dia (de manhã, quando os donos acordam, e à noite cerca de 3 horas antes de se irem deitar). As horas da comida são determinadas pelos donos e as primeira dentadas (na comida) são dadas na mão pelos donos, só depois entra em cena a tigela... pelo meio às vezes recebe bocadinhos de comida/biscoitos quando faz alguma coisa “positiva” (alternada com muitos “não” e “ai ai” resultantes da exploração que o cão vai fazendo da casa).

O Dogo tem uma segunda família, a da dona Joana (e as duas filhas Sónia e Marta), e de vez em quando vai lá a casa passar umas horas de mimo.

Quanto a passeios o Dogo vai ficando mais atrevido e a assumir os comportamentos que se esperam de um cachorrinho. Já faz umas corridas, de vez em quando, à volta dos donos. Pela primeira vez ouvi o cão a ladrar de excitação. No domingo 31/10/2004 começou a brincar à minha volta, à hora do almoço, e nos passeios da noite já brincou comigo e com a dona. Desnecessário será dizer que fiquei todo contente. A paciência que é necessário ter para esperar pelas mudanças no cachorro é largamente compensada quando elas aparecem. Hoje pela primeira vez, depois das brincadeiras, fui dar uma voltinha maior com o Dogo.

A evolução do cão é constante, lenta, mas notada e apreciada. O Dogo tem 3 meses e uma semana, o equivalente humano a um bebé de dois anitos. Termina a sua infância e entra na adolescência por volta dos 6 meses. A adolescência dura nos “dogo argentino” até cerca dos 18 meses, altura em que o cão é o que será toda a vida. Realizar o máximo do potencial do cachorro é a principal responsabilidade que os donos têm. Principalmente com um cão do tamanho e poder de um “dogo argentino”.

A nossa grande preocupação é de criar um cão educado, obediente, amigável para com outras pessoas, principalmente com as crianças, e se possível tolerante para com outros animais. Algumas características do “dogo argentino” batem certo com os nossos planos, outras são mais complicadas (nomeadamente a sociabilidade com outros cães pode ser eventualmente complicada).

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O meu Dogo é um cão potencialmente perigoso!

Uma tia minha, quando soube que tínhamos um “dogo argentino”, foi investigar e descobriu que a raça figurava na lista de animais potencialmente perigosos de acordo com a legislação nacional.

A minha primeira reacção é de completa naturalidade. Um cão como o “dogo argentino” é certamente um animal com o potencial para ser extremamente perigoso se atacar outro cão ou um ser humano. São cães que pesam mais de 60 kg, com mandíbulas muito poderosas, e uma força impressionante. Foi uma raça criada para caçar javalis e pumas (em matilha) como cães de ataque, o que só pode significar um enorme potencial para ser um animal perigoso.

O que me espantou foi ler a legislação. Segundo a lei os “pastores alemães”, “dobberman”, “serra da estrela”, “Cão de fila de São Miguel”, “rafeiro do Alentejo”, entre outros, por omissão, “não são potencialmente tão perigosos”. Claro que são “potencialmente” perigosos. Porque são cães. Porque são suficientemente poderosos para causar danos terríveis...

Porque é que na lista actual de animais potencialmente perigosos figuram algumas raças e não outras? O que raio andava o legislador a pensar?


As raças que a lei (Portaria 422/2004 emitida em 24/Abril/2004) aponta como sendo “potencialmente perigosas” são o “Cão de fila brasileiro”, “Dogue argentino”, “Pit bull terrier”, “Rottweiller”, “Staffordshire terrier americano”, “Staffordshire bull terrier”, “Tosa inu”. Tanto quanto consigo perceber são todas raças com maxilares particularmente poderosos e cães de médio ou grande porte. Não entendo porque figuram na lista estas raças e não outras semelhantes.

Dito isto, vamos lá às minhas impressões sobre a matéria...


“donos” potencialmente perigosos...

Independentemente das características físicas de um cão, seja um cãozito a pilhas ou um cão de guarda utilizado pela GNR, os cães mordem. Mordem porque foram treinados para o fazer, por medo, porque são agressivos. Todos os cães são “potencialmente perigosos”, sendo que o potencial é obviamente proporcional às características de cada cão (i.e. tamanho, força, temperamento, etc).

O potencial genético dos cães, se conhecido, ajuda a determinar o temperamento “provável” de cada animal. Conhecer os pais do cão é por isso extremamente importante. A raça de um animal ajuda “à priori” a calcular que tipo de aspecto, comportamento e actividade um animal terá.

Os donos e as experiências de vida do animal determinam quanto esse potencial genético se realiza. O cão é a soma desse potencial e do seu convívio com os seres humanos e outros animais. Infelizmente os seres humanos são potencialmente muito mais perigosos que os animais. Porque não os educam, porque não os entendem, porque a maior parte dos donos não deveria nunca ser responsável por um cão (e muitos não o são de todo).

Assim, eu acho que todos os animais, e não apenas os “potencialmente perigosos”, e respectivos donos devem ser identificados (o tal “chip&rdquoWinking e que todos os “donos” devem ser responsáveis por tudo o que se passar com o animal (desde incidentes com outros animais ou pessoas, até às multas por abandono dos animais).


Valor dos seguros e “cães de guarda”.

O seguro “obrigatório”, no caso dos animais “potencialmente perigosos” deveria ser igualmente universal, cabendo às seguradoras cobrar mais ou menos em função da avaliação que fazem da perigosidade do animal.

Um cão que faz provas de sociabilidade ou é treinado tem estatisticamente menos probabilidades de estar envolvido em incidentes? Nesse caso as seguradoras cobram menos. É um cão com 10 kg? O seguro deve ser mais barato que se pesar 60 kg. No entanto um caniche ou um cocker spaniel, podem ferir gravemente outros animais ou pessoas (bebés e crianças certamente que sim), pelo que a responsabilidade dos donos é igualmente elevada.

Os cães andarem presos (com trela) em locais públicos é do mais elementar bom senso, até porque independentemente da efectiva perigosidade do animal há pessoas que sentem medo e ficam incomodadas com animais soltos. Andarem açaimados é um questão de prudência com que eu concordo em determinadas circunstancias (não certamente quando está a proteger a casa ou as pessoas – e foi para isso que comprei um cão de guarda!), mas sim quando pode estar solto em locais onde exista apenas a remota a possibilidade de poder atacar alguém ou outro animal.

A minha esposa foi assaltada duas vezes, à porta de casa. Uma delas com uma arma branca, a outra com um sujeito que a mandou ao chão com o intuito de lhe roubar a mala. No assalto sem arma, por acaso foi nesse, se não fosse provavelmente teria ficado ferido ou morto, eu a partir de casa vi o que se estava a passar... saí de casa a correr e impedi o assalto. Dei um pontapé no assaltante que se colocou em fuga. A função do “Dogo” é impedir que essas “situações limite” sucedam, só por estar à vista, e caso sucedam que seja efectivamente “muito perigoso” e “realize esse potencial”. Se alguém tem uma arma na mão e está a ameaçar a minha família eu tudo farei para a proteger.


Em suma...

A legislação não é má. Pelo contrario é aceitável e com pontos muito positivos. É uma pena não ser mais abrangente. Abrange de facto todos os animais “perigosos” (se um cão atacar outro cão ou pessoa passa a ser considerado “perigoso” perante a lei... assumindo que o incidente é registado) mas, na minha opinião, deveria vincular todos os “cães” e todos os “donos” como sendo “potencialmente perigosos” (principalmente os “donos” que depois abandonam os cães com muito mais frequência do que estes mordem).

A lei peca por excessiva no caso dos cães de companhia que desempenham funções de protecção pessoal (i.e. pessoas que vivem ou circulam em locais perigosos e locais onde o animal ou a pessoa possam ser atacados por outros animais ou pessoas), não prevendo regimes de excepção quando existe um risco que o justifique.

Claro que neste último ponto vou violar a lei em todos os passeios do cão em que as ruas estejam desertas, sempre que ele estiver a cuidar da minha família, etc. Preso por uma trela? Certamente. Açaimado em locais públicos onde o grau de ameaça é nulo ou reduzido (centros comerciais, locais com muita gente à volta)? Certamente. À noite em locais desertos? Não.



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Entre passeios, putos e muita gente...


O Dogo já anda razoavelmente bem de trela. Não puxa, e não se deixa ficar para trás mais que a snifadela ocasional, o que permite algumas gracinhas, como levar o Tomás numa mão e o cão na outra.

O processo de socialização do cachorro prossegue a bom ritmo. Este sábado (ontem) teve direito a ir ver putos a jogar à bola, pessoas a entrar e sair do centro comercial, e a uma visita a casa do Tiago e Tomás. A "cereja no topo do bolo" foi uma saida à noite para um café numa explanada, com direito a cães e muita gente a passar "mesmo ao lado". Happy

O desenvolvimento emocional do cão é agora visível de dia para dia. Em vez de fugir, de tudo e todos, já se chega às pessoas que passam e aceita uma mão para ser cheirada e algumas festas.


O Dogo começa a aprender umas coisas. Já sabe que não é suposto fazer xixi/cocó em casa e que deve esperar pelo passeio na rua, senta-se e vem aos donos quando o chamamos, anda de trela ao ritmo dos donos. Para que a hierarquia na “matilha” seja clara o Dogo sabe algumas regras simples: come quando os donos lhe dão comida, começando as refeições na mão dos donos, é o ultimo a atravessar portas, quando passeia de trela vai para onde os donos querem.

Os treinos do Dogo são feitos exclusivamente por métodos positivos. Quando faz alguma coisa que não gostamos ou é apanhado em flagrante, e nesse caso recebe um “não” ou um “ai ai”, ou é ignorado. Por outro lado quando faz algo que corresponde ao que queremos recebe festinhas, palavras de incentivo e/ou um biscoito. Não há castigos, palmadas, treinos de condicionamento forçado (i.e. obrigar o cão a fazer qualquer coisa). O oposto de bom (i.e. ganhar um biscoito, receber palavras de incentivo e umas festas) é “indiferença” (i.e. não ganha o biscoito, recebe silêncio e nada de festas) e não algo de “mau”.


Demorou um dia a ensinar o “senta”, no dia seguinte acrescentei o “anda”, agora ando entretido a aumentar a velocidade de ambos (i.e. quero que se sente “no momento” e que venha quando chamado “a correr&rdquoWinking. A intensidade das recompensas faz o serviço mas o cão precisa de tempo e repetição para ficar condicionado e responder “sempre” e “com entusiasmo” aos comandos.

O processo de treinar o Dogo é tão mais gratificante quanto maior me parece o prazer que o cão tem a ser treinado. E é absolutamente óbvio que o cão delira com os treinos, vive para as sessões de 5 a 15 minutos que lhe dedico, e está sempre disponível para aprender o próximo comportamento que dá direito a recompensas. Quando eu não o estou a treinar o cão literalmente tenta tirar “todos os coelhos da cartola” e faz habilidade atrás de habilidade a ver se recebe atenção.


John Fisher

Para se perceber como lidar com cães recomendo vivamente os livros e vídeo de John Fisher. Tenho andado pela Internet à procura dos melhores livros dos vários autores e encontrei algumas preciosidades:

“DOGWISE – The natural way to train your dog” (ISBN 0-285-63114-4) – A história do treino de um Pastor Alemão para ser cão de policia utilizando apenas treinos positivos, evitando recorrer aos métodos tradicionais (i.e. “um cão nunca pode desobeder a um comando, não pode sequer suspeitar que pode não fazer o que lhe mandam&rdquoWinking e fazendo com que o cão queira executar as tarefas (i.e. “descobrir como motivar o cão para uma acção, levar o cão a entender que se obedecer é recompensado e se desobedecer isso é menos gratificante para ele&rdquoWinking. Resulta. Resulta maravilhosamente. É mais simples em termos puramente mecânicos, para os donos inexperientes que os métodos tradicionais, puxa sim pela inteligência e perspicácia dos donos para entenderem o cão e o que o motiva.

“TRAINING DOGS – Presented by John Fisher” (DVD) – Um dia passado numa escola de treino de cães (visitada pelo John Fisher) onde se aplicam métodos positivos de treino. É uma oportunidade para se verem vários cães e os seus donos a treinarem. O vídeo não é nada de especial... vale a pena ver, uma ou duas vezes, porque é um bom ponto de partida para os livros sobre os métodos de treino e para se “conhecer” o autor “ao vivo e a cores” (que é absolutamente fascinante na forma como observa os comportamentos de cães).


Outros...

“Dogo Argentino” de Joseph Janish (ISBN 1-902389-25-5) – Excelente livro sobre o Dogo Argentino, cheio de ilustrações e conselhos, e particularmente bem escrito. Papel de alta qualidade, capa dura, e escrito com bom gosto. Ajuda a desmistificar o Dogo Argentino, a entender as características da raça, as suas origens e a leitura é muito rápida e fácil. São 150 páginas de luxo a não perder.

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O Dogo fez a sua primeira visita às Bastidas! Decididamente adorou. Espaço com fartura, outro cão com quem brincar (o Fuas) e o Kiko que lhe deu biscoitos (e festinhas) em quantidades industriais.

A viagem até Rio Maior foi mesmo o mais complicado. O Dogo enjoa e vomita o que tiver no estômago quando anda de carro mais que uns minutos. Mas quarenta minutos mais tarde chega ao paraíso e rapidamente se esquece do suplicio.

Uma casa familiar, cheia de gente, faz imenso barulho e o Dogo lá se foi habituando ao ambiente. De inicio desconfiado, lá ia recebendo ordens de toda a gente, e ganhando biscoitos. Ao fim da noite já alternava entre dormir tranquilamente, descobrir as fontes de calor da casa e observar as pessoas a passar o serão juntas.


Um fim de semana nas Bastidas com 4 meses e meio...

Este fim de semana foi particularmente divertido para o Doguito. Na quinta há três cães residentes, rafeiros, que vivem acorrentados excepto quando o meu primo Francisco os solta para correrem um bocadinho. Um dos cães (conhecido pelo “Leão”, “Zé Manel” ou “Zé Maria”, dependendo de com quem estão a conversar), o mais novo, filhote dos outros dois, é um animal particularmente sociável e simpático...

O Dogo conheceu o “Zé Manel” (versão do meu primo Francisco do nome do cachorro) que eu soltei várias vezes durante o fim de semana. O processo de socialização do Dogo corre muito bem e lá se fez amizade à primeira vista. Os cães correram desalmadamente, com o Dogo a ficar cansado mais depressa, mas sempre a procurar forças para mais um “sprint”.

Na quinta o Dogo já sabe pedir água, colocando-se por baixo de uma torneira, e bebe furiosamente quando o dono chega e a abre.

Pinhas e troncos de arvore fazem de brinquedos, um buraco ou outro complementam a brincadeira de fim de semana e, quando a noite chega, há “restos de Dogo” pronto para uma longa noite de sono.

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Mais uma passagem de ano nas Bastidas. A primeira do Dogo.

Para um cão que dorme entre 12 a 16 horas por dia, com cinco meses e meio, foi algo “violento”. O desgraçado queria estar ao pé dos donos, que festejavam o novo ano noite a dentro, e lá se aguentou “a dormir em pé” até às 6 da manhã.

No dia 1 de Janeiro o Dogo passou umas horas com açaime (pela primeira vez). A ideia é que se vá habituando, desde pequeno, porque pretendo que ele o tenha sempre que no verão houver crianças a brincar na piscina. As crianças brincam aos empurrões, fazem barulhos estranhos, correm de um lado para o outro... e um cão pode querer brincar também, ou proteger um criança do “ataque” de outra criança ou adulto, e o potencial para acidentes é mais elevado que o aceitável. Uma coisa é o cão estar em casa ao serão, com um ambiente calmo, outra é a confusão de um fim de semana na piscina.

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Já tenho 7 meses e meio!

"Nos últimos dois meses cresci. Agora já levanto a pata para fazer chichi, gosto de marcar o meu território, já quero passeios mais longos, de preferência em que possa descobrir outros cães com quem brincar."

É um doce de cão. Sempre com vontade de receber e dar mimos, com bom feitio (principalmente com meninos e outros cães, com adultos é mais desconfiado e dispensa quase sempre festas de estranhos), teimoso "qb" ("é para quele lado que eu quero ir, faço o meu cócó depois de cheirar aquilo"), e que está a dar um gozo bestial aos donos.


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Dogo faz um ano! (16 de Julho 2005)...

Faltam (quando escrevo este texto) quatro dias para o Dogo fazer um ano. O último texto que escrevi sobre o cão foi há quatro meses e meio. Está na altura de actualizar o "blog canino" e publicar novas histórias, fotografias e videos. Happy

O Dogo está a meio da sua adolescência, que dura até aos 18 meses, numa altura em que muda de comportamentos constantemente. Há dias em que é mais brincalhão, outros em que é mais obediente, outros em que faz qualquer coisa nova. Come 30 kg de ração por mês, todos os ossos e petiscos que lhe damos, e deve pesar perto de 50 kg.

Episódios cómicos são muitos em quatro meses. Este fim de semana estava sentado numa cadeira, de plástico das que se utilizam em jardins, com o cão preso a uma das pernas... viu outro cão passar a "resolveu ir ter com ele", a cadeira perdeu uma perna e eu levantei-me no segundo exacto para evitar um monumental trambolhão. O ar de espanto do Dogo, que ficou mais interessado no barulho da cadeira e no meu movimento que no outro cão, foi absolutamente hilariante.

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Eu sei que não posso ir para o sofá...

.. mas... se quando o dono sair da sala (2 minutos para ir buscar um caféWinking eu saltar para lá, e me colocar de patas para o ar, será que ele me manda para o chão?

Ah é? Tenho mesmo de sair daqui?

E se eu fizer olhos de mimo?

Um latido?

Dois?

Bom, valeu a tentativa...

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"A COAT OF WHITE SATIN, BODY OF STEEL, HEART OF GOLD" do titulo foi tirado do "Dogo Argentino Club of America", e é tão verdadeiro... Só tendo um Dogo é que se entende o alcance.
Não tenho palavras para dar crédito à generosidade e dedicação do Dogo aos donos. O nosso doguito dedica-nos todos os segundos em que estamos com ele, está sempre disponível, sempre atento, assume que todos os nossos movimentos são o principio de mais uma sessão de mimo ou brincadeira. Se o meu portátil não está no meu colo, naturalmente o Dogo assume que me falta qualquer coisa... e lá vem ele. Happy
Vai fazer 3 anos dentro de um mês. Já é um cão adulto. Eu estou totalmente rendido à raça... são tão melhores e mais generosos que os seres humanos.


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O Dogo faleceu no dia 6 de Janeiro de 2012. Um dos dias mais tristes da minha vida.

Adeus Bug Sad

Ontem o Bug deu os últimos miminhos aos donos. Morreu ao fim de meses a resistir a um crancro, ao fim de 13 anos de brincadeiras e alegrias. Era o terceiro membro do nosso agregado familiar e proporcionou a mim e à Marlene mais momentos bons do que aqueles que a minha memória consegue guardar.

A nossa casa ficou incrivelmente vazia e não há palavras que me permitam descrever o enorme desgosto que é para nós não poder ver um “rabo supersónico” a abanar de alegria sempre que chegamos. Foi um companheiro de muitos dias, um poço de ternura para nós, uma pequena alegria de quatro patas que estava sempre à nossa espera.

Não digam nada. Nem a mim, nem à Marlene, que falar nisto custa muito. Aos amigos do Bug desejamos que se lembrem dele a brincar, a pular à vossa volta e a tentar cravar mais uma festinha ou uns minutos de colo. Happy

Adeus Bug Sad

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O que é ser maricas?

Este texto chegou-me por e-mail. Não sei quem são os autores. É absolutamente hilariante...



O QUE É SER "MARICAS"

[1ª EDIÇÃO]

1 - Estar mais de seis minutos na Internet sem ver gajas nuas. E não valem desculpas de que é a pagar e não sei quê, e que não quero dar o número do cartão de crédito.

2 - Pedir meias doses. Se se chama dose, é porque está calculado: é uma dose. Um homem, uma dose. Quem pede meia dose é meio homem. Cozido à portuguesa: é comida de homem. Mas meia dose de cozido... O pior é pedir meia dose de qualquer comida terminada em "inho" ou "inhos": meia dose de bifinhos, meia dose de lulinhas... Comidas que são de homem, para além do cozido: feijoada, mão de vaca, coelho à caçador e todas as partes do porco.Tudo o que tiver porco é de homem.

3 - Chegar aos trinta anos e não ter barriga. É maricas !


[2ª EDIÇÃO]

1 - Comer Calippos. As únicas coisas que um homem pode chupar são patas de sapateira e cabeças de pescada.

2 - Ter gatos. Um gato não passa dum cão maricas - A: Tem guizo; B: Toma banho com a própria língua; e C e última: Um gato nunca se embebeda. Ou seja, um homem que tenha um gato em casa está no fundo a viver uma intensa relação homossexual. O dono dum cão chama-o com dignidade masculina: "Savimbi, anda cá!" E assobia: "Aqui já! ". O dono dum gato chama-o "Bsss-bsss-bsss-bsss-bsss, bichaninho".

3 - Não ir à caça porque não há sítio para cagar. Um homem caga quando e onde lhe apetece. Quem nunca experimentou atingir um pato a zagalote com as calças em baixo não sabe o que é ser homem. O que as mulheres não sabem é que a caça é apenas uma grande desculpa para o homem poder ir para o mato marcar território...


[3ª EDIÇÃO]

1 - Ver o correio todos os dias... É maricas ! Um gajo chega a casa depois de oito horas de trabalho, cansado, cheio de fome e qual é a primeira coisa que faz ? Ver se tem cartinhas no correiozinho... ?! Um homem só abre o correio quando lhe cortarem a água, a luz ou o gás. E que homem é que consegue manobrar uma chave do correio...? Aquilo é feito para dedos de mulher.

2 - Pedir bicas pingadas... É maricas ! Ou bicas escaldadas, ou bicas cheias, ou duplas, ou cariocas, ou mesmo italianas... Bica é bica. A única coisa que se pode acrescentar a uma bica é um bagaço ou um rissol. Mas o pior de tudo são os descafeínados: "Ai, tire-me o café do meu café". É maricas !

3 - Deixar que a nossa namorada nos esprema as borbulhas... É totalmente maricas ! As borbulhas de um homem não são para espremer. Um homem é uma máquina auto-suficiente em termos de saúde e higiene. Os homens só vão ao médico e tomam banho porque as mulheres obrigam.


[4ª EDIÇÃO]

1 - Saber o nome de mais de quatro bolos de pastelaria... Um homem que é homem só sabe o nome da bola de Berlim, do bolo de arroz, do pastel de carne e do croissant. Mas só para poder pedir um croissant com panado de carne. Ver um... "homem"... ... entrar numa pastelaria e dizer: "Olhe, embrulhe-me aí dois garibaldis, uma pirâmide, um éclaire...".... Com plantéis de 24 jogadores e 18 equipas na primeira liga, quem é que ainda tem espaço na memória para decorar nomes de bolos?

2 - Pescar com cana... É maricas! Uma coisa é sair para o mar alto às duas da manhã com doze gajos completamente bêbedos para deitar redes ao mar numa traineira chamada "Barba de Goraz"... Outra é ir aos domingos para a Torre de Belém com uma caninha, umas minhocas e um tupperware com água para guardar os peixinhos. O bom da pesca é irem quinze tipos para alto mar e não se saber quantos é que vão voltar.

3 - Alimentar o cão com comida para cão... É maricas! A comida para cão é uma invenção das multinacionais para enganar maricas. Não há comida para cão. Os cães comem o que cai no chão ou o que desenterram. É que depois de comerem aquelas mixórdias, começam a ficar esquisitos. Deixam de beber água da sanita, já não tocam em nada que esteja podre, e começam a deixar os gatos a meio.


[5ª EDIÇÃO]

1 - Ir à Feira do Livro. É maricas! Para quê gastar trinta ou quarenta contos em livros quando se pode ir à Ovibeja e trazer uma ovelha para casa? Ir à feira é acordar bêbedo às sete e meia da manhã, calçar umas galochas, pôr uma broa debaixo braço e ir à Feira da Cebola ou à Fatacil. Ou, aos sábados de manhã, pegar na carrinha e ala para a Feira de Recauchutados e Rações nas traseiras da Siderurgia Nacional. Feira pressupõe porrada e chouriços e bonés. Não é cá livros do dia e gajos de óculos e sessões de autógrafos.

2 - Conduzir com as duas mãos no volante. É maricas! Então se os "cóbois" conseguem laçar um búfalo com uma mão, porque é que um homem há de precisar das duas para agarrar o volante? O último sítio onde um homem precisa de ter as duas mãos é no volante. O volante só serve para duas coisas: desviar ou buzinar. De resto, a mão direita é para andar livre, para poder mexer na coxa que vai ao lado, sintonizar a rádio no relato de futebol e dar calduços nos miúdos.

3 - Passear cães com trela... Os cães é para andarem soltos. Passear um cão é uma actividade de risco. O giro é não saber nunca se o cão vai voltar a casa, esfacelar um polícia ou ser atropelado por um comboio. Trelas é para miúdos e não há mais conversa.

4 - Gostar de Fado de Coimbra. É maricas! O fado é para ser cantado em tascas por tipos que só conhecem sete letras do abecedário e que julgam que tremoços é marisco. E o fado não é cá para falar de amores de estudante. O fado é para contar histórias com velhas, estropiados, pescadores, prostitutas, sarjetas e vinho tinto.

5 - Combinar encontros com homens à porta de cafés, cinemas ou centros comerciais. "Ai vem ter comigo à porta da pastelaria "Mirita"?! Eu não me encontro com um homem à porta de sítio nenhum. Homem que é homem marca encontros é na estrada para Cabanas, no quilómetro dezasseis junto ao cão morto. Mais nada!


[6ª EDIÇÃO]

1 - Dormir com o cão aos pés da cama. Um cão é para ficar no quintal ou fechado na marquise a ladrar a noite inteira. Os únicos mimos que um homem dá a um cão são ossos e soltá-lo no pombal do vizinho.

2 - Usar calçadeira. A calçadeira é a vaselina dos pés! Se um homem tem problemas em enfiar um pé num sapato à força, é claramente maricas. Os sapatos foram feitos para andar com 120 quilos em cima a arrastarem-se pela calçada em cima do que acabámos de vomitar.

3 - Comer com pauzinhos nos restaurantes chineses. A única coisa delicada que um homem é capaz de segurar nas mãos é uma chave de fendas, e para a torcer. Nunca ninguém viu um carregador de pianos ou algum operário de altos-fornos a comer com pauzinhos!

4 - Usar amaciador para o cabelo. Um homem que se preocupa em ficar bonito tem de ser maricas. "Ai, mas é bom porque o cabelo fica mais fofinho..." ?! Um homem que é homem não quer ter nada no corpo que seja fofinho.

5 - Ter uma carrinha familiar. Ter uma carrinha é um anúncio público de que se é casado e de que se tem filhos. Ora, o único homem que pode querer que isso se saiba é o maricas, para despistar os polícias no parque Eduardo VII.

6 - Usar cigarreira... Ai não, é mais higiénico porque os maços apanham humidade e podem contaminar os cigarros com bactérias. "Bactérias?!". Um gajo anda a descarregar quilos de alcatrão para dentro dos pulmões há dez anos está preocupado com animais que só se vêem ao microscópio?

7 - Pedir descontos... "Ai, não me faz uma atençãozinha?" Mas isto é conversa de homem?

8 - Não ser emigrante e falar francês. O francês é a língua oficial dos maricas e a mais mariquinhas do mundo. Nem uma avó a falar com um recém-nascido usa tantos "nhô nhôs" e "bibidus" como um francês.

As infinitas horas passadas em frente de monitores...

Não é novidade para quem me conheceu pessoalmente que grande parte da minha adolescência foi passada em frente a monitores. O que muitas pessoas não sonham é que resultados foram obtidos ao longo desses anos da minha vida.

Olhando para trás e recordando empresas (da "Commodore" à "Visus") e pessoas (que o tempo esqueceu e mas eu não Happy com quem lidei profissionalmente não posso deixar de sorrir. Foram dias bestiais os que passei a trabalhar com outras pessoas, integrado e a liderar equipas. No entanto foi nos anos que passei sozinho em frente ao computador a fazer jogos que mais intensas memórias encontro. Ao contrário do trabalho para empresas, onde todos os meses tinha um salário à espera e companhia nas apostas, nos riscos e nas ambições, quando se estava sozinho, a apostar que o jogo que estava a fazer iria ser popular meses mais tarde se/quando estivesse concluído, é que dava tudo de mim. Toda a gente, algures no processo de fazer seja o que for por sua conta e risco, passa por situações semelhantes. É duro, complicado e esgotante. No final é profundamente gratificante encontrar "obra feita"...

A minha "infância informática" foi passada com o Sinclair ZX81, depois o Sinclair ZX Spectrum e mais tarde o Commodore 64. Da passagem pelas três maquina de 8 bits recordo ter aprendido a programar em Basic e a entender vagamente Assembly. Pelo caminho ficaram mil pequenas obras; de jogos básicos tipo "enforcado" a pequenas placares de pontuações de jogos tipo "King". Que me recorde nada saiu da privacidade das minha cassetes (diskettes de 5¼ no caso do Commodore 64 Happy e impressões térmicas disponíveis na altura. Depois chegou o salto para um Commodore Amiga 500 e respectivo modem (um longshine 2400 bps) e começou o "Rock´n´roll" de lidar com utilizadores do software que escrevia e da BBS que coloquei em linha nessa altura...

A BAT BBS nasceu em 1990 e morreu em 1995. Durante esses 5 anos serviu como ponto de distribuição de software para o Commodore Amiga, local de suporte a todo o software que eu e o Álvaro Pinto (meu co-SysOp) escrevemos e distribuímos pelo mundo, etc. Membro de pleno direito da Fidonet (que era a maior rede mundial amadora de correio electrónico, numa altura em que a Internet estava praticamente restrita ao meio universitário, e que coordenei a nível nacional durante alguns anos), a BBS abrigou perto de 300 utilizadores que a ela recorriam para participarem nos fóruns de debate e obter software para os seus computadores. Ser "SysOp" (i.e. SYStem OPerator) da BAT BBS e o contacto com outros "SysOp" foram experiências inesquecíveis. Foi uma era de pioneiros e descobertas sucessivas; do que se podia fazer "on-line" a nível de jogos multi-utilizador, do que eram comunidades de pessoas separadas milhares de km e unidas pelo correio electrónico, da acessibilidade de software e respectivos autores, etc.

O primeiro jogo que fiz e foi distribuído pelo mundo foi o Total War. O jogo foi feito para o Commodore Amiga em AMOS (um Basic moderno, que representava naquele tempo sensivelmente o mesmo que hoje o Visual Basic, que aproveitava exemplarmente bem o hardware do Amiga). Os gráficos do jogo foram desenhados pelo Francisco Cordeiro. Foi lançado em Shareware em 1992 e programado por mim durante o ano de 1991. O sucesso foi na altura a todos os níveis apreciável e o convite para trabalhar para a Commodore no suporte a programadores do Amiga surgiu uns meses depois... Na edição 33 da Amiga Format (que era a revista de maior tiragem dedicada ao Commodore Amiga), em Abril de 1992, fizeram o "review" do Total War e o que se podia ler era:

" This is one of those great games. The board-game version (Risk) will be familiar to many readers, but the basic idea is this. The playing area is the world, about the time of the Napoleonic Wars. Up to six people can play at once. The game starts with the planet being randomly partitioned, with armies of the occupying player being put on them.

The object of the game is to either conquer a certain number of countries (playing for missions) or the whole world. You get a certain number of reinforcements each turn (more if you own a whole continent or two). You can gain extra arrnies by playing cards - when you conquer one country, you get a card. Trade in three cards for more armies - the number you get depends on the combination.

This version is a straight port over of the board-game, and the computer will play if less than six people are around. lt's quite easy to work out how to play (the mouse is used almost exclusively). Winning is more elusive - you can be on top of the world one minute, only to be vanquished the next.

The game was written with AMOS, by Paulo Laureano. Graphics by Waddingtons (competently copied by Francisco Cordeiro). lf you liked the board-game you will love this one. I know I do. "

Durante perto de 1 ano o Total War esteve anunciado pelas múltiplas casas que distribuíam software Public Domain e Shareware um pouco por todo o mundo. Chegou a milhares de utilizadores e rendeu uns quantos registos de $10 dólares (alguns em cheques de bancos de vários países europeus que nunca consegui levantar Happy, muitas cartas, muitas solicitações para mudar "N" detalhes e acrescentar outros tantos. Foi encorajador para quem só queria provar a ele próprio que conseguia programar um jogo complexo sozinho...

O Total War II (1993) não era mais que o mesmo jogo com as opções que os utilizadores tinham pedido, melhores gráficos, melhor inteligência para os adversários controlados pelo computador, etc. A distribuição não teve nem de perto o mesmo impacto que no primeiro jogo. As causas são simples; nos Estados Unidos da América uma companhia interessou-se pela comercialização do jogo o que obrigou a que a versão lançada na Europa fosse "castrada" de features (i.e. apenas um "demo", por oposição a versão "integral" do Total War v1.9) de forma a afectar o menos possível as vendas do outro lado do Atlântico. Tanto o numero de registos/vendas como o impacto em termos de reconhecimento publico foi bastante menor que no primeiro jogo. O Total War II não só levou ao extremo o conceito de jogo do "risco" com múltiplas variantes como a minha paciência para o jogar e, quando dei por mim, já não achava piada ao jogo que eu próprio escrevia. O resultado foi simples; coloquei um "ponto final" na serie. Só não digo "ponto final paragrafo" porque confesso que tenho alguma vontade de fazer uma versão para PC do Total War e que se tudo correr bem haverá um dia uma, sem qualquer intuito comercial e lançada em Public Domain... até porque tenho algumas saudades de o jogar... Happy

Para BBS´s espalhados pelo mundo escrevi (desta vez em C/C++) mais três jogos e alguns utilitários. Universal Wars, Xenolink Chess e Trial foram os jogos. Escrevi para a Visus BBS (exclusivo) uma door de registo on-line de novos utilizadores, outra de pagamentos de assinaturas através de cartões de crédito, outra de deposito de "bytes" e "tempo" entre chamadas (i.e. havia limites do tempo e bytes que se podiam puxar por chamada e a door permitia acumular ambos entre chamadas Happy e provavelmente mais algumas que já nem me lembro o que faziam... :-/

O Universal Wars (versões para o Commodore Amiga e PC) que teve alguma popularidade a nível global com vendas no Estados Unidos e Austrália a ultrapassarem as Europeias (dado a que achei piada na altura Happy. Entre os "SysOp" que me recordo em Portugal correrem a versão registada do jogo estavam nomes como o Mario Pozzetti (o meu primeiro cliente de jogos on-line!) da Skyship BBS, Jose Peixoto da Quark BBS, Michael Santos da Crocodile Zone BBS, Victor Hugo da Cats, Fausto Carvalho da Midi-thru BBS, Afonso Vicente da Intriga Internacional BBS, etc. O Universal Wars era um jogo de estratégia espacial para múltiplos jogadores (2 no mínimo e 15 no máximo) onde o objectivo era dominar uma galáxia com um numero variável de planetas. Os jogadores controlavam a gestão dos planetas e frotas espaciais, digladiando-se pelo domínio do universo...

O Xenolink Chess (só existia versão para o Commodore Amiga) era um jogo de Xadrez on-line para a Xenolink (nome do software de BBS que eu utilizava). Era freeware e foi distribuido a todos os "SysOp" interessados...

O Trial (no que toca a "jogo on-line" existiu apenas uma versão para PC ) foi escrito em exclusivo para a Visus BBS onde trabalhava na altura (havia fechado a BAT BBS para ser SysOp profissional da maior BBS Portuguesa que era a Visus...) e era um "jogo da bisca" (sim, o jogo de cartas!) em que os utilizadores da BBS competiam pela melhor pontuação em jogos contra o computador. Uma tabela de "resultados" mantinha a competição acesa. A determinada altura a Trial era o terceiro jogo mais popular da Visus, logo a seguir à Death e Esterian Conquest. Mais tarde escrevi uma versão para o Commodore Amiga para a Marlene (the lady of the house Happy jogar; já que a rapariga é "viciada" em jogos de cartas e eu tinha ainda um Commodore Amiga em casa...

Desde que fui trabalhar para a Esoterica que ando a ganhar coragem para programar jogos, para serem jogados na Internet... olhando para o meu passado não é difícil adivinhar o que sucederá um dia! Por lá já escrevi sistemas de alarme que enviam pagers aos técnicos de serviço se alguma maquina ou serviço deixarem de funcionar (i.e. testam maquinas e serviços e enviam relatórios aos técnicos), gateways de e-mail para fax/pagers/SMS e detectores de SPAM... tantas aplicações e nenhum jogo???? Não pode durar...

Marrocos


A viagem decorreu entre 20 de Abril a 5 de Maio de 1997.

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As viagens a Marrocos do tipo turismo-aventura são geralmente sinónimo de travessia do deserto. Poucos são aqueles que se deslocam a este país para explorar também as pistas do Atlas. A travessia do Alto Atlas é tão ou mais emocionante que as pistas do Sahara e a paisagem é igualmente gratificante. Foi com o intuito de realizar essa travessia que um grupo de 9 pessoas, dividido por quatro motos e um veículo todo-o-terreno, partiu de Lisboa numa viagem que durou cerca de 15 dias e mais de 6000 Km de estrada, terra, lama, agua, neve e areia! Das temperaturas baixas nas montanhas do Atlas ao escaldante Sahara, do conforto da Europa ao mundo marroquino. 15 dias de aventura com dois ossos partidos à mistura...



1º dia - O incontornável asfalto: Lisboa-Algeciras (650Km)

O único objectivo do primeiro dia de viagem (20 de Abril) era "galgar" os 650 Km que separam Lisboa e Algeciras... o grupo da expedição estava dividido em três; o patrol seguiu caminho independentemente das motas, uma das XT600 (Pedro Texugo e Sandra Lucas) estava no Algarve e eu (XT350), Alvaro (XT600) e Paulo (Transalp) saímos de Lisboa. Combinamos o encontro entre todos em Espanha...

Logo em pleno Alentejo começaram os problemas para o grupo motard oriundo de Lisboa (eu, Alvaro Pinto e Paulo Marques). No caminho entre Beja e Serpa e dada a escassez de postos de abastecimento de combustível a moto com menor autonomia, a minha Yamaha XT350, ficou sem gasolina. Um dos outros elementos do grupo (o Alvaro na sua XT600) foi obrigado a fazer o percurso até Serpa em busca de combustível. Aí só existem 2 postos de abastecimento e o posto principal estava encerrado por motivo de obras... Tendo chegado ao 2º posto por volta das 13horas e 5 minutos, o empregado recusou-se a encher uma garrafa com gasolina, alegando que a sua hora de almoço era das 13h às 14horas. Isto apesar de lhe termos explicado que uma das motos tinha ficado sem combustível a cerca de 20 Km de Serpa e que tínhamos ainda 500Km para fazer naquele dia. Não nos restou mais do que esperar até o respeitável gasolineiro terminar a refeição para conseguirmos o almejado combustível... começou "bem" a viagem! Sad

O restante percurso até Algeciras fez-se sem problemas de maior, até porque as estradas espanholas são bem melhores que as nossas, principalmente em termos de sinalização. O percurso do Pedro e Sandra, assim como do Patrol decorreu sem incidentes... passámos a noite numa pousada merdosa a 500 metros da estacão do ferry, onde pagamos o equivalente a um hotel de quatro estrelas em Marrocos por quartos horriveis e uma garagem com guarda; a saber que às 6 da madrugada do dia seguinte começava a grande aventura. Happy



2º (21 de Abril) e 3º (22 de Abril) dias: Algeciras-Tanger-Fez-Midelt

No ferry que liga Algeciras a Tânger as motos foram presas por cordas no porão de forma a que não tombassem no caso de o mar estar mais agitado. Subimos à zona de passageiros onde uns comeram qualquer coisa no bar, outros deliciaram-se com os golfinhos que acompanhavam o ferry e eu dormitei alegremente por uma ou duas horas. Acordei com a ondulação que entretanto aumentou. Preocupados com a motas fomos ao porão do ferry e descobrimos que uma das XT600 havia sofrido danos na zona das entradas de ar para arrefecimento do motor. Nada de muito grave mas o suficiente para se fazer o resto da travessia no porão abraçados às motos de forma a evitar mais estragos... Isto com o Pedro (dono da XT600 danificada) demasiado enjoado para pensar muito no assunto (serviu como anestesia Happy. Uma horita mais tarde lá entrámos no porto e nos preparámos para entrar em solo Marroquino...

Logo à entrada de Tânger, fomos confrontados com o caótico trânsito das cidades marroquinas. Aos muitos carros juntam-se inúmeros ciclomotores e ainda algumas carroças. Um inferno para quem acabava de chegar da civilizada Espanha! Ainda por cima um inferno muito húmido porque chovia "a potes"...

Mar01 A primeira refeição em Marrocos. Da esquerda para a direita; eu, Pedro Texugo, João Tiago, Alvaro Pinto, Miguel, Paulo Marques, Sandra Lucas e Sandra... A Raquel estava a tirar a fotografia!












Mar07 O aspecto da "expedição" era este; um Nissan Patrol, uma Honda Transalp, duas Yamaha XT 600 e a minha XT 350.







No segundo dia pernoitámos em Fez. Nesta cidade o resto do grupo (i.e. todos menos eu) recomenda uma visita à Medina que é segundo eles uma das mais interessantes de Marrocos... eu recomendo que evitem as grandes cidades e a porcaria das medinas a todo o custo! Não acho mesmo piadinha nenhuma a cidades do terceiro mundo nem aos chatos que as habitam (e que passam a vida a tentar extorquir dinheiro aos turistas); por mim as cidades servem apenas como locais de descanso onde há hotéis e, felizmente, em muitos casos não precisamos sequer de entrar na cidade. Ao fim do 3º dia, já de noite e sem chuva, antes de chegarmos a Midelt percorremos uma recta de cerca de 40Km ao longo de um planalto. Foi uma experiência inesquecível. A lua cheia permitia apreciar os contornos da paisagem e pela primeira vez na vida vimos um arco íris nocturno(!). Chegar ao hotel (não me lembro do nome mas é a antes da entrada/saida da cidade, dependendo de que lado se está depois das bombas de gasolina para quem esta a sair da cidade), em Midelt, gelados e molhados por dois dias terríveis, foi profundamente agradável e o moral do grupo subiu "em flecha". O hotel era francamente agradavel, muitissimo bem decorado, com uma lareira paradisiaca para viajantes congelados, parabolica onde se apanhava a RTP internacional, um restaurante simpático, jardins vedados adjacentes ao hotel onde se podia deixar as motas e, pelo lado negativo, não tinha toalhas de banho nos quartos e a piscina ainda está em construção depois de dois anos de anuncio da sua disponibilidade à entrada. Happy



Do 4º (23 Abril) ao 8º (27 Abril) dia: Alto Atlas.

Cirque de Jaffar - Boulmalne du Dades. Uma aventura repleta de pedras, trilhos "impossíveis", neve e rios criados pelo degelo...
Partindo de Midelt, uma pequena cidade situada num desértico planalto rodeado de altas montanhas com os cumes cobertos de neve, começámos a nossa travessia do Alto Atlas. A pista inicia-se logo à saída da cidade pelo Cirque de Jaffar. Esta é composta essencialmente por pedras de tamanho médio o que obriga a alguns cuidados na condução. Logo nos primeiros quilómetros um dos motards (Alvaro) teve o azar de furar um pneu (XT600), o qual foi imediatamente reparado com o indispensável spray.

Mais acima aguardavam-nos algumas surpresas. Alguns km à frente a pista encontrava-se coberta de neve e o numero médio de quedas por motard subiu drasticamente. Só foi possível transpor esta parte da pista graças à cooperação de todos. As motas carregadíssimas eram muito mais pesadas do que algum de nós individualmente conseguia levantar pelo que a cada queda era repetido o ritual de todos os motards correrem para ajudar a levantar a mota...

O entusiasmo e as esperanças de concretizar a travessia tinham sofrido um forte abalo. 25Km por dia (distancia percorrida no primeiro dia) era uma média muito abaixo da esperada e a continuar a pista com neve e consequentemente o número de quedas era praticamente inviável chegar às "Gorges du Todra"; o nosso destino do outro lado do Atlas.

Pouco antes de escurecer montámos acampamento rodeados por uma paisagem deslumbrante com os picos cheios de neve como pano de fundo. Um frio tremendo e umas agradáveis horas à fogueira antes de dormir são as recordações que ficaram dessa primeira noite a acampar no meio do Atlas.

No início do 5º dia, e apesar da ausência de neve no trilho, as coisas não melhoraram. A pista estreitou consideravelmente, seguindo junto a um forte precipício. O piso apresentava-se repleto de pedras de todos os tamanhos o que deu azo a alguns sustos e uma ou outra queda. Uma das quedas deixou uma das motos pendurada junto ao precipício. A vontade de desistir da travessia aumentou. A componente de loucura de toda a viagem nunca nos havia parecido tão óbvia!

No fim da zona mais difícil da pista, que não tinha de extensão mais de 1Km e que demorou umas boas 2 horas a percorrer, fomos convidados pelo grupo de berberes a descansar um pouco na sua casa e a tomar um chá de menta. Já descalços e sentados no chão da única divisão da casa saboreámos o magnífico chá acompanhado de pão caseiro embebido em azeite. Um verdadeiro regalo! No fim e como é "tradição" em Marrocos foram-nos pedidos alguns "souvenirs" em troca da hospitabilidade. Lá presenteámos os berberes com alguns dirhams, t-shirts e medicamentos. Nos dias que correm há um berbere com uma camisola da Esoterica e um boné da Visus no meio do Atlas! Happy))

Mar03 Poucos Km depois de Midelt a neve e as pistas repletas de calhaus apareceram e o ritual de levantar as motas do chão em intervalos cada vez mais curtos teve inicio.... e esta era a parte mais fácil...











A partir daí a pista melhorou. Uma estrada de montanha (terra batida com muita lama) excelente comparativamente aos os milhentos calhaus que a antecederam. A meio da tarde chegámos a Tunfit onde foi possível encher os jerricans de gasolina super (dada a ausência de gasolina sem chumbo) e fazer algumas compras.

Optámos por prosseguir, apesar de faltar cerca de uma hora para escurecer, seguindo um road book rabiscado por um simpático guia local. A experiência de viajar de noite foi terrível. Avançámos muito pouco e ficámos muito aquém do local recomendado pelo guia para acampar. O trilho a partir de Tunfit passou a ser junto ou mesmo no leito de rios e riachos. A travessia destes durante a noite revelou-se bastante difícil dado o elevado nível das águas (consequência do degelo). Os riscos corridos nessa noite excederam em muito o planeado para toda a viagem! Lá fomos obrigados a acampar um pouco acima do leito do rio, de forma a evitar qualquer surpresa, o que é sempre possível naquela região em época de degelo.

No terceiro dia o trilho prosseguiu junto ao rio, tendo sido obrigados a atravessá-lo inúmeras vezes, sempre com o coração nas mãos, não fosse o nível das águas demasiado elevado ou o fundo demasiado escorregadio... a corrente era fortíssima e o receio de uma queda dentro de agua era justificado. Sustos não faltaram e o primeiro motard a atravessar cada rio levava o coração nas mãos; os outros observavam prontos a saltar para "o charco" em caso de problemas. Pelo caminho ajudámos a desatascar um enorme camião marroquino que estando atolado na lama nos cortava o caminho e, mais uma vez, acampámos...

No quarto dia seguinte atingimos Imilchil. Trata-se de uma simpática vila onde há alguns pequenos hotéis, cafés e mercearias onde se pode reabastecer. Para quem pretenda aproveitar a viagem para resolver problemas do foro sentimental recomenda-se a visita ao famoso "Marriage market of Aït Haddidou" de Imilchil, que decorre durante o mês de Setembro e que lhe permitirá escolher entre uma das muitas noivas disponíveis. Decidimos não pernoitar em Imilchil, tendo partido em direcção a Agoudal; vila a Sul de Imilchil. Pelo caminho, e já a grande custo devido ao cansaço, montámos mais um acampamento. Felizmente foi o último...

De Agoudal até Boulmalne du Dades, que fica já no sopé das montanhas do Atlas, o percurso, apesar de ser em pista não apresenta grandes dificuldades. Interessante é a zona a partir de Msemrir, e principalmente as Gorges du Dadés, na parte final da travessia. Aí a pista encontra-se encravada numa garganta de altura razoável, ladeada por paredes rochosas, e segue junto a um rio. A opção pelas Gorges du Dadés deveu-se ao facto de a pista aí ser bastante mais fácil do que nas Gorges du Todra (mais a leste). Contudo, estas últimas são, na nossa opinião, bastante mais espectaculares, recomendando-se a opção por essa travessia.

À chegada a Tinherir instalámo-nos no Hotel Tombouctu. Que bem que soube regressar à civilização após vários dias de pistas e de acampamentos. Para os motards foram dias duríssimos a exigir grande esforço físico e grande concentração. A refeição na tenda do pátio interior do Hotel, depois de um bom banho, foi como estar no paraíso!


Do 9º (28 de Abril) ao 11º (30 de Abril) Dia: Do deserto a Marrakesh...

Os restantes dias de viagem foram bastante menos cansativos. Fez-se uma pequena incursão pelo deserto em Merzouga (passeio que se recomenda e que é acessível a qualquer mota de trail) e depois disso imperou o alcatrão.

Em Ouarzazate visitámos ao restaurante Chez Dimitri; um dos poucos sítios onde se pode deliciar com pratos de cozinha internacional. Caro (pagamos 4500$00 por uma refeição, o que equivale a umas 5 refeições a preços marroquinos) mas agradável (segundo o resto do grupo... eu achei uma merda mas fui o único... Happy. Uma excelente piscina no hotel (infelizmente não me lembro do nome mas é na mesma rua que o Chez Dimitri, tem quatro estrelas, uns jardins e piscina bestiais) compensou e serviu para recuperar energias. Ao final do dia partimos para Merzoug (entrada do Sahara) onde chegamos por volta das 22h depois de uma viagem muitíssimo agradável...

Os dias de deserto são o que se espera deles, pistas longas, muito calor e cuidados especiais com a areia fina. Passámos um dia no deserto e seguimos para Marrakesh numa viagem sem grande história numa F*A*B*U*L*O*S*A estrada de montanha onde as cores alaranjadas e o agradável ar quente fizeram as minhas delicias.

Mar06 As pistas do Sahara são entusiasmantes e permitem velocidades relativamente elevadas. Se não fosse o nível de trepidação dar a sensação que as motas estão a largar peças e que não há parafuso que não saia da rosca... Foi o que aconteceu com a minha XT350, que ficou sem um dos parafusos que segura o escape!










O 12º (1 de Maio) e 13º (2 de Maio) Dia: De Marrakesh a Essaouira...

Seguiu-se Marrakesh: uma cidade (asquerosa) a não perder (segundo a opinião dos meus oito companheiros de viagem com que eu discordo) pelo seu exotismo (blearrgh!), e onde é imprescindível (credo! Não é nada impriscindível!) visitar a famosa praça Jama El Fna (horrível), de preferência ao fim da tarde (eu diria que em qualquer outro horário seria preferível pois a essa hora está a abarrotar de gente), bem como o Soukh (mercado tipo "medina asquerosa coberta" de que eles gostaram muito). O ambiente daquela praça é único (felizmente!) com uma infinidade de artistas de rua (que são uma merda mas que os meus companheiros de viagem gostaram de ver), encantadores de serpentes (nada que uma visita ao Jardim Zoológico de Lisboa em hora de alimentação das cobras não suplante), vendedores de água, dentistas (uns indígenas que arrancam dentes aos locais e os empilham na praça para com isso atraírem mais miseráveis), bancas de sumo de laranja (único ponto apreciado por mim) e um movimento simplesmente impressionante (que obviamente detestei)...

No final do dia partimos para Essaouira sete dos elementos do grupo (o Pedro e Sandra Lucas, sozinhos numa XT600, partiram para Lisboa no final do dia) com o objectivo de descansar um dia inteiro e pela primeira vez ficar duas noites seguidas no mesmo hotel (não andamos de mota mais de 24 horas!). Trata-se de uma vila piscatória, com pouco movimento onde é possível adquirir excelente artesanato em madeira. Foi um dia de total relaxamento, banhos de piscina, etc. O hotel em que ficámos foi o "des isles", que era o único com piscina, e se veio a revelar extremamente agradável e relaxante.


14º (3 de Maio) e 16º (5 de Maio) Dia: De Rabat a Lisboa...

Raid Rabat - Lisboa termina com uma queda e muitas dores.
Por volta das 16h do 14º dia arrancámos de Essaouira para Rabat (a capital de Marrocos) onde passámos a noite. Cansados, e fartos de aturar os "esquemas" marroquinos, em Rabat tivemos uns "artistas" à nossa volta de manhã a tentar extorquir mais uns cobres por as motas estarem onde as deixámos no dia anterior, ou seja, à porta do hotel de quatro estrelas... natural em Marrocos, mas que vai sendo progressivamente menos "curioso" e mais "chato" à medida que os dias passam!

A estrada ao longo da costa é boa e grande parte do percurso é feito por auto-estrada... de Rabat (15º dia) a Lisboa (16º dia) foi directo(!) tendo havido pelo meio cerca de 6 horas de pausa (três para passar a alfandega marroquina e outras tantas para a viagem de volta a Espanha de ferry). Chegámos a Espanha por volta das 23 horas e só parámos em Lisboa. A viagem por estradas espanholas foi rápida e decorreu sem incidentes.

Em Portugal, já a cerca de 30 km de Lisboa, tive um acidente e parti o pulso em dois ossos... Foi, decididamente, o período mais desagradável da viagem. Consegui trazer a mota até casa, sempre escoltado pelo Alvaro e Paulo (os dois outros motards visto que o Patrol tinha perdido o contacto com as motas perto de Sevilha), sentindo dores cada vez que tinha de utilizar a mão esquerda para meter mudanças. Depois de um banho, e umas 4 horas de sono, lá fui engessar o braço e comer um valente "bacalhau com natas"!


Considerações...

Apesar de se tratar de uma iniciativa puramente amadora contámos com o apoio dos concessionários Motorway (mota Honda) e Motopeças (motas Yamaha) que nos patrocinaram as peças suplentes para as motas, indispensáveis à aventura. A revista motociclismo patrocinou a viagem permitindo visibilidade aos restantes patrocinadores através da publicação da nossa pequena odisseia no numero de Setembro de 1997.

O que fizemos foi muito giro e arriscado. Dificilmente se resiste a tentação de repetir mas, agora que se conhecem os riscos e dificuldades, não podemos deixar de pensar que tivemos muita sorte. Assumida essa componente de "loucura", e estando disposto a arcar com as potenciais consequências físicas e monetárias, é uma viagem que recomendo vivamente que façam se tiverem oportunidade.

O alentejo profundo

O Alentejo profundo...


Com a XT com apenas 6 meses nas minhas mãos parti para esta viagem de três dias algures no "Alentejo profundo"; para lá do Guadiana sem sair de Portugal. Happy

A ideia era fazer campismo selvagem durante duas noites e passar os dias a passear por estradas secundárias. Participaram na viagem a minha mota e a Renault 4L do Óscar. Na mota fui sempre sem pendura, a 4L levou a Marlene, "Bug" (o nosso cão), um casal amigo (Óscar e Guida) e a filha (Filipa).

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Eu, Bug, Guida, Oscar e Filipa


1º dia - De Lisboa a Barrancos

Partida de Lisboa, passagem por Évora onde almoçámos, Reguengos de Monsaraz e chegada a Barrancos...

Foi um fim de semana prolongado o escolhido para a nossa aventura. Havia bastante transito à saída de Lisboa e na auto-estrada até ao ponto em que se faz o desvio para o Algarve. A partir dessa altura, em que o transito desapareceu da estrada, foi muitíssimo agradável "papar" kilometros na XT a 130/140 km/hora, de t-shirt e luvas de Verão, com um calor extremamente agradável e sem vento.

Depois de "almoçados" em Évora eu e o Oscar dormimos uma bela sesta e as senhoras partiram a descoberta da cidade. Esta é, sem duvida, a melhor forma de passar a hora do calor em pleno Alentejo! Por volta das 4 da tarde partimos para a lindíssima "Reguengos de Monsaraz" à qual se recomenda vivamente uma visita. Ao final do dia, e com o objectivo de jantar por lá, partimos para "Barrancos"... jantamos numa explanada, já de noite, no meio de barrancos. A comida era divinal e a mistura entre Portugueses e Espanhóis tornava difícil distinguir de que lado da fronteira se estava. Eram cerca onze da noite quando partimos a procura de um local para acampar... BIG MISTAKE!

Fazer campismo selvagem implica procurar locais onde não passe muita gente, relativamente escondidos, com um mínimo de condições para se montarem as tendas, etc. Fazer isto à noite não é propriamente simples e a aventura foi memorável.

Logo à saída de "Barrancos" descobrimos uma estrada de terra por onde resolvemos tentar a sorte; não tivemos muita. Eu comi uns quilos de areia levantada pela 4L durante umas horas e o melhor local que encontrámos para acampar estava cheio de mosquitos... descobrimos esse detalhe quando à luz da 4L e isso é "tarde demais". Lá fomos a procura de outro local e encontrámos um... que parecia perfeito exceptuando uma série de "marcas estranhas" no chão.

De manhã acordámos, no meio de umas centenas de vacas, com um simpático pastor que nos disse que a terra onde montámos tendas era dele e que podíamos ficar à vontade por lá, assim como instruções sobre o melhor caminho a seguir para Serpa...


2º dia - De Barrancos ao Pomarão "Serpa", "Pulo do lobo", "Minas de São Domingos" e "Pomarão". Um dia de sonho.

A viagem do local do acampamento ao pequeno almoço em Serpa não tem grande história; estradas agradáveis e paisagens incríveis do nosso belíssimo e abandonado Alentejo. Serpa, com o seu castelo, é uma bonita cidade Alentejana que vale a visita. Depois de um bom pequeno almoço partimos para o "pulo do lobo".

Do "pulo do lobo" até às "Minas de São Domingos" fomos por caminhos de terra batida (a andar assustadoramente depressa) para se descobrir a paisagem "irreal" das "minas de São Domingos".

Bom... o cenário não é de todo fácil de descrever! Lagos vermelhos, uma cor de terra "vermelha acastanhada" e edifícios, pontes e armazéns que parecem tirados de um filme sobre sobreviventes de um holocausto nuclear é o que espera os visitantes das minas abandonadas. Mais radical que os cenários do "Mad Max", este bocadinho do Alentejo é único e vale uma visita, porque ninguém está a espera do cenário com que vão deparar.

Alen06
Honestamente custa a crer que estamos no mesmo planeta e não há paralelo possivel entre este "bocadinho de Alentejo" e todo o resto da viagem. Uns kilometros depois vem a povoação, com o mesmo nome mas radicalmente diferente do cenário das minas abandonadas, com uma agradável paisagem de cores mais "normais"... junto à "barragem da tapada grande" há uma agradável pousada onde se come bastante bem e onde voltaríamos no dia seguinte para almoçar. Depois de uma bica e uns refrescos partimos para o "Pomarão" onde tínhamos planeado passar a noite.

O "Pomarão" é uma vila minúscula, lindíssima, construída na encosta inclinadíssima e imponente montanha mesmo junto ao Guadiana (enorme, em contraste com o que vimos no "pulo do lobo"). Com uma população de umas duas ou três dezenas de pessoas, casas de banho (impecáveis, asseadíssimas e utilizáveis) e locais para lavar roupa e loiça públicos. Um "clube"/"café" local serve as necessidades da povoação, e serviu as nossas, e rapidamente nos indicaram o melhor local para o acampamento.
Ainda de dia montámos as tendas e preparámos o jantar. Deviam ser menos de onze e meia quando nos deitamos. No dia seguinte, depois de tudo arrumado e lavado, por volta da hora do almoço, partimos para a estalagem com restaurante junto à barragem onde havíamos estado na véspera...


3º dia - Do Pomarão a Faro.

Passagem pelas "Minas de São Domingos" para almoçar, sesta em Mértola e viagem para o Algarve por estrada de montanha... sempre junto ao Guadiana com Espanha ali tão perto...

Uma refeição "tipicamente alentejana" para todo o grupo (excepto eu que comi um belo hamburger com batatas fritas... Happy no agradável pátio interior da estalagem, junto à barragem da Tapada Grande, caiu muito bem! A primeira noite de acampamento tinha sido algo "agitada" e a segunda, por contraste, extremamente relaxante e agradável... esta refeição foi o complemento perfeito para uma noite bem passada. Partimos de seguida para Mértola...
De Mértola conheci a Igreja, que é um dos locais mais altos da cidade, onde dormi uma sesta magnifica. O resto do grupo, exceptuando o "Bug" que ficou comigo, foi passear e conhecer a cidade... julgando pelo pouco que eu vi a cidade, a partir do adro da igreja, é muito bonita, localizada numa colina, com o Guadiana a passar mesmo ao lado. Happy

Percorrer o caminho de Mértola ao Algarve, sempre em alcatrão, junto ao Guadiana, era o plano para o final da tarde. O cenário é lindíssimo. A estrada bastante boa e só a pena de abandonar o Alentejo e entrar no "Algarve dos turistas" me deixava menos contente.

O regresso "à civilização" tinha de acontecer infelizmente e a distancia entre a vila do "Pomarão" e o "Algarve dos turistas" é infinitamente maior que a distancia que a XT e a 4L percorreram... Sad


Considerações...

Um passeio de fim de semana prolongado que recomendo vivamente! Para quem tenha umas tendas e as consiga levar na mota, ou como no meu caso tenha um amigo com um "jeep" ou "4L" (ou seja, qualquer coisa que possa andar "fora de estrada"), é um passeio barato (preço da gasolina e da comida!) e muito giro. O "Alentejo profundo" no Verão é magnifico para andar de mota e os Alentejanos são excelentes anfitriões. Cuidado com os horários que as bombas de 24 horas não abundam, nas vilas e aldeias dificilmente se compra alguma coisa depois das 19 horas e os restaurantes (quando se encontram Happy fecham relativamente cedo. Não esquecer que o campismo selvagem é ilegal pelo que se sujeitam a uma multa se forem "apanhados"...