Paulo Laureano Estar vivo é uma condição precária com um péssimo prognóstico...

Je suis Charlie

Liberdade que não entendem nem merecem


Para todos "os Charlies" verem com atenção. Assumindo que ainda dizem ser "Charlies" e que já não lhes passou.




A ideia de que a "liberdade de expressão" deve de alguma forma ser "limitada" pela "liberdade religiosa" (podem dizer o que quiserem desde que eu não sinta que estão a ofender os meus deuses ou profetas/anjinhos imaginários) é o disparate a partir do qual estão abertas as portas para uma teocracia. O tópico é complicado porque se repararem na definição da wikipedia - https://en.wikipedia.org/wiki/Freedom_of_speech - a ideia de base é "podem dizer o que pensam mas"… em alguns estados esse direito está limitado a coisas que não ofendam ninguém (que não é liberdade nenhuma, porque a sensibilidade de quem escuta pode ser obviamente mais ou menos apurada, e qualquer coisa é passível de ofender alguém, algures). Algures na nossa sociedade "moderna" e "democrática", passou a ser ilegal dizer algumas barbaridades previamente seleccionadas para si, e coisas completamente idiotas que alguém convencionou que passavam um limite qualquer.

Pessoalmente acho que não, que as pessoas devem poder dizer o que quiserem, e pagar o preço do exercício da sua liberdade (seja em tribunais ou na praça publica), bem como lidar com o resto da sociedade lhes poder responder à letra. Quem não se aguenta "à bomboca" de viver numa sociedade livre, tem imensas menos livres para onde pode imigrar e que são verdadeiros paraísos para quem aprecia "moderadores de liberdades excessivas" (assim de repente o ISIS está a aceitar imigrantes em barda para o seu novo estado islâmico, e lá zelam muito por limitar o que as pessoas podem dizer, e são muito rápidos a julgar e condenar quem diz coisas que não deve, um paraíso da limitação da liberdade de expressão, para quem gosta desse modelo - inclui crucificações, decapitação e fuzilamentos na praça pública, com entrada gratuita, entre outras manifestações de implementação de disciplina para esses libertários que precisam de uma lição).

O problema de cobardes abdicarem de liberdade é não a merecerem de todo. É tudo o que uma religião precisa para impor os seus pressupostos a terceiros, aos não crentes, ou crentes em outro disparate qualquer.

Os liberais, comentadores politicamente correctos, que explicam que estes atentados não são uma questão religiosa, não devem ser identificados como tal, estão a ser intelectualmente desonestos. E francamente isso é tão repugnante como as atrocidades do ISIS, precisamente por ser o motor da "tolerância" que permite que aconteçam. É o assobiar para o lado, e fazer de conta que esse é um problema diferente...

Quando vejo o Papa Francisco a defender que as pessoas se devem "moderar" com o que desenham... Não estejam a ofender as alucinações de alguém, estou ver o outro lado da mesmíssima moeda. Os católicos nos últimos séculos são os "moderados", há uns séculos atrás eram os extremistas.

Tudo em nome da ideia que há uns deuses/profetas/anjinhos/diabos "a sério" e outros "que não existem". E é suposto as pessoas exercerem uma "auto-censura" para não ofenderem os deuses/profetas/ankinhos/diabos "verdadeiros" que outros inventam e adoram.

Há pessoas a ser mortas, por fazerem humor e desenhar bonecos que outras pessoas acreditam ser deuses e profetas, imaginem por uns segundos qyue qualquer personagem de banda desenhada ode ser o deus ou profeta de alguém. Que qualquer político caricaturado pode ser o "querido líder" de um anormal qualquer. E que é suposto respeitar todos os maluquinhos, e que isso se deve sobrepor à vossa liberdade.