Paulo Laureano Estar vivo é uma condição precária com um péssimo prognóstico...

O nosso desgoverno



desgoverno |ê|
(
des- + governo)
s. m.
1. Falta de governo.
2. Mau governo; má administração.
3. Desperdício, esbanjamento.


desgovernar
(
des- + governar)
v. tr.
1. Governar mal.
2. Desperdiçar, malgastar.
v. intr.
3. Não obedecer ao leme; navegar sem governo.
v. pron.
4. Desregrar-se; governar-se mal.


O problema...



Portugal tem um sério problema de “desgoverno”. Vivemos numa sociedade utópica, em que cinco partidos socialistas lutam de quatro em quatro anos pelo poder, conferido por um regime democrático. Todos os partidos defendem a preservação de um estado social, gentil e paternal, que cuida da nossa educação, saúde e segurança. Variam ligeiramente as abordagens, entre os diferentes partidos, mas nenhuma delas é minimamente realista ou pragmática e todos são “defensoras da utopia do estado social”.

Realismo e pragmatismo são necessários para determinar “o que queremos” e (objectivamente) “o que podemos pagar”. Não havendo meios para “pagar tudo o que queremos”, teremos que fazer escolhas. Salvaguardamos o que consideramos mais importante em detrimento do resto. O que não podemos fazer é construir um estado social que não podemos pagar. Isso é uma perversão.

O resultado de quase 40 anos de socialismo descontrolado, pago a crédito, sem qualquer tipo de rigor. É um país falido, com a maior carga fiscal de sempre, em que o estado social não é a organização de “excedentes” para salvaguardar os mais fracos. Aparentemente “o estado social é o objectivo”, a perseguir mesmo que isso implique destruir o tecidos produtivo da sociedade que o sustenta. É um estado social também suicida.

Alguém nos mentiu, criou a ilusão de que somos ricos, e que os problemas são de “eficiência” do estado. Retirar “os excessos de gordura” da máquina foi o grande plano que este governo usou como plataforma eleitoral. Isto é uma visão completamente surrealista do problema. Não é a (óbvia) falta de eficiência do estado que é o problema. É o excesso de ambição na definição de objectivos e o descontrole da despesa. Ninguém com dois dedos de testa espera qualquer tipo de eficiência das organizações estatais. As organizações estatais são corruptas, as pessoas que as gerem escolhidas por políticos, todo o modelo é de profunda ineficiência. A progressão na carreira é baseada no tempo que passa e botas lambidas. Porque raio alguém pode esperar um resultado diferente do que é previsível?

O problema é que as mesmas não vivem com o seu orçamento “limitado ao que os contribuintes pagam”, pelo contrário “criam dividas” em nosso nome, para serem saldados com “impostos futuros”. Este é o único problema real. Esta irresponsabilidade criminosa, em nome de ideais “nobres”, perpetuada pelo mar de corrupção e jogos de interesse da nossa classe política. A corrupção e incapacidade de prestar os serviços de forma eficiente são “fogo de vista”, “areia para o ar”. Ninguém quer saber disso se for barato, ou pelo menos sustentável, até faz as pessoas sentirem-se gratificadas por viverem numa sociedade que cuida dos seus elementos mais fracos. Nunca ninguém fez drama nenhum da “misericórdia” ser um antro de “tias”, a gastar o dinheiro dos outros para ajudar terceiros”, com a ineficiência digna de qualquer policia africana. O problema é quando essa máquina nos destrói, criando dividas impossíveis de pagar, asfixiando a sociedade em vez de a servir.


As falsas soluções (que agravam os problemas antigos e criam alguns novos)



Quem acredita que “retirando gorduras e ineficiência” das máquinas estatais é um projecto possível? Dedo no ar… ok, um dois… vários idiotas. Entendam de uma vez: não podem fazer organizações eficientes se:

- Ninguém pode ser despedido. Não há discriminação negativa para quem não se esforça, ou para quem sabotar o trabalho dos outros, ou para quem pura e simplesmente se está nas tintas. Sem poder trocar os maus funcionários públicos por outros, sem essa ameaça omnipresente, é impossível optimizar seja o que for.

- Ninguém é premiado por trabalhar mais. Não há discriminação positiva, o talento e esforço não são sinónimos de reconhecimento, de uma mais rápida e merecida progressão na carreira, de melhores salários e benefícios.

Qual é o problema? O sistema está moldado para a massa de funcionários públicos ser uniforme, em que as pessoas não são discriminadas, e a discriminação é necessária. Porque os seres humanos não são todos iguais, porque uns trabalham mais que outros, porque uns se encostam mais que outros. Quando a assiduidade é mais importante que o que é produzido, quando as metas são picar o ponto à entrada e saída, quando as avaliações são um processo que se pretende “não discriminatório”, o resultado é visível para todos.

Eu percebo que toda a gente goste da ideia de haver “ensino” gratuito, “saúde” gratuita, “segurança” gratuita, apoios para todos os que estão em dificuldades, etc. Isso todo seria óptimo e realizável se fossemos ricos. O socialismo é óptimo para países com petróleo/diamantes/gás. Em que se a parte necessária da população (ou estrangeiros) o extraírem, o resto das pessoas pode viver das mais valias geradas. Em países pobres o socialismo precisa de ser proporcional à riqueza que a sociedade gera, ou seja, só pode gastar as mais valias geradas em impostos pela população activa. Se geram pouca riqueza temos que ter menos socialismo.

Cortar os salários de forma cega, não discriminatória e transversal a toda a função publica é um disparate de proporções épicas! Precisamos de cortar com os elementos menos produtivos (despedir as pessoas!), atrair novos elementos mais produtivos (contratar pessoas com capacidade e vontade de trabalhar) com melhores salários para os que ficam. É precisamente nesta gestão sem discriminação que está um dos grandes problemas. O que fizeram, ao cortar 1/7 dos rendimentos foi penalizar todos os funcionários públicos, independentemente de quem trabalha muito ou pouco. Pura demência, uma tremenda injustiça, e uma redução em apenas 1/7 dos custos, sem qualquer optimização ou beneficio para a máquina estatal. Era preferível despedir metade das pessoas (ou 1/3, ou 2/3, seja qual for o numero correcto) e aumentar os salários de quem fica, contratar bons gestores no mercado, com contratos a prazo e salários parcialmente dependentes de resultados (não digo “altos”, porque altíssimos já eles são em muitas empresas públicas e de capitais públicos: o erro é não estarem indexados a resultados e níveis de eficiência, são tachos, cemitérios de elefantes brancos políticos, ninhos de lambe botas que nunca geriram uma empresa “real” fora da asa do estado).


As soluções (simples de perceber e implementar)



O problema: Temos uma máquina estatal (de gastar dinheiro) desproporcional, que nos endividou em mais de 100% de toda a riqueza gerada no país por ano (i.e. PIB). Precisamos de pagar essa divida e lidar com o tamanho desse “monstro” consumidor de dinheiro.

A solução é reduzir a máquina estatal à dimensão que podemos pagar (i.e. o nosso orçamento), deixando margem para o pagamento das nossas dividas. Não sei se é 2/3, 1/2 ou 1/3 do tamanho actual. Mas não deve ser difícil fazer a conta de merceeiro e descobrir. Isso implica despedir muita gente (muda-se a lei, não podemos ter leis impraticáveis e insustentáveis, e é para isso que temos organismos legislativos, caso contrário não precisávamos de novas leis), fechar muitos hospitais, escolas, acabar ou baixar muitos subsídios, adequar as nossas despesas em exércitos (onde temos mais generais que os estados unidos, num exercito muito menor!) e policias. Se isto for implementado resolvem o problema de fundo.

O estado não gera riqueza. Apenas a gasta. A solução de atacar “as receitas” (cobrando mais impostos) e baixar com pinças as despesas (ai, não queremos despedir ninguém, nem fechar muita coisa, vamos antes cortar dois salários por ano e em “detalhes” que dão nas vistas) é uma falsa solução. Pior que isso, é uma solução que afasta investidores de Portugal, que fecha empresas, que estrangula quem gera as receitas para o estado gastar. É um completo suicídio, que vai levar Portugal para um filme Grego. E o filme é o mesmo, eles vão é uns capítulos à nossa frente. O resultado do disparate de impostos vai ser haver menos empresas, menos economia, e consequentemente menos impostos cobrados. O estado fica com despesas agravadas exactamente na mesma proporção; subsídios de desemprego, rendimentos mínimos e aumento da criminalidade.

Mudem a legislação laboral para o modelo Inglês ou Americano (nem precisam de inventar nada!).
O que nós temos é uma barbaridade socialista que torna as nossas empresas pouco competitivas e perpetua o desemprego (limitando a rotatividade de quem trabalha). Querem investimento a sério, já, e pleno emprego? Adoptem os modelos chinês, brasileiro ou Indiano. Decidam com querem querem competir. Neste momento o que estão a fazer é destruir a nossa sociedade. E sem ela paradoxalmente o vosso “querido e falido estado social”. Deixem as empresas empregar quem quer trabalhar e despedir quem não quer. Acabem com os subsídios (e respectivos impostos para a segurança social) e vão ver como as pessoas se mexem. Até vou mais longe: DEIXEM AS PESSOAS ESCOLHER! Deixem que as pessoas escolham entre “o vosso querido estado social ultra regulamentado” e o “liberalismo puro”, implementando um duplo sistema (como na china) e vão ver quantas pessoas preferem os empregos inexistentes e regulamentados face à abundância de oportunidades. Convidar as pessoas a emigrar é uma estupidez sem paralelo. Porque é que eu conheço tanta gente a ir para Londres e para os Estados Unidos? Porque lá há menos socialismos estúpidos e mais empregos. Deixem antes que as empresas venham para cá com impostos mais baixos, ampla oferta de mão de obra, e com um duplo sistema em que as pessoas escolham se querem a “vossa protecção” ou trabalhar nos moldes em que acordarem com os respectivos patrões.

E por favor, parem de enganar as pessoas, acabem lá com a ilusão de que somos ricos e só podemos trabalhar X horas por semana em empregos em que se não formos produtivos é… igual. Pode parecer uma “doce e conveniente mentira branca”, mas está a assassinar o nosso país. É insustentável manter 5 partidos com diferentes tonalidades de socialismo, uma constituição que parte do pressuposto que temos petróleo ou diamantes, e uma legislação que premeia a mediocridade.

Quem salvar o país perde as eleições seguintes? Provavelmente. Mas que diferença faz que mudem os porcos da nossa quinta orwelliana? Não consigo descobrir nem políticos honestos capazes de dominar as máquinas partidárias (muito eu gostava de ver o Rui Rio primeiro ministro), nem vejo um povo consciente da barbaridade que foram os últimos 40 anos. Tanta gente estúpida que continua a reclamar os ideais utópicos do refrão da cantiga que lhes deram.