Paulo Laureano Estar vivo é uma condição precária com um péssimo prognóstico...

Dogo


Chegou o Dogo!

É um “dogo argentino”, de três meses, que foi baptizado de “Dogo” pelos donos. É obviamente ainda um bebé, que acabou de sair da ninhada há menos de 24 horas, e chegou à sua nova família.

É tudo novo para o pequeno Dogo. Os cheiros são estranhos, dormir numa casa em vez do canil, habituar-se aos ruídos de electrodomésticos e às estranhas vozes que tagarelam por perto. Segue todos os movimentos, investiga cada som, sem nunca se levantar. Mexer-se é mesmo para ir comer e beber, fazer as suas necessidades e regressar para perto das pessoas que tanto o intrigam.

Os donos esperam pacientemente que ele saía do “choque” da separação e comece a ter o comportamento de um cachorro “ambientado”. Há um longo caminho a percorrer, muita coisa para aprender, mas tudo isso só é possível quando o cão nos conhecer.

O Dogo nasceu no canil do Makuas, em Agosto, onde passou os primeiros três meses de vida a brincar com os pais e irmãos. Diz quem viu que é um cachorro “meio de ninhada”, calmo, observador e o único com a manchinha negra à volta do olho (todos os irmão são totalmente brancos).

A dona recebeu o cão com uma dose de mimo monumental... e nem a timidez natural do cachorro resistiu a reagir à brincadeira.

Para quem estiver interessado em saber um bocadinho mais sobre o Dogo Argentino:

http://www.thebreedsofdogs.com/DOGO_ARGENTINO.htm
http://www.puppydogweb.com/caninebreeds/dogo.htm

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A conhecer o dono…

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3º dia do Dogo na nova casa...

Abocanhar e roer furiosamente o brinquedo (uns tecidos ultra-resistentes) e o osso (daqueles para cães roerem, não faço a minima ideia de que são feitos) fazem os pratos fortes do dia do Dogo! Não os larga.

Mas a história não começa e acaba nos brinquedos. Todos os dias o pequeno Dogo testa os donos, começando a roer coisas que decididamente não são os brinquedos, parando ao primeiro "não" ou "ai ai" que ouve. Happy
Já o apanhámos a arrastar tapetes, tentar levar sapatos, meias, mordiscar plantas, etc. A realidade é que ele vai muito poucas vezes ao "mesmo sitio". E é garantido que está a testar, apalpar o terreno, porque ele sabe muito bem quais são os brinquedos dele.

Entretanto vai cheirando todos os cantinhos da casa e vai ganhando alguma confiança nos donos (mas continua tímido ). Já troca uns miminhos com a dona, mais que comigo, e já está mais à vontade na rua (se bem que o momento preferido de todos os passeios é mesmo chegar a casa).

Falando em passeios, este foi o primeiro dia em que fez mais vezes as suas "necessidades" na rua que em casa. Nós ainda não estamos a ralhar com ele por fazer xixis/cócós em casa, o Dogo faz necessidades sensivelmente cada duas horas (ainda é bebé e os orgão estão a formar-se...). Só dentro de algum tempo é que se aguenta mais de 4 horas (e só nessa altura é que vale a pena ensinar o bichinho a "fazer um esforço por fazer na rua").

Eu estou absolutamente fascinado com o cão. Meio hipnotizado a ver o Dogo a adaptar-se à família...



Dogo conheceu os putos...

Hoje, 7 dias depois de ter chegado cá a casa, o Dogo conheceu dois dos nossos sobrinhos (há muitos mais): Tiago e Tomás. A dona apanhou imagens dele com o Tomás, que é o mais novo, uns minutos depois de ter conhecido o cão.

O Dogo não deve ter achado grande piada a este primeiro encontro. Os putos são barulhentos e agitados, já para não falar da vontade de tocar no cão de alto a baixo. Mas dei com o cão a olhar com curiosidade, várias vezes, a poucos metros. Mas "goste" ou "tolere" é bom que se vá habituando... Happy

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A primeira semana do Dogo em casa dos donos...

Faz hoje uma semana que o Dogo chegou à sua nova casa. Até agora o Dogo já aprendeu dois comandos: o “Não” (quando não pode fazer alguma coisa) e o “ai ai” (quando está a meio de um disparate). Já percebeu que quando faz chichi/cocó fora de casa ganha um biscoito e sabe quem são os donos (ou pelo menos já tem uma vaga ideia).

Já tentou “roubar” objectos (meias, chinelos, uma camisa e o tapete) do quarto (com a dona distraída a ver televisão) com sucesso momentâneo (i.e. não chegou a ter tempo para roer os objectos que roubou). Raramente tenta a mesma asneira mais que uma vez.

O Dogo tem cinco brinquedos: uma bola amarela, de borracha maciça que salta muito e é pesada, uma bola negra com bonecos que “apita”, um osso comestível muito apreciado, uma coisa de borracha que francamente não sei descrever, mas que era o brinquedo preferido do “Bug”, e um pedaço de corda colorido que o Dogo se aplica fervorosamente na nobre e muito subestimada arte de roer. Do Dogo é também uma cama “extra large” para ele dormir quentinho e descansado que o chão do hall é de mármore.

A comida aparece duas vezes por dia (de manhã, quando os donos acordam, e à noite cerca de 3 horas antes de se irem deitar). As horas da comida são determinadas pelos donos e as primeira dentadas (na comida) são dadas na mão pelos donos, só depois entra em cena a tigela... pelo meio às vezes recebe bocadinhos de comida/biscoitos quando faz alguma coisa “positiva” (alternada com muitos “não” e “ai ai” resultantes da exploração que o cão vai fazendo da casa).

O Dogo tem uma segunda família, a da dona Joana (e as duas filhas Sónia e Marta), e de vez em quando vai lá a casa passar umas horas de mimo.

Quanto a passeios o Dogo vai ficando mais atrevido e a assumir os comportamentos que se esperam de um cachorrinho. Já faz umas corridas, de vez em quando, à volta dos donos. Pela primeira vez ouvi o cão a ladrar de excitação. No domingo 31/10/2004 começou a brincar à minha volta, à hora do almoço, e nos passeios da noite já brincou comigo e com a dona. Desnecessário será dizer que fiquei todo contente. A paciência que é necessário ter para esperar pelas mudanças no cachorro é largamente compensada quando elas aparecem. Hoje pela primeira vez, depois das brincadeiras, fui dar uma voltinha maior com o Dogo.

A evolução do cão é constante, lenta, mas notada e apreciada. O Dogo tem 3 meses e uma semana, o equivalente humano a um bebé de dois anitos. Termina a sua infância e entra na adolescência por volta dos 6 meses. A adolescência dura nos “dogo argentino” até cerca dos 18 meses, altura em que o cão é o que será toda a vida. Realizar o máximo do potencial do cachorro é a principal responsabilidade que os donos têm. Principalmente com um cão do tamanho e poder de um “dogo argentino”.

A nossa grande preocupação é de criar um cão educado, obediente, amigável para com outras pessoas, principalmente com as crianças, e se possível tolerante para com outros animais. Algumas características do “dogo argentino” batem certo com os nossos planos, outras são mais complicadas (nomeadamente a sociabilidade com outros cães pode ser eventualmente complicada).

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O meu Dogo é um cão potencialmente perigoso!

Uma tia minha, quando soube que tínhamos um “dogo argentino”, foi investigar e descobriu que a raça figurava na lista de animais potencialmente perigosos de acordo com a legislação nacional.

A minha primeira reacção é de completa naturalidade. Um cão como o “dogo argentino” é certamente um animal com o potencial para ser extremamente perigoso se atacar outro cão ou um ser humano. São cães que pesam mais de 60 kg, com mandíbulas muito poderosas, e uma força impressionante. Foi uma raça criada para caçar javalis e pumas (em matilha) como cães de ataque, o que só pode significar um enorme potencial para ser um animal perigoso.

O que me espantou foi ler a legislação. Segundo a lei os “pastores alemães”, “dobberman”, “serra da estrela”, “Cão de fila de São Miguel”, “rafeiro do Alentejo”, entre outros, por omissão, “não são potencialmente tão perigosos”. Claro que são “potencialmente” perigosos. Porque são cães. Porque são suficientemente poderosos para causar danos terríveis...

Porque é que na lista actual de animais potencialmente perigosos figuram algumas raças e não outras? O que raio andava o legislador a pensar?


As raças que a lei (Portaria 422/2004 emitida em 24/Abril/2004) aponta como sendo “potencialmente perigosas” são o “Cão de fila brasileiro”, “Dogue argentino”, “Pit bull terrier”, “Rottweiller”, “Staffordshire terrier americano”, “Staffordshire bull terrier”, “Tosa inu”. Tanto quanto consigo perceber são todas raças com maxilares particularmente poderosos e cães de médio ou grande porte. Não entendo porque figuram na lista estas raças e não outras semelhantes.

Dito isto, vamos lá às minhas impressões sobre a matéria...


“donos” potencialmente perigosos...

Independentemente das características físicas de um cão, seja um cãozito a pilhas ou um cão de guarda utilizado pela GNR, os cães mordem. Mordem porque foram treinados para o fazer, por medo, porque são agressivos. Todos os cães são “potencialmente perigosos”, sendo que o potencial é obviamente proporcional às características de cada cão (i.e. tamanho, força, temperamento, etc).

O potencial genético dos cães, se conhecido, ajuda a determinar o temperamento “provável” de cada animal. Conhecer os pais do cão é por isso extremamente importante. A raça de um animal ajuda “à priori” a calcular que tipo de aspecto, comportamento e actividade um animal terá.

Os donos e as experiências de vida do animal determinam quanto esse potencial genético se realiza. O cão é a soma desse potencial e do seu convívio com os seres humanos e outros animais. Infelizmente os seres humanos são potencialmente muito mais perigosos que os animais. Porque não os educam, porque não os entendem, porque a maior parte dos donos não deveria nunca ser responsável por um cão (e muitos não o são de todo).

Assim, eu acho que todos os animais, e não apenas os “potencialmente perigosos”, e respectivos donos devem ser identificados (o tal “chip&rdquoWinking e que todos os “donos” devem ser responsáveis por tudo o que se passar com o animal (desde incidentes com outros animais ou pessoas, até às multas por abandono dos animais).


Valor dos seguros e “cães de guarda”.

O seguro “obrigatório”, no caso dos animais “potencialmente perigosos” deveria ser igualmente universal, cabendo às seguradoras cobrar mais ou menos em função da avaliação que fazem da perigosidade do animal.

Um cão que faz provas de sociabilidade ou é treinado tem estatisticamente menos probabilidades de estar envolvido em incidentes? Nesse caso as seguradoras cobram menos. É um cão com 10 kg? O seguro deve ser mais barato que se pesar 60 kg. No entanto um caniche ou um cocker spaniel, podem ferir gravemente outros animais ou pessoas (bebés e crianças certamente que sim), pelo que a responsabilidade dos donos é igualmente elevada.

Os cães andarem presos (com trela) em locais públicos é do mais elementar bom senso, até porque independentemente da efectiva perigosidade do animal há pessoas que sentem medo e ficam incomodadas com animais soltos. Andarem açaimados é um questão de prudência com que eu concordo em determinadas circunstancias (não certamente quando está a proteger a casa ou as pessoas – e foi para isso que comprei um cão de guarda!), mas sim quando pode estar solto em locais onde exista apenas a remota a possibilidade de poder atacar alguém ou outro animal.

A minha esposa foi assaltada duas vezes, à porta de casa. Uma delas com uma arma branca, a outra com um sujeito que a mandou ao chão com o intuito de lhe roubar a mala. No assalto sem arma, por acaso foi nesse, se não fosse provavelmente teria ficado ferido ou morto, eu a partir de casa vi o que se estava a passar... saí de casa a correr e impedi o assalto. Dei um pontapé no assaltante que se colocou em fuga. A função do “Dogo” é impedir que essas “situações limite” sucedam, só por estar à vista, e caso sucedam que seja efectivamente “muito perigoso” e “realize esse potencial”. Se alguém tem uma arma na mão e está a ameaçar a minha família eu tudo farei para a proteger.


Em suma...

A legislação não é má. Pelo contrario é aceitável e com pontos muito positivos. É uma pena não ser mais abrangente. Abrange de facto todos os animais “perigosos” (se um cão atacar outro cão ou pessoa passa a ser considerado “perigoso” perante a lei... assumindo que o incidente é registado) mas, na minha opinião, deveria vincular todos os “cães” e todos os “donos” como sendo “potencialmente perigosos” (principalmente os “donos” que depois abandonam os cães com muito mais frequência do que estes mordem).

A lei peca por excessiva no caso dos cães de companhia que desempenham funções de protecção pessoal (i.e. pessoas que vivem ou circulam em locais perigosos e locais onde o animal ou a pessoa possam ser atacados por outros animais ou pessoas), não prevendo regimes de excepção quando existe um risco que o justifique.

Claro que neste último ponto vou violar a lei em todos os passeios do cão em que as ruas estejam desertas, sempre que ele estiver a cuidar da minha família, etc. Preso por uma trela? Certamente. Açaimado em locais públicos onde o grau de ameaça é nulo ou reduzido (centros comerciais, locais com muita gente à volta)? Certamente. À noite em locais desertos? Não.



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Entre passeios, putos e muita gente...


O Dogo já anda razoavelmente bem de trela. Não puxa, e não se deixa ficar para trás mais que a snifadela ocasional, o que permite algumas gracinhas, como levar o Tomás numa mão e o cão na outra.

O processo de socialização do cachorro prossegue a bom ritmo. Este sábado (ontem) teve direito a ir ver putos a jogar à bola, pessoas a entrar e sair do centro comercial, e a uma visita a casa do Tiago e Tomás. A "cereja no topo do bolo" foi uma saida à noite para um café numa explanada, com direito a cães e muita gente a passar "mesmo ao lado". Happy

O desenvolvimento emocional do cão é agora visível de dia para dia. Em vez de fugir, de tudo e todos, já se chega às pessoas que passam e aceita uma mão para ser cheirada e algumas festas.


O Dogo começa a aprender umas coisas. Já sabe que não é suposto fazer xixi/cocó em casa e que deve esperar pelo passeio na rua, senta-se e vem aos donos quando o chamamos, anda de trela ao ritmo dos donos. Para que a hierarquia na “matilha” seja clara o Dogo sabe algumas regras simples: come quando os donos lhe dão comida, começando as refeições na mão dos donos, é o ultimo a atravessar portas, quando passeia de trela vai para onde os donos querem.

Os treinos do Dogo são feitos exclusivamente por métodos positivos. Quando faz alguma coisa que não gostamos ou é apanhado em flagrante, e nesse caso recebe um “não” ou um “ai ai”, ou é ignorado. Por outro lado quando faz algo que corresponde ao que queremos recebe festinhas, palavras de incentivo e/ou um biscoito. Não há castigos, palmadas, treinos de condicionamento forçado (i.e. obrigar o cão a fazer qualquer coisa). O oposto de bom (i.e. ganhar um biscoito, receber palavras de incentivo e umas festas) é “indiferença” (i.e. não ganha o biscoito, recebe silêncio e nada de festas) e não algo de “mau”.


Demorou um dia a ensinar o “senta”, no dia seguinte acrescentei o “anda”, agora ando entretido a aumentar a velocidade de ambos (i.e. quero que se sente “no momento” e que venha quando chamado “a correr&rdquoWinking. A intensidade das recompensas faz o serviço mas o cão precisa de tempo e repetição para ficar condicionado e responder “sempre” e “com entusiasmo” aos comandos.

O processo de treinar o Dogo é tão mais gratificante quanto maior me parece o prazer que o cão tem a ser treinado. E é absolutamente óbvio que o cão delira com os treinos, vive para as sessões de 5 a 15 minutos que lhe dedico, e está sempre disponível para aprender o próximo comportamento que dá direito a recompensas. Quando eu não o estou a treinar o cão literalmente tenta tirar “todos os coelhos da cartola” e faz habilidade atrás de habilidade a ver se recebe atenção.


John Fisher

Para se perceber como lidar com cães recomendo vivamente os livros e vídeo de John Fisher. Tenho andado pela Internet à procura dos melhores livros dos vários autores e encontrei algumas preciosidades:

“DOGWISE – The natural way to train your dog” (ISBN 0-285-63114-4) – A história do treino de um Pastor Alemão para ser cão de policia utilizando apenas treinos positivos, evitando recorrer aos métodos tradicionais (i.e. “um cão nunca pode desobeder a um comando, não pode sequer suspeitar que pode não fazer o que lhe mandam&rdquoWinking e fazendo com que o cão queira executar as tarefas (i.e. “descobrir como motivar o cão para uma acção, levar o cão a entender que se obedecer é recompensado e se desobedecer isso é menos gratificante para ele&rdquoWinking. Resulta. Resulta maravilhosamente. É mais simples em termos puramente mecânicos, para os donos inexperientes que os métodos tradicionais, puxa sim pela inteligência e perspicácia dos donos para entenderem o cão e o que o motiva.

“TRAINING DOGS – Presented by John Fisher” (DVD) – Um dia passado numa escola de treino de cães (visitada pelo John Fisher) onde se aplicam métodos positivos de treino. É uma oportunidade para se verem vários cães e os seus donos a treinarem. O vídeo não é nada de especial... vale a pena ver, uma ou duas vezes, porque é um bom ponto de partida para os livros sobre os métodos de treino e para se “conhecer” o autor “ao vivo e a cores” (que é absolutamente fascinante na forma como observa os comportamentos de cães).


Outros...

“Dogo Argentino” de Joseph Janish (ISBN 1-902389-25-5) – Excelente livro sobre o Dogo Argentino, cheio de ilustrações e conselhos, e particularmente bem escrito. Papel de alta qualidade, capa dura, e escrito com bom gosto. Ajuda a desmistificar o Dogo Argentino, a entender as características da raça, as suas origens e a leitura é muito rápida e fácil. São 150 páginas de luxo a não perder.

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O Dogo fez a sua primeira visita às Bastidas! Decididamente adorou. Espaço com fartura, outro cão com quem brincar (o Fuas) e o Kiko que lhe deu biscoitos (e festinhas) em quantidades industriais.

A viagem até Rio Maior foi mesmo o mais complicado. O Dogo enjoa e vomita o que tiver no estômago quando anda de carro mais que uns minutos. Mas quarenta minutos mais tarde chega ao paraíso e rapidamente se esquece do suplicio.

Uma casa familiar, cheia de gente, faz imenso barulho e o Dogo lá se foi habituando ao ambiente. De inicio desconfiado, lá ia recebendo ordens de toda a gente, e ganhando biscoitos. Ao fim da noite já alternava entre dormir tranquilamente, descobrir as fontes de calor da casa e observar as pessoas a passar o serão juntas.


Um fim de semana nas Bastidas com 4 meses e meio...

Este fim de semana foi particularmente divertido para o Doguito. Na quinta há três cães residentes, rafeiros, que vivem acorrentados excepto quando o meu primo Francisco os solta para correrem um bocadinho. Um dos cães (conhecido pelo “Leão”, “Zé Manel” ou “Zé Maria”, dependendo de com quem estão a conversar), o mais novo, filhote dos outros dois, é um animal particularmente sociável e simpático...

O Dogo conheceu o “Zé Manel” (versão do meu primo Francisco do nome do cachorro) que eu soltei várias vezes durante o fim de semana. O processo de socialização do Dogo corre muito bem e lá se fez amizade à primeira vista. Os cães correram desalmadamente, com o Dogo a ficar cansado mais depressa, mas sempre a procurar forças para mais um “sprint”.

Na quinta o Dogo já sabe pedir água, colocando-se por baixo de uma torneira, e bebe furiosamente quando o dono chega e a abre.

Pinhas e troncos de arvore fazem de brinquedos, um buraco ou outro complementam a brincadeira de fim de semana e, quando a noite chega, há “restos de Dogo” pronto para uma longa noite de sono.

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Mais uma passagem de ano nas Bastidas. A primeira do Dogo.

Para um cão que dorme entre 12 a 16 horas por dia, com cinco meses e meio, foi algo “violento”. O desgraçado queria estar ao pé dos donos, que festejavam o novo ano noite a dentro, e lá se aguentou “a dormir em pé” até às 6 da manhã.

No dia 1 de Janeiro o Dogo passou umas horas com açaime (pela primeira vez). A ideia é que se vá habituando, desde pequeno, porque pretendo que ele o tenha sempre que no verão houver crianças a brincar na piscina. As crianças brincam aos empurrões, fazem barulhos estranhos, correm de um lado para o outro... e um cão pode querer brincar também, ou proteger um criança do “ataque” de outra criança ou adulto, e o potencial para acidentes é mais elevado que o aceitável. Uma coisa é o cão estar em casa ao serão, com um ambiente calmo, outra é a confusão de um fim de semana na piscina.

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Já tenho 7 meses e meio!

"Nos últimos dois meses cresci. Agora já levanto a pata para fazer chichi, gosto de marcar o meu território, já quero passeios mais longos, de preferência em que possa descobrir outros cães com quem brincar."

É um doce de cão. Sempre com vontade de receber e dar mimos, com bom feitio (principalmente com meninos e outros cães, com adultos é mais desconfiado e dispensa quase sempre festas de estranhos), teimoso "qb" ("é para quele lado que eu quero ir, faço o meu cócó depois de cheirar aquilo"), e que está a dar um gozo bestial aos donos.


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Dogo faz um ano! (16 de Julho 2005)...

Faltam (quando escrevo este texto) quatro dias para o Dogo fazer um ano. O último texto que escrevi sobre o cão foi há quatro meses e meio. Está na altura de actualizar o "blog canino" e publicar novas histórias, fotografias e videos. Happy

O Dogo está a meio da sua adolescência, que dura até aos 18 meses, numa altura em que muda de comportamentos constantemente. Há dias em que é mais brincalhão, outros em que é mais obediente, outros em que faz qualquer coisa nova. Come 30 kg de ração por mês, todos os ossos e petiscos que lhe damos, e deve pesar perto de 50 kg.

Episódios cómicos são muitos em quatro meses. Este fim de semana estava sentado numa cadeira, de plástico das que se utilizam em jardins, com o cão preso a uma das pernas... viu outro cão passar a "resolveu ir ter com ele", a cadeira perdeu uma perna e eu levantei-me no segundo exacto para evitar um monumental trambolhão. O ar de espanto do Dogo, que ficou mais interessado no barulho da cadeira e no meu movimento que no outro cão, foi absolutamente hilariante.

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Eu sei que não posso ir para o sofá...

.. mas... se quando o dono sair da sala (2 minutos para ir buscar um caféWinking eu saltar para lá, e me colocar de patas para o ar, será que ele me manda para o chão?

Ah é? Tenho mesmo de sair daqui?

E se eu fizer olhos de mimo?

Um latido?

Dois?

Bom, valeu a tentativa...

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"A COAT OF WHITE SATIN, BODY OF STEEL, HEART OF GOLD" do titulo foi tirado do "Dogo Argentino Club of America", e é tão verdadeiro... Só tendo um Dogo é que se entende o alcance.
Não tenho palavras para dar crédito à generosidade e dedicação do Dogo aos donos. O nosso doguito dedica-nos todos os segundos em que estamos com ele, está sempre disponível, sempre atento, assume que todos os nossos movimentos são o principio de mais uma sessão de mimo ou brincadeira. Se o meu portátil não está no meu colo, naturalmente o Dogo assume que me falta qualquer coisa... e lá vem ele. Happy
Vai fazer 3 anos dentro de um mês. Já é um cão adulto. Eu estou totalmente rendido à raça... são tão melhores e mais generosos que os seres humanos.


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O Dogo faleceu no dia 6 de Janeiro de 2012. Um dos dias mais tristes da minha vida.

As saudades do meu Doguinho



São um milhão de pequenos pormenores que me assombram. Não o ver quando acordo, pacientemente à espera do passeio da manhã, do pequeno-almoço, das minhas festinhas. Não se levantar sempre que eu mudo de posição. Não o ver ao meu lado em cada ida à cozinha ou à casa de banho. Não o ver a olhar para mim, deitado, à espera que eu fizesse qualquer movimento. O brinquedo preferido dele a cair no meu colo, as orelhas levantadas, os olhos arregalados.

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Nós temos as nossas vidas sociais, os nossos trabalhos, as nossas séries de televisão... o doguinho tinha-me a mim e a dona. Nós éramos tudo. Comia quando estávamos presentes, mesmo que a comida estivesse ao lado dele, era a nós que dedicava toda a atenção. Todos os nossos movimentos podiam dar origem a uma festinha, a coisa mais importante na vida dele, havia sempre a possibilidade de se sentar à nossa frente, levantar as orelhas e arregalar os olhos... porque coisas boas aconteciam quando o fazia, porque era irresistível de charme.

Até das pequenas irritações tenho saudades. Saudade de o ver cheirar a relva minutos a fio quando eu tinha pressa, como se estivesse a descobrir um novo universo de cheiros diferentes da véspera. Saudade das vezes em que não me deixava vestir-me ao meu ritmo, porque sabia que eu o ia levar à rua logo a seguir. Saudade do ar arrependido quando fazia asneiras, mesmo antes de eu dizer alguma coisa. Saudades de quando se metia entre mim e a televisão para reclamar atenção.

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Ah, e tão importante era para ele a sessão diária de me lamber os pés antes de eu me deitar, de beijinhos no pescoço, de esticar o pescoço para me cheirar... A expressão dele a encher-me de mimo, era a altura em que ele sentia me estava a dar as festinhas, a retribuir todas as que lhe tinha dado durante o dia.

Ele gostava de pessoas. Está tão vívido na minha memória, no que acabaria por ser o ultimo fim de semana da sua vida, ele no béltico a brincar com o Vasquinho (bebéWinking e com o Gonçalo, a pedir festinhas ao meu pai sempre que o via. A invasão de miúdos na quinta no primeiro dia do ano.

As pessoas que não o conheciam podiam ter medo dele, por ser tão grande e imponente, mas ele adorava todas as festas... e nunca o vi ter qualquer tipo de relutância em estar com alguém. Até a persistência dos miúdos era aceite com resignação e infinita paciência, mesmo quando ele já só queria um cantinho sossegado. Ninguém nos podia visitar sem o doguinho tentar extrair tanta brincadeira e festinhas quanto possível, sempre a baixar a cabeça e a olhar para o chão quando sentia que tinha começado uma sessão de festinhas, sempre a encostar o corpo contra as pernas das pessoas a torcer-se de mimo.

Adorava outros cães. Fez umas amigas, a Anuk que adorava e com quem passou uns dias em São Pedro, a Pipa a quem ofereceu todos os seus brinquedos quando o Miguel e a Joana a trouxeram cá a casa, a Lara que encontrava esporadicamente nos passeios. Com os cães era mais complicado, por muito que ele se tentasse aproximar normalmente recebia umas ladradelas (o tamanho dele e ser macho não ajudavam), mas ele impreterivelmente latia para eles, abanava o rabo furiosamente, ladrava de volta “para o lado” em vez de ladrar “de frente” para eles.

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O meu cão. Que crédito para a raça (Dogo argentino). Que generosidade, que carácter, que vazio enorme na minha vida fica depois de o perder... e agora? Entrar em casa sem o ver encostado à porta dói. Não o passear de manhã, ao final da tarde e à noite, é horrível.


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Passo a vida a olhar para o lado à procura do meu companheiro, e em vez de o descobrir a olhar para mim vejo os espaços que ele ocupava vazios. Que dor na minha alma... que vazio. Que saudade.

Dogo (2004-2012)


Nasceu em 16 de Julho de 2004 e faleceu no dia 5 de Janeiro 2012. Um “dogo argentino” chamado Dogo. Nunca o esquecerei o amor incondicional que me deu. Não tenho palavras para descrever a tristeza que me vai na alma. Foram oito anos de companhia, ternura, miminhos e devoção a tempo inteiro.

Viveu uma vida marcada pelo estigma do “animal potencialmente perigoso”… tive que explicar vezes sem conta que não fazia mal a uma mosca, que era um gigante de ternurento, que estava habituado a crianças e não havia a mínima hipótese de fazer mal a outro animal.

O meu doguinho lindo. O meu companheiro. Meu amigo. Nunca te esquecerei… Dava tudo para te ter de volta. Obrigado por uma vida dedicada a dar tudo o que tinhas, toda a atenção do mundo, todos os mimos que se podem dar. Não tenho palavras que cheguem para descrever tudo o que sinto. A dor de perder o meu Dogo é um dos piores momentos de que tenho memória. Tantos momentos que recordo com saudade…

Lucas 590

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